A dupla natureza de Jesus Cristo

O título do presente artigo seria algo como erros filosóficos da relatividade einsteiniana, pois teria como base a leitura do livro A Teoria da Relatividade Especial e Geral, de Albert Einstein, mas antes de começar a escrever o texto, enquanto assistia a um documentário sobre a História do Cristianismo, a expressão “a dupla natureza de Jesus Cristo” foi mencionada e, então, a inspiração para o artigo surgiu, decorrente da expressão “natureza dupla” da realidade física citada no livro.

A Cristologia, o estudo sobre a natureza de Jesus Cristo, está no centro da Teologia Cristã. Após recentes reflexões, considerando os dois primeiros artigos (Para uma nova ciência e Ciência: a luta do cosmos contra o caos) e o mais recente (Religiões jurídicas), depois de ler Teologia Política, de Carl Schmitt, uma questão ficou ainda mais clara para mim, o fato de que a matéria tratada nos artigos é Teologia.

Nesse sentido, a tese que se mostra cada vez mais clara é a de que, como descrito no artigo Trindade: uma heresia, a teoria trinitária, a concepção de trindade, é um grande erro teológico, ainda que tenha sido necessário para o desenvolvimento histórico do Cristianismo. E partir desse pressuposto, a escatologia Cristã majoritária também foi contaminada, seguindo a tese geral de santo Agostinho da existência de dois reinos diferentes, a cidade dos homens e a cidade de Deus, e da alegorização da era messiânica, rejeitando o milenarismo.

No artigo A natureza da Natureza, citei a tese de Louis de Broglie sobre dualidade onda-partícula da “matéria”, e Einstein afirma que, entre os físicos, “predomina a convicção de que a natureza dupla (estrutura corpuscular e estrutura ondulatória), solidamente provada pela experiência, só pode ser alcançada através desse enfraquecimento do conceito de realidade”, ou seja, eles físicos entendem não ser possível “uma teoria física que descreve a realidade física de maneira exaustiva”, segundo uma teoria de campos (Albert Einstein. A Teoria da Relatividade Especial e Geral. Trad. Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999, p. 130).

A conclusão óbvia a que cheguei, decorrente dessas duplas naturezas, é de que não só Jesus Cristo possui duas naturezas, uma humana e outra divina, mas, de certa forma, toda criação é assim constituída, segundo as conclusões da física moderna. Jesus Cristo possui duas naturezas, uma carnal, humana e visível, enquanto outra é espiritual, divina e invisível. Jesus é o homem visível, imanente à criação, e Cristo é o Espírito invisível e transcendente ao corpo, é a manifestação visível da Totalidade invisível, do Logos.

A natureza criada é, assim, dupla, corpuscular e ondulatória, imanente e transcendente. A visão de mundo segundo a física de campos indica que a realidade de tudo transcende os fenômenos locais, pois os campos se estendem infinitamente, pelo que a imanência pode ser entendida como um estado da transcendência. A matéria por nós conhecida é a interferência de campos, transcendentes. Dentre os atributos de Deus está a onipresença, pelo que Deus, ao mesmo tempo, está presente em tudo e transcendente a tudo, como na proposta que se chama panenteísta. A presença de Deus em tudo, e em nós, é narrada pelos próprios apóstolos.

Tudo isto para que procurassem a divindade e, mesmo se às apalpadelas, se esforçassem por encontrá-la, embora não esteja longe de cada um de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e existimos, como alguns dos vossos, aliás, já disseram: ‘Porque somos também de sua raça’. Ora, se nós somos de raça divina, não podemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, à prata, ou à pedra, a uma escultura da arte e engenho humanos” (At 17, 27-29).

Por elas nos foram dadas as preciosas e grandíssimas promessas, a fim de que assim vos tornásseis participantes da natureza divina, depois de vos libertardes da corrupção que prevalece no mundo como resultado da concupiscência” (2Pe 1, 4).

Deus é Espírito, é Razão, é Inteligência, é Consciência, é o Eterno que transcende o provisório.

O humano, como imagem de Deus, possui, além do corpo individual, Espírito, Razão, Inteligência e Consciência; a diferença entre nós e Jesus está no fato de que Nele essas qualidades atingiram o patamar máximo, o nível máximo, o potencial atingiu seu ápice, Nele toda potência humana se tornou ato, a forma alcançou a plenitude, em Corpo e Espírito.

Em termos quânticos, pode-se dizer que existe um campo quântico que permeia todo universo, com informações na forma de energia e ondas, formando campos mais concentrados que chamamos corpos. Jesus Cristo, em sua perfeição humana, estava repleto do Espírito Santo, e por isso sua Razão era plena, tinha Inteligência máxima e Consciência total, reunindo todas as informações, de todos os níveis de realidade, em um todo coerente, pelo que Ele agia cosmicamente, segundo a ordem total do universo, no campo quântico.

Segundo David Bohm, o campo quântico contém informação, que é ativa.

In effect we have in this way introduced a concept that is new in the context of physics – a concept that we shall call active information. The basic idea of active information is that a form having very little energy enters into and directs a much greater energy. The activity of the latter is in this way given a form similar to that of the smaller energy” (David Bohm and Basil J. Hiley. The undivided universe: An ontological interpretation of quantum theory. New York: Routledge, 2005 p. 35). Em tradução livre: “De fato, nós introduzimos assim um conceito que é novo no contexto da física – um conceito que devemos chamar de informação ativa. A ideia básica da informação ativa é que uma forma que tem pouca energia entra e dirige uma energia muito maior. A atividade da última é assim dada uma forma semelhante à da energia menor”.

A informação ativa pode ser levada para o âmbito humano no sentido simbólico, na medida em a psique é movida por energia simbólica, em que uma pequena informação pode despertar movimentos de grande energia. A luz movimenta a planta, o cheiro do alimento, o animal; e a informação luminosa e olfativa conduzem movimentos de energias maiores, da planta e do animal. E porque o homem é um ser simbólico, é movido por informação, muitas vezes aparentemente sutil, de baixa energia.

Informação é energia, o fóton é energia e informação, a luz é energia, e a informação pode alterar e aumentar a qualidade do pensamento e da hermenêutica da realidade. A informação corretamente processada leva à maior compreensão do mundo, em salto quântico intelectual.

Da mesma forma que os elétrons giram em torno do núcleo, em suas órbitas, o pensamento humano também é curvo, gira em torno de centros significantes de interesse da pessoa, que podem se restringir apenas à própria pessoa ou se expandir para o mundo, como ocorre com o filósofo, ou para Deus, no caso do teólogo. Quando o elétron ganha energia de um fóton ele dá um salto quântico, passando a outra órbita, e a informação adquirida também é energia que pode levar o pensamento a um salto quântico, para um nível mais elevado e mais complexo da realidade, se corretamente processada, para o que é necessária atenção aos fenômenos, inclusive aos mais sutis.

O espaço-tempo material, segundo a relatividade, é curvo, em razão da gravidade, e tudo que existe no cosmo possui energia e também curva o espaço-tempo, produzindo ondas gravitacionais, ainda que de pouquíssima energia.

Nessa mesma linha, o interesse de um indivíduo significa pensamento voltado para alguma finalidade, que produz gravidade, atraindo o pensamento e a razão da pessoa para dentro da própria pessoa, servindo a seus interesses pessoais e egoístas. Nós fomos acostumados a pensar como se fôssemos separados de tudo o mais, por efeito da Queda, e por isso nossos pensamentos se processam automaticamente nesse sentido, de forma egoísta. Daí porque a diligência da pessoa, para que não tenha ideia torta, deve ser para elevar seus pensamentos a Deus, para conduzir sua razão ao Logos, à Razão coletiva e total, seguindo o Caminho de Jesus Cristo.

Se até a luz faz curva quando passa por um campo gravitacional, também os pensamentos fazem curva, e quanto mais próximo da pessoa estiver o pensamento, maior a ação da gravidade, mais o argumento curva o raciocínio na direção do seu interesse individual. Portanto, a informação, mesmo simbólica, tem peso psicológico e gravidade real, ainda que praticamente imperceptível atualmente em termos energéticos quantitativamente mensuráveis, mas claramente compreensível na capacidade de alterar o comportamento da pessoa qualitativamente.

Daí a importância fundamental das corretas análise e síntese da informação e do processamento racional da informação, pois o espírito equivocado, o sentido mal interpretado, pode levar a ações com grande poder destrutivo, nos âmbitos individual e coletivo.

Por isso podemos dizer que a relatividade é filosoficamente equivocada, ao desprezar o sentido subjetivo da realidade, o nível mais sutil dos fenômenos. A linguagem matemática da relatividade exclui o infinito, e também exclui o sentido da vida, impede a criação simbólica, pretendendo uma certeza, uma objetividade impessoal, que não existe na realidade.

Einstein defende uma ciência materialista que não pertence à natureza humana, “de tal maneira que o psíquico como tal seja eliminado do encadeamento causal do ser, de modo que ele, por conseguinte, não se manifeste em parte alguma como um elo independente nas ligações causais” (Albert Einstein. A Teoria da Relatividade Especial e Geral. Trad. Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999, p. 117), pois “conceitos provenientes da esfera psicológica, como dor, meta, finalidade etc” pertencem “ao pensamento pré-científico” (Idem, p. 116).

Como o peixe que não percebe que mora no ambiente aquático, Einstein ignora que a própria ciência está inserida em um mundo humano, que é finalístico, pois a prática científica não possui neutralidade intencional, a atividade humana também na ciência possui objetivos, seja a busca de tecnologia que permite o enriquecimento, a dominação do outro ou da natureza, ou a procura do sentido da vida, do Logos. Portanto, a própria ação científica possui uma meta e produz gravidade, ou antigravidade, dependendo dessa meta.

Também não é possível atingir o objetivo de Einstein para “fazer com que os conceitos fundamentais do pensamento científico desçam do olimpo platônico”, livrando “estes conceitos dos tabus que aderiram a eles, de modo a adquirirmos maior liberdade na formação de conceitos” (Idem, p. 117), na medida em que os conceitos fundamentais de mundo moldam a nossa própria compreensão da realidade, e somente há efetiva liberdade na formação de conceitos novos, decorrentes de novos campos do conhecimento, desde que integrados ao todo do saber científico. A alteração dos conceitos fundamentais levaria ao caos social e comunicacional, diante da impossibilidade de se conseguir comunicação sem uma base comum conceitual. Quando o conceito é formado, ele define a própria coisa conceituada, dentro de um contexto e visão de mundo, e sua alteração somente pode ocorrer se a nova realidade, decorrente da nova concepção, possuir coerência lógica, ou Logos, incluindo todos os conceitos existentes. E nem Einstein, e nem mesmo qualquer outro materialista, conseguiu a coerência de mundo que a visão espiritual e religiosa nos fornece. A hipótese de criar bilhões de outros universos (a teoria do multiverso), para descartar o Desenho Divino, de modo que o nosso universo não seja único e tenha coerência, não é razoável, além de ferir a navalha de Ockham.

Existe, outrossim, um Logos, desde o princípio, com sua coerência linguística e de visão de mundo que possibilita a formação de nossos conceitos. O Logos é a Ordem transcendente, que também é imanente, pois presente em todas as coisas, e por isso permite a relação entre os eventos no espaço-tempo, sob a mesma lógica, como na relatividade. E o próprio Einstein, sabendo ou não, trabalhou dentro do Logos, pois somente assim pôde alcançar seus princípios relativísticos, que são de aplicação limitada.

E em relação à limitação da relatividade, é possível dizer que a simultaneidade do agora, que é contestada pela teoria de Einstein, pode ser transferida para a simultaneidade do Logos, do Espírito, que transcende o materialismo, pois o Logos é pressuposto e condição da própria formação da relatividade. O campo do Logos é premissa de inteligibilidade, do qual não se pode sair sem cair na irracionalidade.

O Espírito infinito, o Logos infinito, é pressuposto para a existência da matéria finita, como estado particular daquele campo. A própria ideia de Big Bang, decorrente da relatividade, aponta para a singularidade, para o infinito.

No campo jurídico, do mesmo modo, o Direito, como Logos jurídico, é pressuposto do Estado, este visto como um momento finito, um estado da consciência jurídica, um momento do movimento simbólico coletivo, um estado da informação coletivamente compartilhada.

E por isso Jesus Cristo, em sua dupla natureza, humana e divina, que também se aplica a nós, manifesta no mundo visível o Reino de Deus, comporta-se em corpo segundo o Logos, com a informação quântica máxima, perfeita, conforme a Unidade do universo físico e espiritual, sendo esse o Caminho, o Método, de se chegar a Deus, para que a nossa experiência seja plenamente humana e plenamente divina, para que a Vida tenha sentido, pois o correto conhecimento de Deus, com o respectivo exercício prático da Teologia, torna real e material o Reino de Deus, a expressão visível da Totalidade cósmica, o Logos, atualmente invisível, mas que em algum momento chega à consciência humana, ainda que para isso, em alguns casos, o corpo físico tenha que ser transcendido…

Religiões jurídicas

Vittorio Hölse, no capítulo 6, que trata de Religião, Teologia e Filosofia, do livro God as reason (Deus como razão), faz uma pequena definição dos referidos fenômenos humanos, dizendo que religião se refere ao comprometimento com um poder reconhecido como último critério na definição de conduta de vida de alguém, referindo-se às atividades religiosas e a um culto, e que normalmente as religiões são organizadas como corporações hierárquicas. O mesmo autor afirma que a teologia, ainda que esteja ligada a uma religião, pois não há teologia sem religião, se refere à discussão sobre Deus e os deuses, narrando que teologia é a ciência de Deus. Já filosofia seria a ciência dos princípios do ser e do conhecer que sejam inteiramente baseados na razão.

Já no capítulo 13 (A História Metafísica do Ateísmo), Hösle, citando seu livro Morals and Politics, acertadamente, aduz: “I include religion among the irreducible components of any social system, and then it is unavoidable that both immanentist religions such as Confucianism, as well as worldviews that conceive themselves as antireligious, such as Marxism-Leninism, are designated as ‘religions’” (Vittorio Hösle. God as reason: essays in philosophical theology. Notre Dame, Idiana: University of Notre Dame, 2013, p. 305), o que significa: “Eu incluo a religião entre os componentes irredutíveis de todo sistema social, e por isso é inevitável que tanto as religiões imanentistas, como o Confucionismo, quanto as visões de mundo que se concebem como antirreligiosas, como o Marxismo-Leninismo, são designadas como ‘religiões’”.

Em seguida ele cita palavras de Charles Taylor, em A Secular Age: “All the above shows that the religious dimension is inescapable. Perhaps there is only the choice between good and bad religion” (Idem, p. 305), ou seja, “Tudo o que foi mostrado demonstra que a dimensão religiosa é inescapável. Talvez haja apenas a escolha entre boa e má religião”. Hösle ainda fala que Taylor entende a secularização essencialmente como imanentização ou mesmo descristianização da cristandade.

O brasileiro não terá dificuldade em concordar com Hösle, na medida em que o ditado “religião, política e futebol não se discutem” coloca religião e política no mesmo patamar, uma vez que partem de pressupostos que não são objeto de indagação, pois o próprio nome indica que são pressupostos, são o início de um sistema de ideias, partem de premissas.

