Não se pode ignorar a fala de Francisco, que indiretamente negou os fundamentos não só do Cristianismo, do que certamente ele não tinha ciência, porque tais fundamentos são hoje obscuros para a maioria absoluta da população mundial, pelos atuais entendimentos teológicos majoritários, como também viola preceitos estabelecidos pela própria Igreja Católica Apostólica Romana.
O papa do fim do mundo talvez seja mesmo o papa do fim do mundo.
Francisco está amando um ídolo, uma imagem, a criatura, e negando o criador, em sua fala pretensamente amorosa. “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5, 29), pelo que não se pode violar as normas da razão, da natureza, e da inteligência, para obedecer a sentimentos de falsa piedade humana.
No vídeo “Papa Francisco e a união civil homossexual” (https://www.youtube.com/watch?v=7DK6Apebw3k), a questão controversa é bem enfrentada, mostrando como a fala de Francisco não só ocorreu, porque não contestado tal fato pelos canais oficiais do Vaticano até o momento, como contraria a doutrina oficial da Igreja. Expõe, ainda, a ideia de que o homossexual pode pertencer a uma família, que não deve expulsá-lo da convivência tão somente por causa de sua opção sexual, desde que mantenha comportamento adequado, o que é parte do tratamento cristão e humano às pessoas, mas que isso não implica em reconhecer a identidade entre a família formada por homem e mulher e o agregado de homossexuais.
Ao defender uma lei de convivência civil, ou união civil, entre homossexuais, Francisco contraria texto oficial da doutrina oficial da Igreja:
“A Igreja ensina que o respeito para com as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais. O bem comum exige que as leis reconheçam, favoreçam e protejam a união matrimonial como base da família, célula primária da sociedade. Reconhecer legalmente as uniões homossexuais ou equipará-las ao matrimónio, significaria, não só aprovar um comportamento errado, com a consequência de convertê-lo num modelo para a sociedade actual, mas também ofuscar valores fundamentais que fazem parte do património comum da humanidade. A Igreja não pode abdicar de defender tais valores, para o bem dos homens e de toda a sociedade”. (http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20030731_homosexual-unions_po.html)
Tom Wright também se manifesta sobre o tema (https://www.youtube.com/watch?v=xKxvOMOmHeI&t=29s), dizendo que a ideia de casamento, por milhares de anos, e em várias culturas, sempre significou a união entre macho e fêmea, entre homem e mulher, e que a ideia de mudar o significado da palavra casamento (que valeria para a união civil) para incluir pares homossexuais faz parte de uma agenda que implica alterar o significado de outros conceitos sociais fundamentais. Essa agenda é a doutrina materialista, atribuída ao falso profeta, que pretende se passar por mensageiro da verdade, quando o que prega é o embuste e a mentira, com o embuste de ser argumento científico.
Outro vídeo que recomendo é o de Yago Martins, no seu canal Dois Dedos de Teologia (https://www.youtube.com/watch?v=Kb7Ru6vge_4&t=620s), abordando a questão homossexual nas escrituras, com o respeito que a questão merece ser enfrentada, sem demonizar os gays, comparando seus pecados a outros praticados por pessoas heterossexuais.
O que se pode dizer é que Francisco está sob a influência do canto da sereia, tendo perdido contato com a realidade teológica que deveria defender, porque sua aceitação da reiterada conduta anômala, ou mesmo de sua normalização, significa não só aprovar um comportamento errado, com a consequência de convertê-lo num modelo para a sociedade atual, mas também ofusca valores fundamentais que fazem parte do patrimônio comum da humanidade, abdicando de defender tais valores, alcançados para o bem dos homens e de toda a sociedade.
Uma coisa é o respeito devido às pessoas homossexuais, outra, muito distinta, é aprovar os comportamentos praticados segundo essa orientação inferior, conferindo-lhes dignidade jurídica de normalidade, amparo legal ou proteção social. Uma analogia pode ser feita com a psicopatia, o que vale para outras deficiências mentais ou fisiológicas, porque o psicopata não tem direitos como psicopata, ele tem direitos por ser pessoa humana, não se podendo falar em direitos associados àquela qualidade negativa, na medida em os direitos são ligados às pessoas, por sua dignidade ao menos potencial, ou, quando muito, às qualidades positivas decorrentes de determinada função social relevante, vinculados à sua utilidade em uma sociedade meritocrática, fundada em determinados valores, de origem espiritual, em que determinados bens são juridicamente protegidos.
Uma questão básica da evolução da vida, que culmina na humanidade, é a diferenciação sexual, pois os seres vivos nas camadas mais inferiores da escala evolutiva não têm essa distinção, de modo que negar a diferença entre as qualidades e funções biológicas é rejeitar a realidade das coisas e adotar procedimento anticientífico. O pensamento igualitário não pode ser levado ao extremo da irracionalidade, porque a ideologia não tem o poder de alterar a realidade das coisas, e ainda que a mentira consiga atuar por algum tempo, a força da Natureza e da Verdade, no fim das contas, sempre irá se impor.
