Qual a mensagem?

Diz-se que vivemos na sociedade da informação. A palavra informação está ligada ao tema da comunicação, em que há troca e aumento de conhecimento compartilhado.

Informação é palavra de origem latina, e significa “dar forma”. E forma também tem origem latina, ligando-se a “imagem, figura, aspecto, aparência, molde”.

Podemos associar informação, portanto, a modelo, a ideia, a contexto e a paradigma.

Informação se refere a sentido, a mensagem, a transmissão de dados, com forma, com contexto. A interpretação dos dados torna a informação propriamente informação, um sinal com sentido, inserindo um conteúdo significativo dentro de uma imagem significativa.

Segundo a física moderna, o mundo é feito de informação, sendo que as unidades básicas da realidade, os campos, trocam informações por meio de fótons, de luz. Luz é informação, energia, conteúdo, forma, pois a luz tem natureza dual, corpuscular e ondulatória, é radiação eletromagnética com comprimentos de ondas e frequências variadas, formas variadas.

Os corpos podem ser considerados como feitos de luz congelada, como afirma David Bohm. Os corpos são a parte congelada da luz, mas também estão em movimento constante, emitindo informações. Deus, como Logos, é a Luz da luz, controla a ordem implicada que conduz a ordem manifesta, a Luz que permite o congelamento da luz, formando os corpos, como luzes dentro da Luz.

O Logos se liga à ordem implicada, à ordem interna do mundo, sua Unidade, que dá origem à ordem explicada, a ordem externa.

Clearly the manifest world of common sense experience refined where necessary with the aid of the concepts and laws of classical physics is basically in an explicate order. But the motion of particles at the quantum level is evidently also in an explicate order. However, as we have sugested in chapter 8, this latter order is not always at the manifest level because it is profoundly affected by the active information represented by the quantum potential. This latter operates in a subtle way and accordin to what has been said in this chapter, this operation is in an implicate order. Therefore the particle movement is not understood fully as self-determined in the explicate order in wich it is described. Rather, this explicate order reveals the deeper implicate order underlying its behavior” ((David Bohm and Basil J. Hiley. The undivided universe: An ontological interpretation of quantum theory. New York: Routledge, 2005 p. 362)

Claramente, o mundo manifesto da experiência do senso comum, refinado, quando necessário com a ajuda dos conceitos e leis da física clássica, está basicamente em uma ordem explicada. Mas o movimento de partículas no nível quântico evidentemente também está em uma ordem explicada. No entanto, como sugerimos no capítulo 8, esta última ordem nem sempre está no nível manifesto porque é profundamente afetada pela informação ativa representada pelo potencial quântico. Este último funciona de forma sutil, e de acordo com o que foi dito neste capítulo, esta operação está em uma ordem implicada. Portanto, o movimento das partículas não é totalmente compreendido como autodeterminado na ordem explicada na qual ele é descrito. Em vez disso, essa ordem explicada revela a ordem implicada mais profunda conduzindo seu comportamento”.

Desse modo, todos os movimentos significam trocas de informações, no nível mais básico das coisas, ligadas a um nível dobrado para dentro do Universo, em sua Unidade subjacente a tudo, na ordem implicada.

Também nós, enquanto seres em movimento, trocamos informações permanentemente, enviamos e recebemos informações a todo tempo.

Nossa vida é, outrossim, uma constante mensagem, da concepção à morte. Estamos sempre enviando mensagens para o cosmos, e recebendo mensagens cósmicas.

Cada ramo científico processa os dados, os sinais cósmicos, de uma perspectiva específica e parte de uma determinada referência paradigmática, dando forma a essas mensagens. A biologia foca na autorreprodução de informação em organismos. A química trabalha com a forma de organização da informação nos níveis mais básicos da realidade, assim como a física ao estudar o movimento da informação mais fundamental. A história também tem seu foco no desenvolvimento da informação no tempo. O direito estuda a informação na perspectiva do movimento humano e seus efeitos sobre as pessoas e o mundo.