E os dias atuais permitem ver claramente a noção religiosa da política, em que as pessoas se dividem entre lados incomunicáveis, de governo e oposição, não só no Brasil, mas no mundo todo.

Dentro de uma visão monista de cosmos, ressalvo que não vejo como separar os fenômenos, pois entendo que filosofia, religião e teologia são aspectos de uma mesma e única realidade, concordando com Aristóteles no sentido de que a filosofia primeira e a teologia têm o mesmo objeto de estudo, Deus, o Ser, Eu Sou, o Eterno.

A correta interpretação do cristianismo, no mesmo sentido, une a religião à teologia e à filosofia. Segundo o apóstolo João, Deus é o Logos e o Logos é Deus, que se manifestou entre os homens em Jesus Cristo, e como Logos é Razão, o cristianismo é a Religião da Razão, pelo que o comportamento segundo a Razão, é o comportamento de acordo com a correta Teologia, conforme a Ciência de Deus, baseada em princípios do ser e do conhecer em consonância com a razão, a Unidade do Ser e do Espírito.

No mundo atual, a razão se divide em duas vertentes políticas e suas religiões jurídicas, o socialismo, de um lado (à esquerda), e o liberalismo ou individualismo, de outro lado (à direita). Mas essas religiões jurídicas são, direta ou indiretamente, amantes do dinheiro, são materialistas, como a esquerda marxista, que nega a existência do Espírito e se preocupa apenas com a divisão ou extinção do capital, o mesmo valendo para o capitalismo individualista, que deixa as pessoas supostamente livres – entregues à própria pobreza, à própria sorte, à escravidão do consumo.

Todas essas religiões são fruto de uma ideia equivocada sobre a essência do cristianismo, sobre a Igreja de Cristo e sobre o Reino de Deus.

Quando o Reino de Deus foi transferido apenas para o além, a realização da justiça entre os homens ficou prejudicada, pelo que Charles Taylor tem certa razão, permitindo que o protestantismo desenvolvesse o individualismo que acarretou o capitalismo selvagem que temos hoje e levando ao surgimento de ideias seculares de justiça, como o marxismo. Qualquer um que se diga Cristão não pode dizer que é, ao mesmo tempo, marxista ou capitalista, uma vez que o Cristão é um repetidor de Cristo, o Espírito encarnado, o que é incompatível com o marxismo, e ama a Deus acima de todas as coisas e ao próximo com a si mesmo, pelo que o dinheiro é um detalhe, e não o centro do mundo.

A religião judaica tinha um culto sacrificial, realizado pelo sacerdote, o mesmo sacerdote era o presidente do tribunal jurídico, o sinédrio, e tanto o judaísmo como o islamismo são religiões jurídicas, o que também vale para o autêntico cristianismo, pois Jesus veio confirmar a Lei e os Profetas, e disso resulta que o Reino de Deus constituído por Ele é o Estado social baseado na dignidade humana, em que o homem é filho de Deus, e a primeira ação estatal é de defesa dos necessitados, para que se sintam efetivamente dignos e filhos de Deus.

O culto Cristão, de outro lado, não mais permite o sacrifício de animais, o culto Cristão é ação santa do Cristão na vida comunitária, é a ação conforme o Espírito, a Razão, o Logos, na medida em que o sacrifício de Jesus na cruz consumou e encerrou o sacrifício animal dos judeus. O culto Cristão é a partilha do pão com os irmãos, que são todos os seres humanos, o que não exclui as obrigações perante a autoridade pública.

Mesmo no antigo testamento os profetas já afirmavam como era o verdadeiro ato de adoração e ação de graças.

Ouvi a palavra de Iahweh, príncipes de Sodoma, prestai atenção à instrução do nosso Deus, povo de Gomorra! Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios?, diz Iahweh. Estou farto de holocaustos de carneiros e da gordura de bezerros cevados; no sangue de touros, de cordeiros e de bodes não tenho prazer. Quando vindes à minha presença quem vos pediu que pisásseis os meus átrios? Basta de trazer-me oferendas vãs: elas são para mim um incenso abominável. Lua nova, sábado e assembleia, não posso suportar iniquidade e solenidade! As vossas luas novas e as vossas festas, a minha alma as detesta: elas são para mim um fardo; estou cansado de carregá-lo. Quando estendeis as vossas mãos, desvio de vós os meus olhos; ainda que multipliqueis a oração não vos ouvirei. As vossas mãos estão cheias de sangue: lavai-vos, purificai-vos! Tirai da minha vista as vossas más ações! Cessai de praticar o mal, aprendei a fazer o bem! Buscai o direito, corrigi o opressor! Fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva! Então, sim, poderemos discutir, diz Iahweh: Mesmo que os vossos pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão alvos como a neve; ainda que sejam vermelhos como carmesim tornar-se-ão como a lã. Se estiverdes dispostos a ouvir, comereis o fruto precioso da terra. Mas se vos recusardes e vos rebelardes, sereis devorados pela espada! Eis o que a boca de Iahweh falou” (Is 1, 10-20).

Não lhe apontamos as duas sendas (a do bem e a do mal)? Mas ele não quer enfrentar a subida. E que sabes tu da subida? É libertar um escravo, É alimentar, num dia de fome, Um órfão aparentado Ou um pobre necessitado. É ser um dos que creem e recomendam aos outros a perseverança e a misericórdia. Esses são os companheiros da direita. E os que negam Nossas revelações são os companheiros da esquerda. O Fogo será um cobertor sobre eles” (Sura 90: 10-20).

A justiça social é inerente ao monoteísmo, que possui a origem do que é o atual direito previdenciário, como se vê acima pela preocupação com o órfão e a viúva. Como o cristianismo também é religião jurídica, o Direito da Razão da humanidade, o Logos, a correta prática cristã em sociedade dispensaria (e dispensará) e tornaria (e tornará) o marxismo absolutamente irrelevante. O próprio Jesus Cristo mandou pagar tributos ao Estado, a César, pois o tributo implicava em segurança para a população, naquele tempo, e, modernamente, também é revertido em benefícios sociais, como educação, saúde e seguridade.

Do mesmo modo, a individualidade alcançada pelas pessoas com o cristianismo não pode permitir o individualismo e o egoísmo que reinam nesse mundo capitalista de amantes do dinheiro e dos prazeres por ele proporcionados, pois homem algum é uma ilha, todos integramos o mesmo Corpo, participamos do mesmo Espírito, somos uma espécie, o ápice da criação, sem distinção de nacionalidades, e toda divisão na humanidade é acidental e arbitrária. O dinheiro deve ser usado e as pessoas amadas, e não o contrário.

Assim, a única divisão real na humanidade é entre a boa religião e a má religião, entre o autêntico cristianismo, encarnação da Razão Humana, que é necessariamente coletiva, a encarnação do Logos, ou a encarnação do Diabo, o culto da separação e do egoísmo, seja individual ou coletivo, como ocorre nos nacionalismos (inclusive no judaico) e nos sectarismos religiosos (inclusive islâmicos). A divisão é Espiritual, entre os que praticam o Direito, e a Justiça, e os que se desviam da Verdade e praticam a iniquidade.

A Religião Jurídica correta, portanto, pressupõe boa fé, que é boa ciência, a qual busca a objetivamente a Verdade, o conhecimento do Único Deus, ou seja, Teologia, com coerência de vida, segundo princípios do ser e do conhecer baseados na razão, conforme a Filosofia, e pressupõe, ainda, boa-fé, boa vontade, prática social honesta interna e externamente, comprometida subjetivamente com a Verdade.

Portanto, somente a adoção do verdadeiro Cristianismo, a Religião Jurídica, necessariamente Justa, que significa o conhecimento do Deus único e a encarnação, em cada um de nós, do seu Espírito na vida prática, com obediência à Lei da Liberdade e à Razão, ao Logos, permanentemente, nos âmbitos privado, familiar, público e profissional, o que é a Teologia e a Filosofia da Vida Cristã, permitirá a salvação de cada um e de todos, levando à concretização do Reino de Deus.

Revolução e evolução

Revolução significa revolver, estando a palavra ligada ao ato de dar voltas, de girar de novo. Pode ter o sentido de transformação profunda, o início de um novo ciclo.

O mundo ainda vive os efeitos do que se chama de revolução copernicana. Até Copérnico, a tradição (científica, filosófica, religiosa e teológica) entendia de forma quase unânime que, como ensinava Aristóteles, a Terra era o centro do universo. Esse era o modelo geocêntrico ou ptolomaico. Apesar de a influência ser grega, o mundo cristão aceitava essa hipótese, pois estava de acordo com a interpretação das sagradas escrituras, na medida em que Deus criou o mundo para a humanidade, e por isso era natural que a Terra estivesse no centro do cosmos.

Copérnico, em 1543, propôs o modelo geocêntrico, dizendo que Sol era o centro do cosmos, alterando o entendimento de mundo que durava quase dois mil anos.

Copérnico não queria uma revolução. Ao contrário, queria tanto retornar aos ideais platônicos e ‘salvar os fenômenos’ que propôs um cosmos baseado em uma estética centrada no círculo como ideal de beleza e simetria” (Marcelo Gleiser. A ilha do conhecimento: os limites da ciência e a busca por sentido. Rio de Janeiro: Record, 2014, p. 62). A missão de Copérnico era “revelar a verdade sobre os céus. Se não toda a verdade, ao menos a fração dela que podemos perceber com nossos sentidos e instrumentos. Essa é uma mudança crucial de postura: a ciência passa a ter como missão um compromisso com a realidade” (Idem, p. 63 – grifos nossos).

Após Copérnico vieram Galileu, Kepler e Newton, consumando a chamada revolução copernicana e rompendo definitivamente com o modelo aristotélico, cujo cosmos possuía duas matérias, uma sublunar ordinária e outra celeste, esta dos mundos etéreos, compostos de uma quinta essência além dos quatro elementos comuns (terra, água, ar e fogo), o éter, perfeito e imutável, além de ser um modelo com verticalismo cósmico, pois no sistema de Aristóteles havia um Primeiro Movedor, a Causa primeira que tudo move sem se mover, sendo imóvel.

Uma primeira conclusão possível é definir ciência como estudo do movimento, de suas causas e de seu sentido. Portanto, correta a postura científica de David Bohm, com base em experimentos, ao definir o fundamento da realidade como o holomovimento, uma totalidade indivisível e inseparável.

Outra conclusão é colocar a revolução copernicana, ao sobrepor a razão à tradição religiosa, como causa mediata da revolução francesa.

A conclusão definitiva, cujos argumentos são inferidos e não serão aqui desenvolvidos, é definir a ação de Jesus Cristo como causa tanto da revolução copernicana quanto da revolução francesa. Jesus Cristo veio estabelecer a Lei do Todo, a Lei de Deus, a autoridade da Razão – razão é base do iluminismo, da essência, em detrimento da aparência, a autoridade do Logos: “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10, 34).

Jesus Cristo, outrossim, provocou a revolução do Logos contra o judaísmo tradicional. Depois, a revolução foi do Logos contra o cristianismo tradicional, pela revelação do Alcorão, contrapondo a essência una de Deus à aparência fenomenológica da trindade e à apostasia de um Estado sem essência religiosa.

As mudanças científicas da idade moderna ocorreram em um universo com a mentalidade religiosa e cristã. A revolução definitiva se dá quando a autoridade da razão, o Logos, sobrepõe-se à razão da autoridade, a parte corrompida da tradição.

E a Razão humana indica uma evolução, palavra de origem latina, que significava a abertura do livro, o pergaminho sendo desenrolado, enrolado para fora. Posteriormente o termo assumiu o sentido de passagem de um processo natural menos avançado para um mais avançado, com ideia de desenvolvimento ou aperfeiçoamento. Assim, evolução também pode ser entendida como transição para algo superior, com sentido mais complexo.

Portanto, a evolução também está relacionada a movimento. Mais uma vez acertada a proposta de David Bohm dizendo que a ordem dobrada para fora, desenrolada, é secundária, na medida em que é a ordem implicada, dobrada para dentro, a que dá unidade e sentido à ordem explicada, pois apenas a ordem implicada contém em si a ordem total.

De outro lado, a palavra evolução também se refere a outro tema com implicações teológicas, pois a evolução das espécies é usada como instrumento de confronto entre algumas propostas científicas e teológicas, notadamente entre os neodarwinistas e os chamados criacionistas.

Ressalte-se que o próprio Darwin não considerava sua teoria incompatível com a criação, pois ele aceitava a ideia de leis naturais, as quais tornam possível a evolução. Para Vittorio Hölse, que afirma ser necessária uma interpretação teleológica da natureza, podemos ver finalismo no mundo como um todo, o que também ocorre na evolução darwiniana. Hösle transcreve as seguintes palavras de Darwin: “When thus reflecting I feel compelled to look to a First Cause having an intelligent mind in some degree analogous to that of man; and I deserve to be called a Theist” (In, Vittorio Hösle. God as reason: essays in philosophical theology. Notre Dame, Idiana: University of Notre Dame, 2013, p. 29). Em tradução livre: “Quando assim refletindo, eu me sinto compelido a procurar por uma Primeira Causa tendo uma mente inteligente, em certo grau análoga à do homem; e eu mereço ser chamado um Teísta”. Contudo, posteriormente, mesmo tendo dito que passou por uma experiência quase religiosa quando esteve nas florestas do Brasil, Darwin não mais se declarou teísta, mas agnóstico (Idem, p. 33). E Hösle ainda ressalta, como antes salientado, que a visão de mundo religiosa é a base da ciência moderna: “There is little doubt nowadays among historians of science that the miracle of modern science was profoudly rooted in a religious vision of the world” (Ibidem), ou seja, “há poucas dúvidas hoje em dia entre os historiadores da ciência de que o milagre da ciência moderna estava profundamente enraizado em uma visão religiosa do mundo”.

Sobre isso, referindo-se a palavras de Asa Gray, Hösle afirma que a disputa (atualmente entre os neodarwinistas ateus e os teístas) não era entre darwinismo e criacionismo, mas entre acaso e desenho. Aduz, Hösle, ainda, que a evolução é compatível com a mente consciente como o desenvolvimento de fins mais complexos: “bringing forth entities that have increasingly complex ends is, so to speak, an end either of nature or of its creator; and the highest end is the generation of a being that can ask the question of what an ultimate end is” (Idem, p. 48), isto é, “produzir entidades que têm fins cada vez mais complexos é, desse modo, um fim da natureza ou de seu criador; e o mais alto fim é a geração de um ser que pode fazer a pergunta sobre o que é um fim supremo”.

A evolução, que, portanto, não é incompatível com a criação divina do cosmos, e na realidade aponta para um Criador, indica que o homem é o ser individual mais complexo do universo, é mais que um mero animal, possui Espírito e capacidade mental, com a possibilidade de perceber o tempo. Mesmo a Bíblia indica uma evolução no conceito de homem, de Adão a Jesus.

Adão, o primeiro homem, tornou-se um ser vivo, mas o último Adão tornou-se espírito que dá a vida. Primeiro, não foi feito o corpo espiritual, mas o animal, e depois o espiritual. O primeiro homem foi tirado da terra e é terrestre; o segundo homem vem do céu. O homem feito da terra foi o modelo dos homens terrestres; o homem do céu é o modelo dos homens celestes. E, assim como trouxemos a imagem do homem terrestre, assim também traremos a imagem do homem celeste” (1Cor 15, 45-49).