Tomando-se o exemplo da corrente elétrica, os polos positivo e negativo são distintos, sendo que o funcionamento das máquinas é baseado nessa oposição, que não pode ser ignorada, sob pena de mal funcionamento ou acidentes. Contudo, na vida humana pretende-se negar a distinção entre X e Y, XX e XY, o que, deve-se repetir, é contrário à metodologia científica. Caso um gráfico seja montado alterando-se indistintamente os eixos X e Y, não se poderá saber qual informação está sendo passada, de modo que a devida especificação das características, qualidades e funções é crucial para a correta atividade científica, pelo que equiparar situações tão distintas quanto as uniões heterossexuais e as homossexuais é adotar comportamento indigno de acolhimento como discurso científico, tratando-se, na verdade, de ideologia da pior espécie, a qual, infelizmente, tem sido acolhida por Francisco.
Portanto, Francisco peca tanto contra a Teologia quanto contra a Ciência, contra a coerência racional, o pensamento estabelecido em racionalidade fundada na realidade das coisas e no pensamento inteligente, que remete a Jesus Cristo e aos profetas, aos verdadeiros homens da Ciência, em que pese a ideologia materialista que tomou conta da divulgação científica nas últimas décadas, alterando até mesmo as orientações da Organização Mundial de Saúde, que passou a entender que X e Y são a mesma coisa.
E caso se considere a legislação na sua devida dignidade, como aquilo que deve representar a própria ordem natural, direcionando corretamente o sentido da evolução humana segundo melhores ideias, também há que se rejeitar a proposta de união civil homossexual.
Isso não significa não conferir direito às pessoas, como a participação patrimonial em sociedades de fato, ou a convivência respeitosa em ambientes públicos, mas dentro de determinados limites bem estritos, com a discrição necessária para não causar escândalo aos pequeninos, porque igualar ou mesmo aproximar a família que funda e sempre fundou a sociedade a agregados decorrentes de vontades viciadas é ofuscar os valores fundamentais que fazem parte do patrimônio comum da humanidade, e abdicar de defender tais valores, alcançados para o bem dos homens e de toda a sociedade.
A regulamentação dos comportamentos tem também uma função pedagógica, mostrar a experiência adquirida quanto a determinadas ações, para evitar males delas decorrentes, de modo que o exemplo de comportamento é de grande relevância, pela função educadora, para o bem e para o mal.
“Caso alguém escandalize um destes pequeninos que creem em mim, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! É necessário que haja escândalos, mas ai do homem pelo qual o escândalo vem! Se a tua mão ou o teu pé te escandalizam, corta-os e atira-os para longe de ti. Melhor é que entres mutilado ou manco para a Vida do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres atirado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandaliza, arranca-o e atira-o para longe de ti. Melhor é que entres com um olho só para a Vida do que, tendo dois olhos, seres atirado na geena de fogo” (Mt 18, 6-9).
Antes dessa passagem o Mestre tinha acabado de falar: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18, 3).
O Evangelho tem a função de anunciar o Reino dos Céus, em suas dimensões tanto espiritual como política, de modo que o correto comportamento social é fundamental para seu desenvolvimento, e é exatamente contra esse modelo de ação que Francisco se coloca ao apoiar a malsinada união civil.
As crianças são puras, e também muitos crentes, de modo que é realmente um escândalo a fala de Francisco, pela importância de sua posição social, o que leva para o centro do papado o erro e a doutrina enganosa de homens que têm corrompido a sociedade e seu ideário de vida santa, revertendo a doutrina cristã em direção à carne, e à carne viciada, impedindo que as pessoas se tornem como as crianças, criando obstáculos para a entrada no Reino dos Céus.
Esquece Francisco o caminho em direção à santidade que dever orientar a caminhada humana, segundo a doutrina que deveria expressar.
“Os filhos deste século casam-se e dão-se em casamento; mas os que forem julgados dignos de ter parte no outro século e na ressurreição dos mortos, nem eles se casam, nem elas se dão em casamento; pois nem mesmo podem morrer: são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lc 20, 34-36).
O apóstolo Paulo chega a falar que a castidade é melhor e mais santa do que a vida conjugal, mas não impõe o celibato, destacando a direção do melhor comportamento humano.
“Quisera que todos os homens fossem como sou; mas cada um recebe de Deus o seu dom particular; um, deste modo; outro, daquele modo. Contudo, digo às pessoas solteiras e às viúvas que é bom ficarem como eu. Mas, se não podem guardar a continência, casem-se, pois é melhor casar-se do que ficar abrasado” (1 Cor 7, 7-9).
Os tempos são realmente sombrios, porque quem deveria ser luz está divulgando a doutrina das trevas:
“Assim, se a luz que existe em você é escuridão, como será grande a escuridão” (Mt 6, 23).