O sentimento e o pensamento sobre o tempo são características que apenas o ser humano possui de forma desenvolvida, e isso implica, dentre outras coisas, a consciência de morte, do fim da vida, ou melhor, do fim do tempo do corpo. Biblicamente essa consciência está ligada ao conceito de Queda, quando a violação da Lei divina por Adão, o homem terrestre, o levou à morte.

Contudo, atualmente, a questão da morte pode ser questionada até mesmo pelos conceitos da física moderna, indicando a relatividade do conceito de tempo, e da psicologia junguiana, dizendo que parte da psique transcende o espaço-tempo. Para a física moderna einsteniana existem quatro dimensões espaciais e uma temporal, formando-se o que se chama de espaço-tempo de quatro dimensões. Já a teoria das cordas desenvolve a ideia de outras dimensões espaciais, que podem chegar a dez, além da dimensão temporal.

Analisando essa questão, é possível entender que o tempo também possui dimensões, semelhantemente às dimensões espaciais.

Existem os tempos do “ponto”, da “reta”, do “plano” e da forma ou conteúdo. Como não conseguimos parar o tempo, não há como perceber o tempo do “ponto”, que é uma referência para marcar o início do movimento, o ponto de corte da ação. O tempo do “ponto” é o tempo da luz, que é instantâneo, não tem duração. Quando a luz se desloca de uma estrela há bilhões ou milhões de anos-luz de distância até nossos olhos ou instrumentos, para a luz não houve tempo, ela saiu da estrela e chegou aqui no mesmo instante. Então essa é uma dimensão do tempo.

Mas a luz saiu da estrela e veio a nós, o que significa movimento no espaço-tempo, em um determinado sentido, o que indica a existência de outra dimensão temporal, tanto é que falamos do deslocamento instantâneo da luz e, ao mesmo tempo, da duração desse movimento. Ainda que fisicamente essa diferença possa ser descartada em termos matemáticos pela relatividade, nossa razão, e a própria física quântica, questiona as conclusões da relatividade e seus tempos individuais.

Podemos falar, desse modo, no tempo da “reta” como o tempo que percebemos separando passado e futuro, relativo ao momento do corte. Os tempos individuais correspondem aos movimentos individuais das pessoas, relativos à sua velocidade de deslocamento, nos termos da relatividade.

Além disso, há também um movimento coletivo, do “plano”, que se refere aos movimentos individuais dentro do movimento do espaço em expansão, e o movimento do espaço dá objetividade aos movimentos individuais, por ser uma terceira referência em relação aos movimento individuais.

Finalmente, existe o tempo integral, o tempo do sentido do movimento, que é o tempo oportuno, ou tempo kairológico. Este tempo se liga à consumação de um ciclo, é o tempo do significado. O dia é o tempo de movimento da Terra em torno de si, o ano em volta do sol. A era, ou eon, é o tempo de movimento humano em torno do sentido humano, e é no conceito de era que Jesus Cristo opera, no tempo de humanidade, muito além do tempo do corpo humano.

Voltamos, assim, ao conceito de revolução, o ato de dar volta, de girar de novo, de ciclo.

A revolução copernicana levou ao entendimento de que a Terra não é o centro físico do universo.

Contudo, os instrumentos utilizados pela ciência contemporânea e os dados por eles obtidos, analisados pela razão humana, indicam que o universo não tem centro, ou seja, todo local é o centro do universo. As informações obtidas pela radiação cósmica de fundo, pela medição da energia mais distante de todos os pontos do universo, indicam o ponto mais distante como sendo há 13,8 bilhões de anos, que é a idade estimada do universo.

Existe um horizonte, o ponto mais longínquo de onde a luz pode nos atingir após viajar por 13,8 bilhões de anos, a idade do Universo. Podemos visualizá-lo como uma redoma que nos cerca, como se vivêssemos no centro de uma gigantesca esfera de vidro” (Marcelo Gleiser. A ilha do conhecimento: os limites da ciência e a busca por sentido. Rio de Janeiro: Record, 2014, p. 116 – grifo nosso).

O espaço se expande para todos os lados, e para todos os lados que olhamos encontramos a mesma radiação de fundo indicando a idade citada do universo, sendo perfeitamente razoável, por isso, com base nos dados científicos mais atuais, concluir que o desfecho da revolução copernicana demonstra, ao menos por ora, que a humanidade é o centro do cosmos. O compromisso com a verdade e com a realidade, conforme a ciência, aponta nesse sentido.

E em todo o universo físico conhecido, até o momento, o único ser com condição de verificar esse fato é o homem, que está, assim, no centro do cosmos.

A prova científica, ainda que provisória, demonstra a condição especial da humanidade na criação, como narrado na Bíblia, pois o homem é filho de Deus, criado à imagem e semelhança de Deus. Cada um de nós é imagem de Deus, e o centro de um universo, mas nem todos percebemos esse fato, e isso já está previsto na revolução cristã, em curso.

O homem adâmico percebe o tempo do corpo, mas o cristão percebe o tempo da Vida, o tempo do Espírito, que transcende o corpo.

Pois, assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida. Cada um, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir haverá o fim, quando ele entregar o reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo Principado, toda Autoridade, todo Poder. Pois é preciso que ele reine, até que tenha posto todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído será a Morte, pois ele tudo colocou debaixo dos pés dele. Mas, quando ele disser: ‘Tudo está submetido’, evidentemente excluir-se-á aquele que tudo lhe submeteu. E, quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho se submeterá àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos” (1Cor 15, 22-28).

A revolução cristã, portanto, aponta para evolução do homem em direção a Deus, ao Logos, à Razão, ao Espírito, demonstrando etapas nesse movimento dentro da história humana.

Jesus mostrou o sentido da Vida, e ressuscitou. Nem todos viram Jesus ressuscitado, e a história seguiu seu curso. Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1, 11). Do mesmo modo, em breve, após a primeira batalha escatológica que está em andamento, haverá a primeira ressurreição, que provavelmente também não será presenciada por todos, apesar dos sinais que serão testemunhados pela humanidade, e compreendidos pelos atentos aos tempos, os acordados e sóbrios. Como na ascensão poucos o viram, também assim será na Parusia.

Ele aparecerá a segunda vez, com exclusão do pecado, àqueles que o esperam para lhes dar a salvação” (Hb 9, 28).

Nesse momento começará a era messiânica, outra etapa da revolução cristã, como numa ionização da humanidade em direção ao Espírito, com movimento coletivo ordenado, num plasma espiritual, em favor da Vida, ao contrário do que ocorre hoje, pois haverá submissão dos governos humanos à Lei divina, no autêntico islamismo cristão, que incluirá os judeus, pois o mundo será governado pelos filhos de Abraão: “À tua posteridade darei esta terra, do Rio do Egito até o Grande Rio, o rio Eufrates” (Gn 15, 9). “A ti, e à tua raça depois de ti, darei a terra em que habitas, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o vosso Deus” (Gn 17, 8). “Por tua posteridade serão abençoadas todas as nações da terra, porque tu me obedeceste” (Gn 22, 18).

Jesus Cristo é a posteridade de Abraão pela qual todas as nações são abençoadas, pois Ele consuma teologicamente o projeto monoteísta, Ele consuma a fé em Deus, levando ao conceito de humanidade e dignidade humana, base do Direito atual, que não é respeitado ou é deturpado, mas que será obedecido no Reino de Deus. Desse modo, Jesus fundamenta, ainda, a recente revolução árabe, o Logos contra o projeto político de uma tradição islâmica que também se perdeu e que contraria a essência do Alcorão.

Vi também as vidas daqueles que foram decapitados por causa do Testemunho de Jesus e da Palavra de Deus, e dos que não tinham adorado a Besta, nem sua imagem, e nem recebido a marca sobre a fronte ou na mão eles voltaram à vida e reinaram com Cristo durante mil anos. Os outros mortos, contudo, não voltaram à vida até o término dos mil anos. Esta é a primeira ressurreição” (Ap 20, 4-5).

Os tempos em que vivemos são revolucionários, pois mostram que o único sentido da evolução é para o respeito à Vida, à humanidade, e ao Direito, à Lei, em sua melhor interpretação, por uma necessidade para a sobrevivência da espécie, ainda que Satanás seja novamente libertado no futuro, causando nova onda egoísta, em favor da aparência contra  o Logos, quando, então, ocorrerá o Julgamento Final, no segundo combate escatológico, mas esta já é outra fase da revolução cristã…

Trindade: uma heresia.

A palavra “cristo”, de origem grega, tem a mesma acepção do termo “messias” hebraico, significando “ungido”, a pessoa abençoada, escolhida por Deus para um serviço sagrado, para uma função especial. Moisés ungiu Aarão para ser sacerdote. Samuel ungiu Saul e Davi para serem reis de Israel. E mesmo Ciro, um não judeu, um pagão, foi chamado ungido, ou messias, ou cristo do Senhor (Is 45, 1), pois libertaria os cativos de Israel.

Nesse sentido, Jesus é O Cristo Senhor, o Cristo dos cristos, o que Presenta Deus entre os homens. Toda autoridade vem de Deus, e por isso, como o rei é uma autoridade, assim como o presidente ou primeiro-ministro, Jesus é o Rei dos reis, o Presidente dos presidentes. Juridicamente, Jesus exerce a função de preposto de Deus entre os homens, de procurador Absoluto, encarregado de mostrar o máximo que a carne pode presenciar de Deus, que é Espírito. Quando Jesus, O Cristo Redentor, o Ungido com o Espírito Santo para resgatar, redimir com seu corpo, a humanidade para Deus, ensinou-nos a orar, e em diversas outras passagens do Evangelho, mostrou-nos que existe apenas Um e Verdadeiro Deus, que não é trino e não é uma trindade.

Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes. Portanto, orai desta maneira: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu Nome, venha o teu Reino, seja feita a tua Vontade na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas como também nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos exponhas à tentação mas livra-nos do Maligno. Pois, se perdoardes aos homens os seus delitos, também o vosso Pai celeste vos perdoará; mas se não perdoardes aos homens, o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos” (Mt 6, 8-15).

Estando num certo lugar, orando, ao terminar, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos’. Respondeu-lhes: ‘Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu Nome; venha o teu Reino; o pão nosso cotidiano dá-nos a cada dia; perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação’” (Lc 11, 1-3).

A oração indica que Deus é nosso Pai, e não apenas de Jesus Cristo, e que Deus está nos céus, pois Deus é Espírito. Em sua oração, Jesus demonstra haver um só Deus e Pai de Todos, Criador de Todas as coisas, e também Criador de Jesus Cristo, pelo que, ainda que Jesus Cristo tenha status inigualável na criação, Jesus Cristo é parte da criação, como nós. E mesmo que Jesus, enquanto encarnação do Logos, a primeira criação e modelo por meio do qual tudo foi criado em Unidade, esteja acima de todos nós, Ele está abaixo de Deus. Como Filho de Deus, condição que transmitiu a nós, sabe que Deus está acima de todos e que apenas Deus tem todo o conhecimento, e sua função como Messias, como Ungido é exatamente de nos redimir e nos conduzir ao conhecimento de Deus e a Deus, e à Unidade da criação, à unidade cósmica.

Como nosso condutor e redentor, Jesus é o Caminho, o Método de chegar a Deus, e por mais que Ele tivesse percorrido o caminho e seja o Caminho, Ele não é o destino final, pois o destino final é o próprio Deus, o Pai, e não Jesus. Enquanto encarnação, como humanidade, como Filho, Jesus pode ser o destino, mas como Espírito, o destino é Deus.

Mas, quando ele disser: ‘Tudo está submetido’, evidentemente excluir-se-á aquele que tudo lhe submeteu. E, quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho se submeterá àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos” (1 Cor 15, 27-28).

A trindade é, portanto uma heresia, a maior heresia do cristianismo, que divide o Deus Único, divide a criação e nos separa de Deus levando a uma interpretação equivocada da Realidade. O Pai é o Criador, o Filho é a criatura, que integramos, e o Espírito Santo é a Presença do Criador na criatura, a imanência de Deus na criação. O Espírito Santo é a Razão, a Harmonia que Une a parte ao Todo, mantendo a Unidade do Todo na diversidade criada, que foi recuperada na humanidade por Jesus Cristo. Podem existir razões ou espíritos que ligam partes a unidades maiores, mas apenas o Espírito Santo liga a parte ao Todo, pois é o Todo na parte.

Deus criou juntas todas as coisas, em Unidade, em uma Substância inteligente, o Logos, e essa unidade da criação foi rompida pela humanidade, pela Queda, criando um mundo à sua imagem carnal. A humanidade é a unidade da inteligência criada, mas o materialismo decorrente da Queda, quando a parte quis fazer o papel do todo, levou o homem a perder sua conexão intuitiva com Deus. Nesse ponto, fazendo um paralelo com a ciência moderna, a relatividade é máximo que a racionalidade materialista decorrente da Queda pode alcançar, e não permite atingir ou entender a unidade quântica. A Unidade da criação e cósmica foi recuperada por Jesus Cristo, que encarnou o Espírito Santo, o Logos, que existia desde o princípio, não apenas (re)criando o conceito de humanidade, como unidade de todos os homens, além da materialidade, independentemente de tribos, raças e nações, mas restabelecendo o conceito de criação ligada diretamente ao Criador, unida ao Criador. Se a primeira parte da atividade de Jesus Cristo já foi aceita e incorporada nos direitos humanos, todavia, a interpretação da dignidade humana se tornou equivocadamente materialista; pelo que a parte principal da mensagem e da obra de Jesus Cristo ainda não é aceita pelas autoridades científicas, a realidade não local e onipresente do Espírito, o fato de que o Espírito Santo habita no homem, fazendo dele Tenda do próprio Deus, não apenas Jesus Cristo, mas todo aquele que adora o Pai em Espírito e Verdade, e todos temos esse potencial, bastando que aceitemos Jesus Cristo como Messias.

Seguir Jesus é se submeter à Vontade do Pai, e aceitar que Ele é Bom e nos governa para nossa salvação, em Dia por nós desconhecido, futuro, mas certo.

E comprovando que Jesus não é o próprio Deus, ele disse expressamente que nem ele, como Filho, sabia o Dia do Senhor. “Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas só o Pai” (Mt 24, 36).

O Bom é um só” (Mt 17, 19), Deus, que não é uma trindade. “Jesus respondeu: ‘Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus! Conheces os mandamentos: Não cometas adultério, não mates, não roubes, não levantes falso testemunho; honra teu pai e tua mãe’” (Lc 18, 19-20).

Jesus respondeu: ‘Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus. Tu conheces os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe’” (Mc 10, 18-19).

Somente Deus é Bom, e por isso apenas somos bons quando fazemos Sua Vontade, quando agimos coletivamente, mas a bondade não é nossa, e sim de Deus, o Espírito Bom que age em nós. Como Jesus Cristo cumpriu a vontade do Pai até o fim, e atuou plenamente conforme o Espírito Santo, também pode ser considerado bom, porque já consumou sua obra, porque recuperou nossa humanidade, a unidade da espécie e da criação, do cosmos, estando à direita do Pai. Adão e Jesus foram os únicos criados pelo Espírito, mas Adão não manteve sua perfeição humana. Assim, somente Jesus foi totalmente humano, mantendo sua perfeição humana até a injusta morte de cruz, foi o único que agiu plenamente pela Razão, pelo Logos, e por isso, para nós, do ponto de vista humano, Ele é Deus, pois Deus é o Logos, a Razão, e nada na vida de Jesus violou o Logos. Ainda assim, Jesus é criatura, perfeita, e criadora, mas não o próprio Deus, o Espírito incriado, que é maior que tudo e todos.

Meu Pai, que me deu tudo, é maior que todos e ninguém pode arrebatar da mão do Pai. Eu e o Pai somos um‘. Os judeus, outra vez, apanharam pedras para apedrejá-lo. Jesus, então, lhes disse: ‘Eu vos mostrei inúmeras boas obras, vindo do Pai. Por qual delas quereis lapidar-me?’ Os judeus lhe responderam: ‘Não te lapidamos por causa de uma boa obra, mas por blasfêmia, porque, sendo apenas homem, tu te fazes Deus’. Jesus lhes respondeu: ‘Não está escrito em vossa Lei: Eu disse: Sois deuses? Se ela chama de deuses aqueles aos quais a palavra de Deus foi dirigida — e a Escritura não pode ser anulada — àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo dizeis: ‘Blasfemas!’, porque disse: ‘Sou Filho de Deus!’ Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis em mim; mas, se as faço, mesmo que não acrediteis em mim, crede nas obras, a fim de conhecerdes e conhecerdes sempre mais que o Pai está em mim e eu no Pai’” (Jo 10, 29-38).

Jesus é a parte perfeita é que o Todo manifesto, como no princípio holográfico ou holístico, e não trinitário, e permitiu, com sua morte e ressurreição, que difundiu o Espírito Santo, que nós, como partes, também reflitamos o Todo, permitiu que também sejamos imagem do Deus Perfeito, agindo segundo o Espírito Santo, o Logos, a Razão Plena.

A física moderna informa que é impossível definir os limites internos e materiais da criação, que é uma totalidade indivisível e incomensurável. Do mesmo modo, Jesus Cristo, pela Graça de Deus e pela obediência do Seu Messias, rompeu com o rompimento provocado por Adão entre nosso Espírito e o Espírito de Deus, rompeu com o limite Espiritual entre Criador e criatura, de forma que, em um limite indefinível, nosso Espírito, por meio de Cristo, enquanto Espírito Santo em nós, é o próprio Espírito de Deus, o próprio Deus Pai, agindo em nós.

Antes de Jesus, por causa da Queda, a imagem de Deus em nós estava borrada, nosso Logos estava deturpado, nossa razão não era plenamente racional, tendo a vida de Jesus recuperado o modelo de Deus em nós, pela difusão do Espírito Santo, que pode chegar àqueles que buscam as coisas do alto, o Todo, Deus, segundo Jesus, agindo segundo o Espírito Santo de Deus, a Vontade do Pai, a Própria Razão, o Logos. E Jesus também foi claro ao dizer, contrariando a ideia de trindade ou de Deus triuno, que “o Pai é maior do que eu” (Jo 14, 28).

Irineu de Lião, no seu livro “Contra as heresias”, em que refuta os argumentos gnósticos, já dizia que há Um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos. “Pelas próprias palavras do Senhor é fácil demonstrar que ele admite um só Pai, criador do mundo, modelador do homem, anunciado pela Lei e os profetas; que o Senhor não conhecia nenhum outro e que o Pai é o Deus que está acima de todas as coisas; que mostra e comunica a todos os justos, por meio dele, a filiação adotiva, em relação ao Pai, que é a vida eterna” (Contra as heresias. Trad. Lourenço Costa. São Paulo: Paulus, 1995, p. 150). E em outra passagem, afirma: “O querer transferir este universo aos números o tiraram dos pitagóricos” (Idem, p. 164). Portanto, como já exposto tem “Monoteísmo: A Santíssima Unidade” (https://holonomia.com/2016/12/10/monoteismo-a-santissima-unidade/), fazer do Deus Único uma trindade é uma heresia, que tem origem na incorporação de ideias pitagóricas no cristianismo, contrariando a essência do Monoteísmo.

O conceito trinitário é fenomenológico, decorrente da aparência divina para os homens, pois como o homem não pode contemplar diretamente o Criador, o contato do homem com Deus ocorreu historicamente por meio do Espírito Santo, o Espírito de Deus em nós, ou por meio de Jesus Cristo, a encarnação do Espírito Santo em forma humana visível, Suas manifestações. Deus não pode ser visto diretamente pela carne, por dentro da criação, pelo que o vemos por suas manifestações como Espírito Santo, o fenômeno numinoso na criação em geral, e como Jesus Cristo, a encarnação humana do Espírito Santo. Quando O virmos em Espírito, poderemos contemplar o próprio Deus e também Jesus Cristo, mas não haverá um Espírito Santo distinto de Deus para ser contemplado. Assim, a trindade é uma construção humana, um conceito humano. Contudo, ontoteologicamente, por essência, Deus é Um, o Criador. Ainda que, do interior da criação, somente consigamos enxergar o vértice da criação, o Logos pelo qual tudo foi feito, o Criador é Um só, o Deus Todo-Poderoso, o Altíssimo, que é imanente a tudo criado, e também é transcendente, pois Deus é maior que a criação.

A trindade foi incorporada como dogma cristão no Concílio de Niceia, afastando o cristianismo da Verdade, e daí sua heresia, fazendo com que os cristãos se esquecessem de que são templo do Espírito Santo, relegando Deus apenas à transcendência.

Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e que recebestes de Deus? … e que, portanto, não pertenceis a vós mesmos? Alguém pagou alto preço pelo vosso resgate glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo” (1 Cor 6, 19-20).

Se nosso corpo é templo do Espírito Santo, quando Ele habita em nós, como em Jesus, o Reino de Deus está em nós, pelo que o Reino de Deus é deste mundo, somente não o era do tempo político-jurídico romano.

Com base na heresia trinitária, a escatologia cristã se firmou segundo o entendimento de santo Agostinho dizendo que não haveria o milenarismo descrito no capítulo 20 do Apocalipse, de que não haveria a era messiânica esperada pelos judeus, e assim a escatologia se tornou apenas transcendente. A trindade, nesse sentido, também foi uma forma de separar o cristianismo do judaísmo, negando e ocultando o fato incontroverso de Jesus ser judeu, o Cristo judeu, de Ele ser, antes de tudo, o Messias Judeu. Por influência romana, os cristãos abandonaram uma teologia política esperando a Justiça entre os homens, a realização do Reino de Deus na história humana, pois o Reino de Deus seria apenas espiritual, na cidade de Deus, uma ideia muito conveniente para o império, a cidade dos homens

E como os cristãos não mais esperavam o reino da Justiça aqui, a porta política ficou aberta para ideologias ainda piores que o trinitarismo, permitindo que o marxismo se desenvolvesse…

E ainda hoje, o mundo ocidental, que se diz majoritariamente cristão, continua negando o Evangelho, a Boa Notícia, continua negando a humanidade e o Reino de Deus, continua permitindo o governo tirânico humano, e sofre as consequências desse erro, possibilitando aberrações como a defesa do aborto, de ideologias antinaturais como as de gênero, de guerras pelos mais variados motivos (sempre econômicos) e outras propostas que estão acabando com nossa civilização.

Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10, 42-45).

Por isso, como afirma Paul Washer, o domingo é o maior dia da idolatria, pois as pessoas adoram um Deus que não conhecem (https://www.youtube.com/watch?v=Ji3BbPqwPKY), e muitas pregações são odiosas, porque pregam o dinheiro, a imagem, e não o Evangelho (https://www.youtube.com/watch?v=Uk2m-H0oeUo).

Muitos sacerdotes, como muitos políticos, dominam as pessoas e as tiranizam, usam o privilégio da função sacerdotal, da função pública, em benefício próprio, quando a posição de privilégio é para o serviço.

Jesus é O Cristo Redentor, O Cristo máximo, pois foi o que viveu segundo o Espírito Santo para compartilhar o Espírito Santo com a humanidade, por sua paixão e ressurreição.

Jesus Cristo é O Messias porque cumpriu sua função messiânica, cumpriu seus deveres, cumpriu os mandamentos, serviu a todos com o Poder de Deus, ao invés de servir-se desse Poder, e como toda autoridade, todo poder, vem de Deus, quando os governantes forem cristos, ungidos pelo Espírito Santo, pois cristo é um serviço sagrado, e não uma pessoa, quando as autoridades humanas governarem pelo Espírito, em nome de Deus, do Logos, e não para seus grupos partidários, quando todos formos cristos, Um com O Cristo Senhor e com Deus, quando formos messias seguindo O Messias, estaremos no Reino de Deus.

Direito quântico

Deus está no controle – a natureza é normativa: o novo Direito natural.

A realidade é ordenada, possui ordem, mas parte dos fatos da natureza é aparente, e parte é oculta, ou inconsciente. Nós percebemos a parte aparente com os sentidos externos, e a parte oculta com a razão, com o Espírito, o sentido interno.

Segundo a física quântica, a natureza tem comportamento dual, tem, ao mesmo tempo, características corpuscular e ondulatória, uma conversível na outra segundo a fórmula E=mc². Como o corpúsculo ou matéria está em constante movimento, é energia, sua realidade é dependente do que se chama função de onda, que define a probabilidade de a partícula ou concentração de energia estar em determinado local, pelo que há dependência da matéria em relação à energia de vibração, ou onda.

Nós, e tudo que fazemos, somos integrantes da natureza, e assim não faz sentido falar em ciências da natureza e ciências do espírito, como concluiu a física quântica, havendo correlação ou interação entre mente e matéria, ao contrário do que sustentava o entendimento cartesiano do mundo, pois o Universo é um Todo Orgânico, e Vivo, por isso pode-se falar em orgânica quântica.

Segundo a ciência moderna, portanto, as coisas são, ao mesmo tempo, partículas e ondas. Outra forma de entender é dizer que as partículas são concentrações de ondas, são campos concentrados. A realidade é ondulatória e se manifesta provisoriamente, no tempo de Planck, em partículas que aparecem sem controle material humano.

Após o Big Bang, antes de formação das partículas já havia a energia, já havia o Espírito, pelo que a conclusão mais óbvia do estudo da cosmologia é no sentido de que a consciência antecede a matéria, ou seja, a consciência cria a matéria, e não o contrário. No princípio era o Logos, a energia Inteligente, e depois foi criada a matéria.

Além disso, também segundo a física, observar a partícula implica não ter controle sobre ela, pois a medição leva à perda de informações, seja quanto à velocidade, seja quanto à posição, o que conduz ao chamado princípio da incerteza.

Desse modo, o positivismo científico encerra sua filosofia com o princípio da incerteza, e essa conclusão tem repercussão no Direito, caso este tenha alguma pretensão científica, pelo que não é possível apenas descrever a natureza, pois como o homem está nela presente, a medição altera a própria realidade. A medição é dependente da teoria, da régua ou modelo de mundo que fundamenta a mesma medição, modelo que contém ou pressupõe uma determinada ordem ou organização das coisas, pelo que toda descrição é ordenada, toda descrição contém em si uma prescrição, o que significa que o Ser é o que Deve Ser. Portanto, seja qual for a forma pela qual descrevemos a natureza vemos uma natureza ordenada, uma realidade normativa, segundo o modo pelo qual for realizada a medição.

No âmbito jurídico, o modelo de mundo é moral, sendo a moral a régua usada para a formação normativa, que serve de parâmetro para a criação e para o julgamento jurídico, definindo os comportamentos como corretos ou incorretos, certos ou errados, lícitos ou ilícitos, pecadores ou santos, justos ou injustos. A moral é o Espírito do Direito, e a Lei é apenas a forma oficial da expressão moral, Direito é moral concentrada, é o máximo Ético.

Como nós fazemos parte da natureza, pois nosso corpo externo (ou interno) é formado de partículas, do mesmo modo como ocorre na física quântica, quando estamos aqui, quando fazemos a medição, perdemos parte da informação para onde estamos indo (horizonte: velocidade ou movimento), e quando definimos para onde estamos indo (horizonte ou direção), não sabemos exatamente onde estamos; ou seja, ou olhamos para o chão, ou para o horizonte, e isso fica evidente no atual mundo da velocidade, da instantaneidade. Desse modo, estamos aqui e lá (horizonte), além daqui, ao mesmo tempo, e quando nos percebemos aqui perdemos parte significativa das informações que não estão aqui, o horizonte. Estamos ao mesmo tempo no corpo (aqui) e no Espírito (horizonte), e quando percebemos apenas as sensações do corpo ignoramos informações espirituais relevantes, como a origem e o sentido do movimento, o que significa que o apego ao corpo leva à ignorância, assim como é fruto de ignorância o total desprezo do corpo. Quando olhamos as coisas, estamos aqui, que também é lá, além daqui. E como o aqui sempre desaparece, o fundamento daqui é lá, que se manifesta aqui.

Portanto, fisicamente, cada pessoa medirá a natureza de uma maneira individual e particular, dependendo do seu ponto de vista, da sua perspectiva, mas não poderá ficar presa à sua posição pessoal, aqui, sob pena de alienação da realidade, sob pena de perda do sentido ou horizonte da vida, além daqui.

Desse modo, a correta medição física das coisas é humanamente impossível por meios materiais, em razão do princípio da incerteza, pelo que devemos olhar a matéria a partir da ideia, do Espírito, e o Espírito a partir da matéria, simultaneamente, sendo a ênfase dada ao Espírito, à função de onda que rege a matéria. A matéria nos dá identidade provisória, externa aos sentidos, mas é o Espírito que nos dá Unidade interna, Razão, ou Logos, que é eterna.

Quanto ao Direito, podemos dizer que é moral posta, é sentimento de movimento humano colocado em palavras, em normas. Como o corpo é uma forma, o Direito é uma forma. A Lei é uma partícula moral. E como há forma ideal, de máxima perfeição estética e funcional, também há Direito ideal, com máxima perfeição estética e funcional, para realização da Justiça, que é sempre Social, como já dizia Aristóteles, pois a justiça é a virtude para o outro. Portanto, como na fórmula Radbruch, direito imoral, ou injusto, Direito não é. O Direito atual, fundado na dignidade humana, com o Espírito cristão, a interpretação cristã, permite realizar o Reino de Deus, a Justiça.

Assim como a partícula vista é a onda não vista, o Direito visto é a moral não vista, e a prisão às palavras, à letra da lei, ao formalismo vazio, leva à perda de seu sentido, de sua substância. Do mesmo modo como a partícula deixará de estar, voltando a onda, o mesmo ocorre com o direito, que deixará de estar, voltando a moral, a razão moral. O que está presente no Direito é o que não está presente, isto é, a moral, que é o fundamento do Direito, enquanto Logos, Unidade de sentido da Vida. É o Espírito que julga o corpo, e não o contrário. “Assim a Lei se tornou nosso pedagogo até Cristo” (Gl 3, 24), pois a função da Lei é nos mostrar Cristo, o Logos ou Moral Universal, a Vida, “pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28), como comprovou a orgânica quântica, e “se vos deixais guiar pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl 5, 18).

Mas, como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam”. “O homem psíquico não aceita o que vem do Espírito de Deus. É loucura para ele; não pode compreender, pois isso deve ser julgado espiritualmente. O homem espiritual, ao contrário, julga a respeito de tudo e por ninguém é julgado” (1Co 2, 9; 14-15).

O Espírito é Um Só, uma Razão, um Logos, que permite a compreensão. Portanto, na hermenêutica, a fusão de horizontes antecede a interpretação, ainda que a fusão somente seja percebida a posteriori. Primeiro é definido o horizonte comum, o paradigma da realidade, o potencial quântico, o modelo moral de mundo, o Logos, para, então, ser definida a posição dos interlocutores. Sem a prévia fusão de horizontes não há comunicação, e esse é um dos motivos pelos quais é rara a efetiva comunicação no mundo contemporâneo, na medida em que paradigmas inconciliáveis não permitem que seus horizontes sejam fundidos. Ondas com frequências diversas têm maior dificuldade para interagir.

Sem definição do que é universal, da razão, do Logos, não é possível comunicação, pois haverá apenas modos ou razões particulares independentes de uma ordem comum, alheias a uma razão partilhável.

Portanto, pode-se dizer que estava com razão Protágoras, dizendo que “o homem é a medida de todas as coisas”. Primeiro define-se quem é o homem, e depois ocorre a medição. E existem dois paradigmas inconciliáveis sobre a natureza humana, para o cristianismo, o que foi comprovado pela física quântica, o homem é Deus, filho de Deus, é um campo eterno que tem origem cognoscível na Criação, no chamado Big Bang, e se estende pela eternidade, estando manifestado neste corpo provisório, nesta partícula momentânea; enquanto, de outro lado, para o materialismo, que não mais tem sustentação física ou filosófica, o homem seria apenas a partícula.

E esses argumentos aplicados ao mundo jurídico levam à prioridade da Ética. Primeiro ocorre a decisão moral, depois a fundamentação jurídica. Primeiro a origem e o sentido geral do movimento, depois a trajetória particular dos envolvidos, dentro do quadro traçado.

No processo jurídico ou judicial, o autor define o movimento em sua visão de mundo, com uma função de onda jurídica, enquanto o réu traz a sua função de onda ou narrativa potencial da realidade com a defesa. O julgamento colapsa provisoriamente a função de onda, ou seja, estabelece as posições das partes segundo a narrativa do juiz, segundo o modelo normativo compreendido por este, o paradigma moral oficial do mundo. O julgamento realizado, como a observação na física quântica, produz efeitos retroativos até o momento inicial narrado pelas partes do processo, o julgamento dita o caminho pretérito da partícula até aquele momento. O julgamento somente será definitivo, com o colapso da função de onda, se estiver de acordo com o potencial quântico, a realidade do holomovimento, que transcende a capacidade material de percepção, pois ligado à energia infinita do cosmos, ao Espírito Absoluto, a Deus.

Destarte, como a Natureza é em si ordenada, caso contrário não haveria ciência, existe uma realidade moral, e esta prevalecerá, de um jeito ou de outro, impondo-se como paradigma definitivo, ainda que em tempo que transcende a nossa atual percepção corporal momentânea.

A pedra rejeitada pelo construtor é a pedra fundamental. A ciência rejeitou o espírito, o oculto, que é fundamental. A psicologia rejeitou o inconsciente coletivo. A física rejeitou a onda piloto e a realidade. O positivismo jurídico rejeitou a moral e a religião, que são fundamentais.

Outrossim, o novo paradigma científico é necessariamente religioso.

O juiz julga moralmente, isto é, o que está presente no julgamento é o que está ausente, o que está em jogo não é a forma em si, mas o seu conteúdo, a moral. O argumento jurídico é expressão de um julgamento moral, pois o Direito é moral posta, o Direito é moral concentrada.

Enquanto a humanidade insistir em resistir à Ordem da Natureza, em resistir aos mandamentos divinos, em continuar em seu caminho tortuoso, não entenderá a Realidade em sua Perfeição, sua Totalidade, sua Retidão e sua Justiça, a Majestade de Deus.

Eu vou proclamar o nome de Iahweh; quanto a vós, engrandecei o nosso Deus! Ele é a Rocha, e sua obra é perfeita, pois toda a sua conduta é o Direito. É Deus verdadeiro e sem injustiça, ele é a Justiça, e a Retidão” (Dt 32, 3-4).

Portanto, o importante é controlar a moral do juiz, a moral do Direito, para evitar que fiquemos como os bons alemães durante o nazismo, porque sempre poderá ocorrer a correção da moral do juiz pela da própria Realidade, que sempre se impõe, e quem respeitou a apenas a forma da lei durante o nazismo foi considerado violador da Lei. O Ser é o que Deve Ser.

Na física, a partícula é materialmente incontrolável, sujeitando-se à incerteza. O Direito, porque relativo a fatos em mutação, também é incontrolável. Assim como o foco está na função de onda, o foco jurídico está na moral, transcendente e imanente à norma. Por isso, como não há propriamente segurança jurídica, pode haver apenas confiança no juiz, pelo que o importante é o caráter moral do julgador e suas qualidades pessoais, pois dão segurança ao jurisdicionado, ao saber que o juiz estará de boa-fé, buscando a boa fé, mesmo se errar. Nesse ponto, a qualidade do mensageiro pode alterar a qualidade da mensagem.

O que guia a partícula, como sustenta David Bohm, é a onda piloto, o potencial quântico; o que controla a matéria é o Espírito, a energia; e o que conduz a humanidade, enquanto ser coletivo, é o Espírito Santo. Do mesmo modo, o que guia o Direito é a Moral, a Justiça potencial, o Logos, o Cristo.

A ideia da onda piloto, contrária à interpretação tradicional de Copenhague, pode ser entendida no seguinte vídeo, que dá uma boa mostra sobre o funcionamento da física quântica segundo David Bohm, que adotou a linha inicial adotada por Louis de Broglie https://www.youtube.com/watch?v=WIyTZDHuarQ. E todas as ondas individuais têm a mesma origem, o Logos, ou Deus, que mantém da unidade cósmica, pelo Espírito Santo.

A parte aparente do Direito é a Lei, e a parte oculta seu Espírito, sua Razão, e é esta que guia a interpretação jurídica.

O comportamento humano também possui seu movimento externo que é aparente e uma causa interna, de natureza espiritual, o verdadeiro sentido da ação para a pessoa, que pode ser de uma racionalidade que mantenha o equilíbrio entre a pessoa e os demais, pode ser Ético, de boa-fé; ou egoísta ou diabólica, de má-fé. Nesse ponto, David Bohm sustenta a existência de variáveis ocultas não locais na física, cujo conhecimento permitiria o restabelecimento do determinismo, mas esse conhecimento, por ora, pertence apenas a Deus, que conhece o coração dos homens, e por isso também sabe as variáveis ocultas do Direito, a boa-fé e a má-fé. Assim, sendo possível identificar a má-fé e a boa-fé das partes no processo, o julgamento pode ser correto.

Portanto, toda descrição da natureza é prescritiva, não há descrição neutra, pelo que a posição será parcial, segundo a parte; ou holística, global, conforme o Todo. Toda ação é moral, e tudo que fazemos repercute por todo o cosmos, criando ondas, inclusive gravitacionais, que se propagam ao infinito. Assim, a visão pode ser a partir da pessoa, em que a ordem é limitada, parcial e egoísta, ou a partir da totalidade cósmica, em que a ordem é do Todo, do Logos, incluindo a pessoa.

Como tudo está interligado na natureza, é possível concluir que a natureza possui uma ordem altruísta, que permitiu nossa Vida, ainda que pontualmente possam existir ordens egoístas parciais. Mas pela análise da História do Cosmos e da própria evolução da Vida, deve-se entender que a regra determinante, que prevalece, é a da manutenção da ordem total, em detrimento de ordens individuais.

As ordens individuais vão sendo substituídas por ordens mais amplas, de unidades menores são formadas unidades maiores, com qualidades novas, não presentes nas unidades menores individualmente, em saltos quânticos orgânicos.

Por essas razões, como há ordem na natureza, cabe ao Direito humano estabelecer a ordem social em conformidade com a ordem natural, que possui uma unidade intrínseca, uma Ordem Implicada.

A unidade da natureza leva à unidade do comportamento humano em comunidade, como nos mostrou Jesus Cristo, o Logos, pois o Ser é o que Deve Ser.

O desrespeito à unidade humana acarreta uma compensação inconsciente, pois o oculto, o inconsciente, existe e deve ser integrado à vida. Segundo Carl Jung, o que é recusado por nosso racionalismo unilateral, e material, “essa parcela perdida da natureza se vingará em nós retornando sob forma distorcida ou deformada, por exemplo como a epidemia do tango, como futurismo, dadaísmo e tudo o mais que se pode rotular como insensatez e mau gosto” (In Civilização em transição. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 30). O terrorismo é uma dessas expressões do inconsciente humano, decorrente da unilateralidade ocidental negando espírito e a unidade planetária, pelo que é preciso que a consciência espiritual se reconcilie com o corpo total da humanidade. “Se ainda estivermos imbuídos da antiga concepção de oposição entre espírito e matéria, isto significa um estado de divisão e de intolerável contradição. Mas se, ao contrário, formos capazes de reconciliar-nos com o mistério de que o espírito é a vida do corpo, vista de dentro, e o corpo é a revelação exterior da vida do espírito, se pudermos compreender que formam uma unidade e não uma dualidade, também compreenderemos que a tentativa de ultrapassar o atual grau de consciência, através do inconsciente, leva ao corpo e, inversamente, que o reconhecimento do corpo não tolera uma filosofia que o negue em benefício de um puro espírito” (Idem, p. 93).

Essa citação vale também para corroborar a tese de que o Reino de Deus é deste mundo, e não apenas espiritual, “o Reino de Deus está no meio de vós”, pelo que haverá uma era messiânica.

No plano atual da humanidade, em que as ligações físicas entre os mais distantes pontos do planeta são cada vez mais rápidas, a unidade planetária que está emergindo imporá a necessidade de respeito absoluto à dignidade humana, de todos, com o reconhecimento da racionalidade absoluta de Jesus Cristo, como Espírito Absoluto, como Logos feito carne, mostrando o Caminho, o Método de se chegar a Deus, que sempre esteve no controle de Tudo.

No Direito e na Vida, Alguém sempre decide por último, e esse Alguém é sempre Deus, o Logos, a única Realidade.

O problema do mal

A questão do mal é das mais relevantes no âmbito Teológico, pois se questiona porque Deus, sendo sumamente bom e perfeito, permite que haja mal no mundo.

Esse tema exige um primeiro e fundamental esclarecimento: a Religião e a Teologia partem do pressuposto de que Deus existe, Deus é bom e a realidade é mais do que o corpo aparente, mais que a matéria visível, e é nesse contexto que a questão do mal se apresenta.

Para aquele que não vê nada além da morte do corpo, a concepção de bem e mal é distinta daquele que projeta sua vida para a eternidade, e a diferenciação entre esses pensamentos é essencial, é fundamental, é radical.

Portanto, quando se indaga sobre o problema da existência do mal perante Deus, a resposta não pode ficar limitada à morte física e ao sofrimento físico ou psíquico corporais, que são momentâneos, notadamente diante de uma eternidade além de nossa manifestação atual.

Nesse aspecto, devem ser separados os sofrimentos corporais e psíquicos atribuídos aos comportamentos humanos e aqueles relativos às ações imponderáveis da natureza, como os terremotos e tsunamis, por exemplo. Estes últimos eventos estariam além da capacidade de ação humana, e não poderiam ser considerados, em si, bons ou maus. De outro lado, considerando que “Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom” (Gn 1, 31), mesmo esses eventos devem ser considerados bons, dentro do plano divino de salvação eterna de todos, transcendente à corporalidade visível e ainda não compreensível para nós.

Desse modo, nossa concepção de bem e mal deve estar ligada a uma racionalidade universal humana, na medida em que nossos julgamentos são humanos e, como tais, limitados aos conhecimentos humanos e às ações individuais ou coletivas que causam danos aos outros. Para nós, a questão do bem e do mal, do bom e do mau em si, é uma pergunta, por ora, sem resposta, somente sendo possível responder à questão do bem e do mal para o homem em termos de racionalidade humana. O homem, como imperfeito e limitado, não tem condições de julgar Deus, que é perfeito e ilimitado. Teologicamente, entretanto, transferindo a questão para a eternidade, Deus é bom em si e para si, enquanto Satanás, ou o Diabo, é mau para si; e o homem será tão bom o quanto o seu agir for como imagem de Deus, seguindo o Espírito Santo, e tão mau como for seguidor do Maligno.

O mal é, como o bem, uma categoria humana de valor, e nós somos os autores de juízos de valor morais e também, embora somente em grau limitado, daqueles fatos que são submetidos ao julgamento moral” (JUNG, Carl Gustav. AION – Estudos sobre o simbolismo do Si-mesmo. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1988, p. 44).

A ideia de bem e mal está ligada, do mesmo modo, à ideia de livre-arbítrio ou liberdade de ação, pois somente quem age livremente pode ser considerado responsável por sua boa ou má atitude. Para aqueles neurocientistas que defendem que nossos comportamentos nada mais são do que reações automáticas do organismo diante do meio, e que não há livre-arbítrio ou liberdade da ação humana, não há sentido falar em bem e mal na conduta da pessoa.

Nessa linha, Vitório Hösle, citando Hegel, afirma que “somente é meritório o agir que provém de uma livre percepção, conhece a possibilidade do mal, rejeita-a e se decide conscientemente pelo bem” (O sistema de Hegel: o idealismo da subjetividade e o problema da intersubjetividade. São Paulo: Edições Loyola, 2007, p. 570). Em seguida, continua, dizendo que o mal “culmina na plena confusão dos valores – no fazer-se passar do mal por bem, de um lado, na hipocrisia, e, de outro lado, no cume do subjetivismo absoluto que pretende ter desmascarado todos os valores como meramente subjetivos e, na exaltação da própria superioridade irônica, se usufrui como o absoluto” (Idem, p. 571); completando, em nota de rodapé, sobre as consequências destrutivas do subjetivismo, diz que no mal ocorre “uma subjetividade que absolutiza a própria egoidade e nega qualquer intersubjetividade” (Idem, p. 572).

O mal, destarte, está ligado ao subjetivismo, à razão individual que é exclusiva da pessoa, contra a razão inclusiva da coletividade. A razão do mal não se comunica aos outros, torna-se absoluta para si. A ideia de mal está relacionada, desse modo, à de separação, de falta de comunicação.

A existência do mal no mundo está ligada à separação do homem da Natureza e de Deus, decorrente da Queda: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer” (Gn 2, 17). Por influência do Diabo, aquele que desune, o homem pecou, separou-se de Deus, do Logos, da Razão Una e Comum, para conhecer o próprio e exclusivo bem, na sua razão particular incomunicável, a razão separada, a razão diabólica. O homem conheceu o mal praticando o mal, agindo egoisticamente; deixou a Natureza, com seu equilíbrio, e criou suas próprias razões.

Quando o homem decide agir por conta própria, com seu subjetivismo, corre o risco de praticar o mal, e o mal está ligado exatamente a essa consciência, de que a atitude individual que pode beneficiar a pessoa também pode causar dano a outrem, pelo que a razão que motiva tal ação é exclusiva daquele indivíduo, não pode ser compartilhada. Essa foi a Queda, a ação consciente contra a Natureza, contra a razão coletiva, contra o Espírito Santo, e contra o próximo.

Daí o resgate promovido por Jesus Cristo, mostrando que a ação humana santa é dirigida pelo Espírito Santo, pela Ideia Santa, pela Razão inclusiva, que permite o compartilhamento dos motivos, é a ação por amor a Deus acima de tudo, pela preservação da Unidade humana, por amor ao Logos, e que por isso é inclusiva, coloca o próximo dentro da mesma racionalidade, da mesma Unidade inteligente.

A ação pelo Espírito pode ser replicada indefinidamente, pois não rompe com a humanidade, e daí aquele que age pelo Espírito, ainda que morra, viverá.

Disse-lhe Jesus: ‘Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá” (Jo 11, 25-26).

Mais uma vez, está implícita a ideia de uma realidade invisível, que foi comprovada pela física moderna, que conhece e entende apenas 5% (cinco por cento) da matéria do universo, pois 95% (noventa e cinco por cento) de tudo é matéria ou energia escura (desconhecida), a ideia de que a realidade é mais do que o corpo, mais que a matéria sensível, e que a vida não se limita ao tempo de ação neste corpo perecível.

Sobre a questão da morte, Jung afirmou, em entrevista, não ter certeza científica de que a morte é o fim, pois a psique tem a capacidade de transcender o espaço e o tempo (https://www.youtube.com/watch?v=Q2FhaGCANz0). Tal entrevista está transcrita parcialmente no seguinte sítio http://dharmalog.com/2011/09/13/jung-sobre-a-psique-e-a-morte-nao-estamos-exatamente-certos-sobre-esse-fim-video/. Ele diz que ao menos uma parte da psique não está limitada ao espaço-tempo, o que aponta para a eternidade.

Por isso é possível entender que a questão do bem e do mal, na realidade, não se limita aos prazeres da carne e às razões corporais, referindo-se à questão espiritual. Assim, quem age segundo o Espírito Santo, segundo a Razão autêntica, o Logos, não peca, não pratica o mal.

Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o Gerado por Deus o guarda e o Maligno não o pode atingir. Nós sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno” (1Jo 5, 18-19). Quem age se entregando a Deus e ao outro, com amor e paz, seguindo o exemplo de Jesus, não peca.

Mas o mundo jaz no poder do Maligno, do egocentrismo, existe uma gravidade quântica, uma gravidade ideológica, uma atração psíquica, movendo o pensamento, e o pensamento mundano é preponderantemente egoísta, com um liberalismo suicida, gerando gravidade material, e não é por acaso que os EUA estão com uma população com pessoas acima do peso, cultura consumista desequilibrada que chegou ao Brasil e ao mundo, elevando o peso da população.

O pensamento egoísta, que é a origem do mal, associa-se a outro pensamento voltado para dentro da pessoa, para seu corpo e para a satisfação de prazeres carnais em excesso, por uma gravidade quântica, que se move em torno de conceitos afins, girando em torno do eu, em detrimento do todo, funcionando sozinho. Assim, muitas vezes não somos nós que pensamos, mas um pensamento separador, o Diabo, o Maligno, que “pensa” por nós, quase automaticamente.

Como o mundo moderno é voltado para o dinheiro e para as riquezas, o pensamento geral, e a sua conduta, guiada pelo Maligno, domina o mundo inteiro.

Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos” (1Tm 6: 10).

Pelo amor ao dinheiro, a Besta, a Teologia do Mercado, manipula as pessoas para satisfação de seus interesses espúrios, que concentra a riqueza nas mãos de uma pequena minoria, causando o mal do mundo, até dos próprios egoístas.

Para evitar a contaminação, é necessário que tomemos conta de nossos pensamentos e ações, segundo o Logos, para romper com o pensamento automático que leva à morte coletiva. Precisamos ser Um com Cristo, com o Pai, a Lei Superior, o Logos, para sermos livres.

Diante da unidade física do mundo, ser livre é agir pela razão, pelo Espírito Santo, ajudando o Todo, pois assim estamos ajudando a nós mesmos, como membros do Todo, membros de Cristo, ainda que os reflexos dessas ações não possam ser constatados imediatamente. Mesmo o Alcorão é nesse sentido:

Quem pratica o bem, beneficia-se a si mesmo. Quem pratica o mal, prejudica-se a si mesmo. Deus não oprime Seus servos” (Sura 41: 46).

Segundo Hegel, livre é apenas aquele que segue a razão, e como a humanidade não está seguindo a razão, ela pode ser considerada a causa de todo mal que ocorre no mundo, porque provoca mal a si própria, enquanto coletividade. A irracionalidade e a inconsciência, desse modo, dominam o comportamento das pessoas, que agem como escravas de seus vícios e maus hábitos egoístas, praticando o mal.

Se os trilhões de dólares gastos anualmente em armas, guerras e atividades afins, que causam destruição, fossem usados para a promoção de uma qualidade de vida mínima para os membros da espécie, muitas mortes que hoje são atribuídas à natureza poderiam ser evitadas, pois medidas de saúde, higiene, alimentação, educação e de prevenção de catástrofes permitiriam que milhões de vidas fossem salvas, e até mesmo o mal material, corporal, seria sensivelmente reduzido.

Portanto, o primeiro mal a ser questionado é o decorrente da própria ação humana, individual e coletivamente, para que passemos todos a agir conforme a razão, o Logos, realizando o bem para nós e os outros.

Essa ação coletiva benéfica ocorrerá em breve, no Reino de Deus, mas antes, a humanidade parece pretender experimentar, mais uma vez, o conhecimento do bem e do mal…

O problema é Teológico

O problema do mundo é Teológico

Todo e qualquer problema tem, em última análise, fundo Teológico, ligado a uma boa ou má Teologia. Teologia, como dizia Aristóteles, o pai da ciência ocidental, no livro Metafísica, é o estudo das causas primeiras, dos primeiros princípios; Teologia é o mesmo que a Filosofia Primeira, cujo objeto é a unidade do Ser, a unidade do conhecimento. Para Aristóteles e para as pessoas do mundo antigo, não havia separação entre filosofia e ciência, e mesmo a Teologia estava ligada à mesma unidade do conhecimento.

Atualmente, contudo, a regra é separar os conhecimentos entre científicos e teológicos, o que é um equívoco evidente, mas evidente para poucos.

Ao se considerar tudo que existe, temos basicamente duas possibilidades, que tudo tem um princípio Espiritual ou material. Para a boa Teologia, que se liga à autêntica Religião, o princípio de todas as coisas é Deus, é o Espírito Absoluto, a Causa Primeira, a Causa não causada. Para os que se dizem ateus, mas cujo deus é a matéria, a matéria é tudo o que existe, e nossos pensamentos e nossas emoções são apenas efeitos de reações químicas surgidas em nossos cérebros, formados por mero acaso a partir da aleatoriedade dos fenômenos físicos, após o Big Bang.

A má teologia tem um primeiro problema que é o de definir a causa do Big Bang, o que não faz e não explica. Essa má teologia é tão ruim que não enfrenta o problema racionalmente e, nesse ponto, simplesmente deixa a razão, abraçando a incoerência.

É importante salientar que a ideia de Big Bang é totalmente compatível com a criação cósmica por Deus, sendo o próprio Criador a origem do Big Bang. E mesmo o Big Bang decorre da ideia de um religoso, Georges Lemaître, que era físico e padre belga, e dizia que tudo que hoje existe estava inicialmente em um “átomo primitivo”. Nesse ponto, a cosmologia é a ciência atual mais próxima da Teologia, ainda que todas as ciências tenham fundo religioso.

Entender que o primeiro problema do mundo é Teológico encontra respaldo até mesmo nas palavras de Jesus Cristo, dizendo qual o maior mandamento.

Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

O primeiro mandamento é amar a Deus e conhecer Deus, dedicar todo o entendimento à Teologia, à lógica de Deus, ao Logos, porque esse conhecimento tem reflexos em todas as atividades da pessoa.

A Torá é repleta de advertências sobre a necessidade de cumprir todos os mandamentos de Deus para receber Suas bênçãos. A adoção da boa Teologia é fundamental para que a sociedade tenha uma Vida plena.

Por uma questão de lógica, como se pode notar em Aristóteles, a Teologia se refere ao estudo da Causa primeira, do Primeiro Princípio, o que exige uma Teologia monoteísta, com unidade de razão, podendo-se entender como filosoficamente inconsistente a ideia politeísta, pois o conflito entre os deuses não pode ser resolvido sem um Deus Altíssimo que estabeleça a unidade lógica das coisas.

Dentro do Monoteísmo, do mesmo modo, existem diversos problemas Teológicos, tanto para os judeus, como para os cristãos e os muçulmanos.

Os judeus reconhecem os livros do Antigo Testamento como palavra de Deus, mas não entenderam o Livro sagrado, notadamente porque ainda rejeitam Jesus Cristo como seu Messias, apesar de todas as provas no sentido de comprovar que efetivamente Jesus Cristo é o Messias judeu, como narrado no capítulo 53 do profeta Isaías, nas cartas do apóstolo Paulo, especialmente na epístola aos Romanos, no livro de Hebreus e também por Justino de Roma, em seu Diálogo com Trifão. Além disso, os judeus se acham melhores que os demais membros da humanidade, e não percebem que esse entendimento é tão equivocado que foi adotado por Hitler contra os mesmos judeus.

Os cristãos, do mesmo modo, em sua ortodoxia imposta por Constantino, não compreenderam plenamente o significado da atividade messiânica de Jesus Cristo, inicialmente por romper com o Monoteísmo, ao criar a ideia de trindade, por influência de um platonismo pitagórico, e por seguir a ideia de santo Agostinho, já criado em ambiente trinitário, de que o Reino de Deus não é deste mundo e de que não haverá uma era messiânica com governo humano que observará os mandamentos de Deus.

Nesse ponto, os católicos entendem que não é possível defender o milenarismo, ou seja, que haverá um período de mil anos de paz pelo governo mundial de Cristo, por meio do Espírito Santo, enquanto os protestantes sustentam que na volta de Cristo haverá o arrebatamento, com deslocamento físico dos crentes para o Reino dos Céus, para um mundo espiritual. E a mensagem de Cristo, o Evangelho, é exatamente: O Reino de Deus está próximo, ou seja, Deus irá Reinar e Julgar a humanidade através de um governo humano.

Finalmente, a Teologia muçulmana não compreendeu o teor do Alcorão, que descreve que Maomé é apenas um mensageiro árabe, que não alterou a mensagem do Livro dado aos judeus e aos cristãos. Além disso, o próprio Alcorão permite entender a superioridade profética de Jesus Cristo sobre Maomé. Nesse ponto, deve ser destacado que o Corão, ou o Alcorão, veio apenas reforçar a mensagem anterior dos profetas, e não contrariá-las, pelo que com estas é necessariamente compatível, por sua própria lógica interna, em que pese sua deturpação político-ideológica.

Acreditareis, acaso, numa parte do Livro e renegareis a outra? Se o fizerdes, vosso castigo será a vergonha neste mundo e o suplício no dia da Ressurreição. Deus está atento ao que fazeis” (Sura 2: 85).

Dize: ‘Quem for inimigo de Gabriel – foi ele quem revelou a teu coração, com a permissão de Deus, o Livro que corrobora as Escrituras anteriores: um guia e boas-novas para os crentes-,

Quem for inimigo de Deus e de Seus anjos e de Seus Mensageiros e de Gabriel e de Miguel, terá Deus por inimigo: Deus é o inimigo dos descrentes’”. (Sura 2:97-98).

O Deus do Islã é o “Clemente, o Misericordioso”. Se Alá é o Deus único, e o Alcorão confirmou a Torá e o Evangelho, a Verdade de todos os livros, ou o Livro da Vida, que é o um só, é a mesma, conforme Sura 2 (A Vaca), versículo 62:

Os que creem e os que abraçam o judaísmo e os cristãos e os sabeus, todos os que creem em Deus e no último dia e praticam o bem obterão sua recompensa de Deus e nada terão a recear e não se entristecerão”.

Entre nossos Mensageiros, temos preferido uns aos outros. A alguns Deus falou. Outros tiveram categoria mais elevada. A Jesus, filho de Maria, entregamos as provas e fortificamo-lo com o Espírito Santo. E se Deus quisesse, os homens que vieram depois dele não se teriam entrematado, já que haviam recebido as provas. Mas começaram a brigar: uns creram, outros descreram. Se Deus quisesse, não se teriam entrematado. Deus faz o que quer” (Sura 2: 253).

O próprio Alcorão reconhece a supremacia de alguns profetas, e em seguida menciona que Jesus foi fortificado com o Espírito Santo e que ele tinha as provas, pelo que poderia ser dispensada nova revelação, mas novamente a humanidade se perdeu no materialismo. Assim, a mensagem de Cristo, em que pese ser anterior à de Maomé na cronologia da história humana, em termos espirituais e no tempo original (pois ainda não se completou), kairológico, é posterior e superior, assim como a figura e a importância do próprio Cristo, que é imortal, como “um sopro de Seu espírito que Ele fez descer sobre Maria” (Sura 4: 171), na medida em que os descrentes “Certamente, não o mataram, Antes Deus o elevou até Ele. Deus é poderoso é sábio” (Sura 4: 157-158). Cristo ainda vive, além da ilusão da “realidade” percebida pelos sentidos. Saliente-se, ainda, que o Alcorão possui linguagem altamente poética, o que dificulta sua interpretação, levando os muçulmanos, equivocadamente, à ideia de que Jesus Cristo, profeta preferido e de categoria mais elevada, não morreu na cruz, quando tal fato aconteceu, apenas ele não continuou morto, ressuscitando.

E falando em interpretação, a filosofia atual se concentra em estudos hermenêuticos, sendo Gadamer considerado um dos grandes filósofos do século XX. Como já escrevi no artigo “Crime de hermenêutica, Donald Trump e Cristo crucificado” (https://holonomia.com/2016/11/15/crime-de-hermeneutica-donald-trump-e-cristo-crucificado/), citando Gadamer:

A história da hermenêutica nos ensina que junto com a hermenêutica filológica existiram também uma hermenêutica teológica e uma hermenêutica jurídica, e que somente as três juntas perfazem o conceito pleno de hermenêutica. Uma das consequências do desenvolvimento da consciência histórica nos séculos XVIII e XIX foi a desvinculação da hermenêutica filológica e da historiografia de seu vínculo com as outras disciplinas hermenêuticas, estabelecendo-se autonomamente como teoria metodológica da investigação das ciências do espírito” (Hans-Georg Gadamer. Verdade e Método. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 407).

Diante dessa afirmação, que é uma conclusão do estudo histórico, mas também uma premissa para o argumento seguinte (um dado construído), Gadamer, dizendo que a interpretação é um fenômeno unitário, cognitivo, normativo e reprodutivo, declara a seguinte tarefa da filosofia: de “voltar a determinar a hermenêutica das ciências do espírito a partir da hermenêutica jurídica e da hermenêutica teológica” (Idem, p. 410).

Por uma questão de hierarquia óbvia de valores, é necessário considerar que a hermenêutica prioritária é a Teológica, que logicamente condiciona as interpretações jurídica e filológica. Todavia, a filosofia de Gadamer não se desincumbiu de alcançar a missão por ele proposta, desenvolver a hermenêutica Teológica que determina a hermenêutica das ciências do espírito, deixando de cumprir o primeiro mandamento.

Aliás, a autêntica hermenêutica Teológica não tem esse problema de separação entre ciências do espírito e da natureza, pois a Teologia é única, e vale para ambas, a ciência é una, como o conhecimento, e a orgânica quântica aponta nesse sentido.

E recentemente me deparei com o mesmo problema Teológico, ou falta de Teologia, lendo o artigo “O paraíso dos conceitos jurídicos do jurista alemão Rudolf von Jhering (parte 6)” (http://www.conjur.com.br/2017-jun-05/direito-civil-atual-paraiso-conceitos-juridicos-rudolf-von-jhering-parte), do sítio Conjur, em sua parte final, citando Ernest H. Kantorowicz, e sua obra Os Dois Corpos do Rei: Um Estudo Sobre Teologia Política Medieval. Isso porque a tal Teologia medieval, da citada obra, seguiu o erro Teológico do Concílio de Niceia e de Santo Agostinho, separando Corpo e Espírito, e para piorar criou outro corpo.

A Teologia cristã autêntica entende haver um só Corpo e um só Espírito, e essa Teologia não era praticada no período medieval, em que pese o livro de Kantorowicz (que ainda não li e que agora ficou ainda mais atrás na minha fila de leitura, pois o Rei só tem um Corpo e um Espírito, e porque dou prioridade aos autores mais próximos da verdade), sendo um fato que o rei medieval, como regra praticamente absoluta, não era cristão, porque não seguia o exemplo de Jesus Cristo sendo o servo de todos.

Há um só Corpo e um só Espírito, assim como é uma só a esperança da vocação a que fostes chamados; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; há um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos. Mas a cada um de nós foi dada a graça pela medida do dom de Cristo, por isso é que se diz: Tendo subido às alturas, levou cativo o cativeiro, concedeu dons aos homens” (Ef 4, 4-8).

Como a má teologia prevalece, temos hoje o mundo da mentira, da “pós-verdade”, pois o Espírito ainda não se manifestou. O descumprimento do primeiro mandamento permite que os mentirosos ajam livremente, praticando injustiças.

Ora, a vinda do ímpio será assinalada pela atividade de Satanás, com toda a sorte de portentos, milagres e prodígios mentirosos, e por todas as seduções da injustiça, para aqueles que se perdem, porque não acolheram o amor de verdade, a fim de serem salvos. É por isso que Deus lhes manda o poder da sedução, para acreditarem na mentira e serem condenados, todos os que não creram na verdade, mas antes consentiram na injustiça” (2Ts 2, 9-12).

O ímpio está aí, vivendo da mentira, por amor ao poder político, e faz a festa nas redes sociais. Esta questão é mais do que atual, pois a mentira parecer ser a regra nos meios político e social, em que o amor ao dinheiro e ao poder levam à negação da Verdade e à enganação do povo, e não só no Brasil, como vemos com os “grandes” líderes, de todos os partidos, e suas versões estapafúrdias dos fatos nos processos da lava-jato.

Portanto, o problema do mundo é Teológico, de má teologia, daquela em que o primeiro princípio é o dinheiro, a matéria, o poder, que predomina nas relações humanas e na ciência, permitindo a ação livre da mentira, tanto é que criado o termo “pós-verdade”. Não é à toa que não usamos carros elétricos, não reaproveitamos o lixo, deixamos que sessenta mil brasileiros morram assassinados a cada ano, e que outros tantos morram no trânsito e em guerras por dinheiro e poder.

A má teologia é a adotada pelos falsos profetas, que defendem mentiras e praticam injustiças. A boa Teologia é a dos autênticos profetas, normalmente perseguidos pelos poderosos, pois sustentam a Verdade, que é indispensável para a realização da Justiça.

Existe Verdade, existe Justiça; e Deus é a Verdade e a Justiça.

Enquanto o verdadeiro Deus, o Deus da Verdade e da Justiça, e da Razão, o Logos, o Deus de nosso senhor Jesus Cristo, que pela Verdade, e para nossa salvação, morreu na cruz e depois ressuscitou, não for adorado em Espírito e Verdade, por todos, em todo o tempo, enquanto não cumprido o primeiro mandamento, não adianta reclamar dos políticos ou das dificuldades da vida, porque quem luta contra a Vida não tem legitimidade, não tem moral, para reclamar da morte ou das injustiças do mundo.

O Juiz Sacerdote

O juiz é o sacerdote moderno, faz a mediação entre Deus e os homens.

Na realidade, com Jesus Cristo, todo cristão assumiu a função sacerdotal, sendo o Espírito Santo, encarnado nele, o verdadeiro intermediador, ou mediador, entre a humanidade e o Criador. Contudo, na hipótese de conflito humano, há necessidade de outro homem para solucionar, pelo Logos, a controvérsia racional surgida.

O sacerdote é aquele que oferece sacrifício, o que dá ou oferece o sagrado. E sagrado é o que é dedicado a Deus, separado para Deus.

Adão foi o primeiro sacerdote humano, conforme narrado no Gênesis: “Iahweh Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden para o cultivar e o guardar” (Gn 2, 15).

Jhon Walton, em palestra proferida no Instituto Faraday, a qual assisti no Curso Ciência e Fé Cristã, promovido pela Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (http://www.cristaosnaciencia.org.br/), afirma que o jardim, na tradição religiosa, é o local de acesso ao sagrado, e por isso havia um jardim nas proximidades dos templos antigos, narrando ele que Adão recebeu, como sacerdote, a função de servir e guardar tal espaço, o jardim de Éden.

Nos tempos atuais, a ciência assumiu o lugar de Deus como origem da verdade, e o problema dessa ciência é o fato de ela ser parcial e incongruente, decorrente de seu materialismo reducionista. É importante, todavia, destacar, que a nova física destruiu as bases do materialismo, mas os reflexos dessa hecatombe ainda não chegaram às ciências humanas, e nem mesmo são bem entendidos pelos físicos.

Nas assim chamadas ciências jurídicas, a Lei ainda possui relação com a ideia do sagrado, e a Constituição representa concretamente essa Lei, como espaço especial das relações humanas. Considerando que o art. 102 da Constituição Federal, por exemplo, dispõe que compete ao Supremo Tribunal Federal guardar a Constituição, o que é missão profissional do Poder Judiciário, e obrigação cidadã de toda a população, podemos dizer que vivemos em uma nação de reis sacerdotes, em que todos têm a obrigação de servir e guardar a Constituição, sendo os magistrados sacerdotes especiais, pois são os guardiões profissionais da Constituição. Portanto, como o juiz tem a função especial de servir e guardar a Constituição, ele é o novo sacerdote.

Enquanto o sacerdote fazia a mediação do conhecimento de Deus e do acesso à presença de Deus, que também tem em Si a imagem da Justiça, pois Deus é a Justiça (ttps://holonomia.com/2017/04/22/deus-e-o-direito-jesus-cristo-e-o-controle-de-constitucionalidade/), o mesmo acontece hoje, em que o magistrado faz a mediação do conhecimento oficial da Lei e do acesso à sua presença pública, à solene da manifestação da Justiça, por meio da declaração estatal do Direito.

O juiz, além de sacerdote, é o cientista do Direito, por excelência.

Podemos até mesmo fazer uma comparação com o cientista das ciências físicas, que faz um corte da realidade medindo o espaço-tempo, com explicações e previsões. E esse corte exige uma tesoura, um modelo de mundo, ligado a uma cosmovisão de mundo, que pode ser materialista ou espiritualista, que escolhe o primeiro princípio como material ou como espiritual.

Diz a Bíblia que o mundo jaz no poder do maligno, o que significa que o mundo é regido pelo princípio carnal, ou seja, as pessoas vivem suas vidas conforme valores materiais.

A ciência materialista, que predomina, ainda está ligada à relatividade e seus limites, inerentes à velocidade da luz, questão já exposta no artigo “Jesus e o jogo da Vida Eterna: verdade e consequência” (https://holonomia.com/2016/09/05/jesus-e-o-jogo-da-vida-eterna-verdade-e-consequencia/), em que foi exposta a limitação dos conceitos relativísticos, por mais que façam sucesso, como também ocorria com a gravitação newtoniana, igualmente superada.

Nessa linha de raciocínio, ao contrário do que sustenta da relatividade de Einstein, segundo a qual os eventos simultâneos não existem, pois essa ideia de simultaneidade dependeria do referencial, o próprio experimento EPR foi comprovado e demonstrou a simultaneidade existente no entrelaçamento ou emaranhamento quântico, atestou que eventos simultâneos são um fato.

A Ciência completa, a Ciência da unidade, portanto, está além do materialismo, sendo mister admitir uma realidade absoluta que transcende o espaço-tempo, como mostra a física quântica, que chamo de orgânica quântica.

Essa intercorrência explicativa, além de demonstrar que a interpretação ortodoxa das ciências está equivocada, o que também vale para a doutrina jurídica, tem a função de resgatar a unidade do conhecimento científico, inclusive unindo Direito e Física, porque toda abstração ou análise da realidade, seja no Direito ou na Física, deve estar aberta à unidade do conhecimento, e deve buscar essa unidade, que é interna, além das aparências, é imanente e transcendente, como Deus.

Para se medir o espaço-tempo é preciso um corte, que apenas sendo espiritual pode manter a unidade científica, e esse corte é feito de dentro para fora do espaço-tempo, ou seja, o momento do corte ocorre simultaneamente em todo o espaço-tempo, porque interligado internamente pelo potencial quântico, definindo o próprio espaço-tempo. Isso significa que é o Sujeito, Uniplurissubjetivo, com sua Consciência não local, que determina a realidade.

Portanto, o corte é o primeiro princípio de estudo da realidade, que pode ser material, parcial e relativo; ou espiritual, total e absoluto.

Enquanto a medição externa, ligada a um sujeito parcial e local, e material, se propaga à velocidade da luz na ordem manifesta, a medição interna, do Sujeito com Consciência não local, é instantânea em todo o espaço-tempo, pelo entrelaçamento quântico, na ordem implicada.

Assim, o corte espaço-temporal, ainda que aparentemente externo, determina a simultaneidade daquela referência com todo espaço-tempo, marcando a luz de todos os pontos, na medida em que a luz é instantânea para si, pela unidade quântica interna de tudo, segundo a “Ordem Implicada”, conforme exposto no último artigo.

O sacerdote e cientista, com a função de guardar a unidade do conhecimento, mede esta simultaneidade, sendo medida a parte conforme sua relação com o todo, indicando a Ordem Implicada além das aparências, unindo a manifestação fenomênica a partir da unidade interna do Ser.

No campo jurídico, o Direito é Espiritual, porque está ligado à ideia de Justiça, já incorporada na Lei, na Constituição, ainda que a atuação humana continue material, apegada à letra da lei, à sua forma, em detrimento de seu conteúdo, de seu Espírito.

Como toda atividade científica, o Direito usa a matéria, que no seu caso são as leis vigentes, mas a matéria com sua forma limitada não exaure o Direito, que tem sua completude além da mera forma, além as aparências. Direito é forma com conteúdo, e esse conteúdo é moral, está ligado aos conceitos de Ética e de Justiça, e não de legalidade nominal. O Direito usa a Lei, com sua manifestação exterior, para alcançar a Justiça.

O juiz, assim, deve dar substância à Lei, encontrando a Justiça da norma, para cumprir sua função sacerdotal, dando essência à aparência, para que o Estado Seja, para que aquele momento jurídico oficial concretize a unidade do Ser jurídico, do Direito, da Justiça.

O juiz mede o caso concreto, a marca jurídica de uma situação, considerando a totalidade do sistema jurídico, incluindo leis, a Constituição e, especialmente, os valores fundamentais da Vida que originaram a Constituição, fazendo o caso julgado simultâneo à Constituição, ou seja, o ato constituinte da ordem jurídica é o mesmo do caso, o que é feito pela mediação judicial, aplicando a Justiça constitucional à situação em julgamento.

Nesse ponto, o constituinte originário transferiu seu Poder ao Judiciário, para que este mantenha a originalidade da Constituição, mantenha a Vontade Geral, até mesmo contra o entendimento do constituinte derivado, contra as vontades das maiorias, ou minorias, que podem ser manifestadas por chefes de executivo e pelo legislativo.

Infelizmente, contudo, do mesmo modo como tínhamos nos tempos antigos, ainda hoje há sacerdotes de Baal atuando no meio jurídico, os falsos profetas, que cultuam a matéria, o legalismo nominalista, em detrimento da Justiça, muitas vezes inconscientemente, até mesmo no Supremo Tribunal Federal…

O juiz é, assim, o observador, que coloca-se como imóvel diante do movimento das partes, imóvel que está em todos os lugares, no presente que é eterno, e por isso a sentença eterniza todos os momentos jurídicos em um só, na mesma Tradição, que muitas vezes, na maioria das vezes, na atualidade, está deturpada.

A Tradição é aquela passada por Cristo, o Logos, que é o mediador humano. O magistrado da mesma forma, faz a mediação do Direito, por meio da razão, da fundamentação, que usa Palavra, o Verbo.

O juiz é o observador da realidade jurídica, aquele que guarda especialmente a realidade jurídica, interpretando-a, dando-lhe sentido, com vida e obra, seguindo o método científico de Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida; ou seja, lavando suas vestes no sangue do Cordeiro, purificando-se e santificando-se, tendo apresentação pessoal imaculada, o que, na expressão atual, significa manter conduta irrepreensível na vida pública e privada.

João, às sete Igrejas que estão na Ásia: a vós graça e paz da parte d”Aquele-que-é, Aquele-que-era e Aquele-que-vem’, da parte dos sete Espíritos que estão diante do seu trono, e da parte de Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primogênito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e que nos lavou de nossos pecados com seu sangue, e fez de nós uma Realeza de Sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele pertencem a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém. Eis que ele vem com as nuvens, e todos os olhos o verão, até mesmo os que o transpassaram, e todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele. Sim! Amém! Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, ‘Aquele-que-é, Aquele-que-era e Aquele-que-vem’, o Todo-poderoso” (Ap 1, 4-8).

Felizes os que lavam suas vestes para terem poder sobre a árvore da Vida e para entrarem na Cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães, os mágicos, os impudicos, os homicidas, os idólatras e todos os que amam ou praticam a mentira” (Ap 22, 14-15).

Venha o Teu Reino!

Últimos Acontecimentos

Últimos Acontecimentos é uma página da internet (http://www.ultimosacontecimentos.com.br/), que tem o “o objetivo de diariamente pesquisar nos diversos meios de comunicação as notícias do cumprimento das profecias descritas na bíblia que nos fazem refletir sobre quão próximo está a sua volta (de Cristo)”.

Este artigo é também uma homenagem ao referido sítio, que tem o mesmo fundamento de busca que o meu, a realidade de Cristo e a veracidade das profecias bíblicas. Cheguei a essa página a partir de outra com a mesma finalidade, e já citada, Projeto Ômega (http://projetoomega.com/).

No fim das contas estamos todos em busca da Verdade, da verdadeira Ciência, da História da Humanidade, cada um com as informações de que dispõe. História é uma palavra de origem grega que significa “testemunho”, “conto”, “narrativa”, “registro”, “conhecimento através de investigação”. A História reúne informações sobre os eventos passados, dando-lhes unidade significativa, sentido, para permitir seu entendimento.

História pressupõe memória e raciocínio, coletando informações conhecidas para se chegar a uma narrativa que satisfaça os conceitos de razão e lógica, com significado. Tudo que fazemos pressupõe conhecimento histórico, desde o acordar até o dormir. Acordamos em um local que é por nós conhecido, porque antes de dormir estávamos nele mesmo, pelo que fazemos uma ligação entre um evento e outro. Se uma pessoa dorme em um local e acorda em outro, ou não se recorda como chegou àquele ponto, a história está incompleta, carecendo de complemento. Mesmo na física, a história é um elemento fundante do conhecimento, pois o movimento pressupõe a história do deslocamento ou o caminho da partícula, ou da transformação da energia.

Portanto, para a melhor história são necessárias as melhores informações e a melhor lógica, a melhor razão para sua unificação semântica, para o sentido coerente, da maior e melhor unidade significativa possível. Assim, busco as melhores informações científicas, seja da Teologia, da Física, da Psicologia, do Direito, da História tradicional, da Filosofia, para uni-las em um mesmo contexto de significado. E fazendo isso concluo a Verdade Científica da Bíblia, ou seja, a Boa Nova, que Deus efetivamente governa o Cosmos, e está conduzindo os destinos da humanidade, segundo as profecias bíblicas, em sua correta interpretação, ou hermenêutica.

“Antes de mais nada, sabei isto: que nenhuma profecia da Escritura resulta de uma interpretação particular, pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas homens, impelidos pelo Espírito Santo, falaram da parte de Deus” (2Pd 1, 20-21).

E Deus é o Verbo, ou Logos (Jo 1, 1), que é também Palavra e Discurso, e Razão, portanto a correta interpretação das Escrituras depende do Logos, que se manifestou em Jesus Cristo, a Palavra, que é a chave para a interpretação da História, e por isso pode-se dizer que Ele é o “Princípio da criação de Deus” (Ap 3, 14), e que “Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito” (Jo 1, 3), sendo a unidade que dá sentido ao Todo, o Universal fundamental.

A Bíblia nos diz que a criação foi feita para o Homem (Humanidade), criado à imagem e semelhança de Deus. “Deus é espírito” (Jo 4, 24), e o homem tem seu Espírito, “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e que recebestes de Deus? … e que, portanto, não pertenceis a vós mesmos? Alguém pagou alto preço pelo vosso resgate; glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo” (1Cor 6, 19-20).

Deus é a Causa Primeira, a Razão de todo movimento, o Criador, e é por esse Espírito, por essa Razão, ou Ideia, que une todas as coisas, que podemos investigar todas as coisas, é pelo Espírito que temos Ciência, Razão, Logos.

Jesus Cristo seguiu o Espírito Santo, que é a Razão Integral e Perfeita do movimento cósmico, Encarnando-o, ou seja, movimentou-se em sua Vida conforme O Espírito de Deus, e por isso é Filho de Deus. Assim, ele resgatou a Unidade da Criação, do Cosmos, do Sentido da Vida, mostrando que a Vida não é apenas corporal e não é individual, é mais que isso, e como recompensa por sua fidelidade ele foi ressuscitado primeiro, e não apenas por isso, para mostrar a verdade de seu Testemunho, da sua Hermenêutica da realidade. Sua ressurreição era a prova de que os discípulos precisavam para continuar o Caminho de Vida de Jesus, propagando o Evangelho a todas as criaturas. Sem a ressurreição, cuja prova é essencialmente testemunhal, apesar da possibilidade da sua experiência direta, como no caso dos apóstolos e de Paulo de Tarso, Jesus seria considerado mais um profeta fracassado e não haveria cristianismo.

“Ora, Deus, que ressuscitou o Senhor, ressuscitará também a nós pelo seu poder” (1Cor 6, 14).

A fé cristã é a fé na ressurreição, pois o mundo não se limita a esse corpo visível, existindo uma realidade e uma unidade além da matéria aparente. Nesse aspecto, o materialismo da relatividade de Einstein e os limites da velocidade da luz não são suficientes para explicar os fenômenos quânticos, como seus saltos ou a não localidade da realidade.

“Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé” (1Cor 15, 13-14).

Jesus Cristo já sabia da realidade espiritual, e foi fiel até a cruz para cumprir as profecias, fazer a vontade do pai. “Afastando-se de novo pela segunda vez, orou: ‘Meu Pai, se não é possível que esta taça passe sem que eu a beba, seja feita a tua vontade!’” (Mt 26, 42). Ele não queria passar pela tortura e crucificação, mas como esses eram eventos que o Messias profetizado deveria realizar, Jesus cumpriu a vontade do Pai. O Messias deveria morrer para cumprir o sacrifício, na medida em que a religião judaica tinha um culto ritual de sacrifício, e assim Jesus é a perfeição do culto religioso, cumprindo a Lei e os Profetas.

“Ora, ele morreu por todos a fim de que aqueles que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles” (2Cor 5, 15).

Jesus, como imagem de Deus, foi realizador de Seu Espírito, e nós, como imitadores de Deus por meio de Cristo, somos chamados cristãos.

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, em sua grande misericórdia, nos gerou de novo, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, imaculada e imarcescível, reservada nos céus para vós, os que, mediante a fé, fostes guardados pelo poder de Deus para a salvação prestes a revelar-se no tempo do fim” (1Pd 1, 3-5).

A História da Humanidade é aquela da geração de todas as coisas, do ser humano, da Queda e do Resgate, por meio de Cristo. A Queda significou a separação da Humanidade, por Adão, do Espírito de Deus, da conexão com o Cosmos, a Natureza; e Jesus Cristo, por sua Vida e sacrifício, nos resgatou para Deus, recuperando o sentido do Espírito, sua eternidade e a Integridade e Santidade da Vida.

“Pois, assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida. Cada um, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir haverá o fim, quando ele entregar o reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo Principado, toda Autoridade, todo Poder” (1Cor 15, 22-24).

Por sua fidelidade e para nossa esperança, Cristo ressuscitou primeiro. No início do Reino, os de Cristo ressuscitarão, para o Milênio. Assim como o Cristo ressuscitado não apareceu para todos, mas para os seus, a primeira ressurreição provavelmente será visível apenas para os que estiverem se santificando para Cristo, e estes serão os governadores da Humanidade, para Deus, durante o Milênio, os reis sacerdotes de Cristo. O Evangelho, como Boa Nova, é a notícia da proximidade da realização do Reino de Deus, quando se efetivará a Justiça, nos níveis individual e coletivo, inclusive no plano da política internacional, que está flagrante estado de transição.

Essa é a História da Humanidade, segundo as profecias. Daí porque efetivamente estamos vivendo os Últimos Acontecimentos. A História da Humanidade, de aproximadamente 200.000 (duzentos mil) anos passa pelos seus eventos finais, em termos de sentido, e esse sentido nos é dado por Cristo, pois por meio dele tivemos acesso novamente ao Espírito, que une os homens em espécie, unidade coletiva.

No dia da redação deste texto, providencialmente, já pensando neste artigo, quando fui guardar umas revistas antigas, vi a capa da revista Veja, edição 2475, ano 49, n.º 17, de 27 de abril de 2016, não o rosto de Eduardo Cunha, mas o detalhe superior com o título: “ELES INVENTARAM O MUNDO: Há 400 anos morriam Shakespeare e Cervantes, dois gênios que revolucionaram o modo como o homem vê a si mesmo”.

A História não resume aos últimos 500 (quinhentos) anos.

Desde a vinda do Messias, Jesus Cristo, Que efetivamente revolucionou o modo como o homem vê a si mesmo, estamos vivendo os Últimos Acontecimentos, e agora, especialmente, mais ainda, pelo cumprimento de outras profecias messiânicas.

DEUS, POR SEU ESPÍRITO, CRIOU O MUNDO, e sua manifestação em e por Jesus Cristo, nos deu conhecimento da Verdade, e por isso se diz que por Ele, pelo Cristo, pelo Espírito Santo nele encarnado, foram feitas todas as coisas, o Logos expresso por Cristo, e por sua ressurreição fomos gerados de novo, pelo Espírito, e assim Ele criou todas as coisas. Pelo Logos temos o sentido total da História, do princípio ao fim, do alfa ao ômega, e então por Cristo fomos gerados de novo, para o Espírito Santo, que explica todas as coisas.

Para conhecimento da Verdade da História são necessárias as corretas informações, tendo como base o modelo da Bíblia, e assim fica sugerida a busca de dados em sítios e fontes especializadas, seja de Física, Psicologia, História etc, especialmente sobre as Escrituras, inclusive o sítio citado, para saibamos mais detalhes dos Últimos Acontecimentos.

Para uma nova ciência

Este sítio virtual tem por objetivo demonstrar a natureza do cristianismo como ciência, como metafísica perdida na história.

Jesus Cristo pregava a Boa Nova, o Evangelho, a proximidade do Reino de Deus, quando a humanidade viverá em tempos de Justiça e Paz, seguindo os mandamentos de Deus, em harmonia com o Cosmos, a chegada do Dia do Senhor.

Segundo a presente proposta, a adoção do cristianismo após Constantino foi o início do desenvolvimento formal da apostasia, prevista pelo apóstolo Paulo, separando o Estado da Igreja, como se fossem realidades distintas. “Antes daquele dia virá a apostasia, e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição” (2Tes 2, 3).

O cristianismo é ciência no seu aspecto mas fundamental, como religião que une a parte ao todo, para que “Deus seja tudo em todos” (1Co 15, 28).

A apostasia se desenvolveu a partir da ideia de santo Agostinho de uma cidade de Deus que não seja a própria vida cristã em sociedade, o Espírito encarnado, interpretando equivocadamente as sagradas escrituras, notadamente quanto à natureza do Reino de Deus, ao reino milenar predito no apocalipse.

A mentalidade judaica de Jesus não separava ciência, filosofia, direito, política e religião, sendo a apostasia essa fragmentação, que hoje vivemos em seu ápice.

O Reino milenar de Cristo é jurídico, baseado em sua igreja (ekklesia), fundada no homem (humanidade) como filho de Deus, em unidade Espiritual, em comum unidade, em comunidade, quando os apóstolos, os enviados do Ungido, do Espírito Santo, da Razão Santa, se sentam em tronos para julgar as nações, ou seja, o apocalipse tem significado científico – ligado ao desequilíbrio ecológico e filosófico; político – o exercício do poder em nome de Deus ou de Mamon (dinheiro); e jurídico – a natureza normativa da sociedade em torno de leis, com natureza moral e científica, com filosofia integral, como era no judaísmo.

A chave para a correta interpretação do Evangelho é a passagem de João, capítulo 18, versículo 36, quando Jesus diz a Pilatos que seu Reino não é deste mundo “agora”, naquela época. O termo “agora” é fundamental para a interpretação do Evangelho, em que pese não constar em todas as traduções do texto bíblico. Não é que o Reino nunca fosse deste mundo, apenas não era deste mundo no período romano vivido por Jesus. Este mundo era o tempo do império romano. “’Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel?’ E ele respondeu-lhes: ‘Não compete a vós conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade’” (At 1, 6-7). O início da restauração da realeza de Israel ocorreu em 1948, quando o efeito messiânico da atividade de Jesus, pela implantação dos direitos humanos universais, levou a ordem político-jurídica internacional a estabelecer o Estado de Israel, que ainda carece de reconhecer Jesus Cristo como o Ungido, o Messias Judeu, quando será cumprida a profecia de Zacarias 12, 10: “eles olharão para mim a respeito daquele que eles transpassaram, eles lamentarão como se fosse a lamentação por um filho único; eles chorarão como se chora sobre o primogênito”.

A divisão cartesiana de res cogitans e res extensa, que foi superada por Hegel em sua filosofia monista/monoteísta, mostrou-se equivocada também pelas descobertas da nova física, segundo a qual não há separação entre mente e matéria, pois o observador e o observado, o sujeito e o objeto se tornam uma unidade intelectual, como desenvolvido por David Bohm em sua perspectiva ontológica da física.

A epistemologia romana, como positivismo jurídico, e a ontologia cristã, com realidade total, se uniram nos direitos humanos do século XX, mas a metafísica permanece separada, sem a devida explicação da unidade da natureza e do espírito.

A filosofia ocidental moderna continua apegada ao paradigma kantiano, que não aceita o conhecimento da coisa em si, gerando a esquizofrenia do mundo em que vivemos.

A filosofia heideggeriana e a hermenêutica filosófica de Gadamer persistem na limitação do ser, que por natureza é perene, insistindo na provisoriedade mortal do estar, equívoco que é muito propiciado pelos verbos “sein” e “to be”, anglo-germânicos, que significam condições ontologicamente opostas, contendo os conceitos dos verbos “ser”, que é, por natureza, perene, eterno, e “estar”, que é provisório, momentâneo. Deus se identificou a Moisés como “Eu Sou”, o que não é o mesmo que “eu estou”.

O fundamento do ser é o Logos, que estava no princípio, e continua sendo. A ciência materialista se apega ao enumerar, ao contar, do termo logos, um de seus significados, que também tem as acepções de palavra, verbo, discurso, narrativa, razão, raciocínio, inteligência.

O Logos é a norma fundamental de Kelsen, real, e não hipotética, que dá unidade a qualquer sistema jurídico, permitindo o significado de constituição e indicando o todo normativo da comunidade, que hoje é internacional, como já previsto pelo Evangelho em sua universalidade.

Modernamente, a teoria da argumentação jurídica e a ponderação usam parte desse entendimento, mas sem a metafísica do todo físico.

Fisicamente, o todo é o holomovimento, pois a realidade é um todo indivisível e incomensurável (David Bohm); teológica e filosoficamente é a ideia, que é real enquanto racional, o Logos (Hegel); enquanto psicologicamente é o si-mesmo, do qual o símbolo é Cristo (Jung).

Os sistemas jurídicos contemporâneos se baseiam na figura do juiz, que deve seguir o modelo de Cristo, buscando a santidade, com conduta irrepreensível na vida pública e particular, sendo a manifestação viva da Lei, e tendo assim a condição pessoal e social de proferir os julgamentos corretamente (não só com império, mas também com autoridade), adotando o método cristão, na medida em que Jesus, como caminho (método), verdade (conhecimento) e vida (plenitude do ser) é o exemplo humano de Deus, Logos, como conceito que é real, universal e singular, simultaneamente.

A função do Direito como metafísica, ciência e teologia é provocar o arrependimento, ou seja, a mudança de visão, de atitude da pessoa perante o mundo, de modo a estar em conformidade com o holomovimento, com o Logos, vivendo a vida eterna, sendo expressão do Reino de Deus.