Contudo, a abordagem reducionista da informação é evidentemente insatisfatória, sendo necessária uma perspectiva completa e integrada de todos os dados disponíveis, de modo que o todo da realidade tenha uma imagem inteligível. Essa função é exercida pela Filosofia, que adota o paradigma da unidade racional do conjunto das informações, buscando o Todo, o contexto maior, o mesmo sendo feito pela Teologia, ao organizar a informação a partir de um princípio espiritual.

O processamento da informação exige razão e experiência, ou seja, a ideia correta do modelo de mundo para inserir o dado no contexto adequado, que é conhecido por uma vivência prévia, intelectual ou sensorial, desse mesmo contexto, como os preconceitos no entendimento de Gadamer, considerando-se os dados mais relevantes, mais fundamentais, mais ligados à origem comum, universal de todos os dados, o que é condição da comunicação sensível e/ou inteligível, algo comum que permita a tradução.

E nesse ponto a filosofia materialista soçobra, pois a comunicação autêntica é necessariamente inteligível, servindo a sensibilidade apenas para qualificar a inteligibilidade, na medida em que vivemos em corpos, em unidades relativas que interagem com o organismo cósmico. A comunicação, portanto, é espiritual, pois apenas o espírito, que transcende os corpos individuais, pode permitir a comunicação, a ideia comum.

Aqueles ligados ao ego, às próprias sensações, os chamados psíquicos, não têm a capacidade de perceber isso, por sua limitação espiritual.

Quanto a nós, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que vem de Deus, a fim de que conheçamos os dons da graça de Deus. Desses dons não falamos segundo a linguagem ensinada pela sabedoria humana, mas segundo aquela que o Espírito ensina, exprimindo realidades espirituais em termos espirituais. O homem psíquico não aceita o que vem do Espírito de Deus. É loucura para ele; não pode compreender, pois isso deve ser julgado espiritualmente. O homem espiritual, ao contrário, julga a respeito de tudo e por ninguém é julgado. Pois quem conheceu o pensamento do Senhor para poder instruí-lo? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo” (1Cor 2, 12-16).

E Cristo é exatamente a realidade espiritual, intelectual, do cosmos, é o Logos. Por isso ele disse, “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

O que Jesus Cristo quis dizer com isso? Ele falou que é a mensagem. Ele poderia dizer hoje: “Eu sou a mensagem”, ou “Eu expresso o Todo”, “Eu sou a totalidade cósmica”, “Eu sou o potencial quântico realizado”, “Eu sou a informação ativa”. Isso por que o mensageiro é a mensagem. A mensagem de Jesus é: a realidade é Una e nos abrange a todos, este corpo, da forma como está, é provisório, e há ressurreição; a morte do corpo não encerra a Vida. Essa é uma parte de sua mensagem da Boa Nova, do Evangelho.

A mensagem é no sentido de que a realidade é mais do que as aparências corporais, e obedece a uma Ordem, implicada e Una, a realidade é cósmica, e racional, é Logos, e se manifesta na humanidade, pelo Reino de Deus iniciado por Jesus Cristo. Isso, a realidade cósmica, ordenada, também é o que nos diz a ciência humana, dentro de uma racionalidade limitada, chegando alguns a dizer que existem bilhões de universos, e outros que somos, em nossas vidas, meras simulações de computadores do futuro. E os que falam isso são cientistas sérios. Esse argumento somente reforça a cosmovisão Cristã, do Logos de Deus.

O livro do Apocalipse relata uma guerra céu, que é uma guerra intelectual e espiritual, a qual foi vencida por Miguel, o anjo que é como Deus, pois o intelecto exige todas as razões e a coerência entre elas. O Dragão perdeu a guerra no céu, ou seja, o egoísmo e o individualismo são racionalmente insustentáveis, a inteligência do Dragão perdeu a guerra da Razão, pois esta é coletiva, é o Logos, partindo para a terra, para o reino material da força bruta.

Houve então uma batalha no céu: Miguel e seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão batalhou, juntamente com seus Anjos, mas foi derrotado, e não se encontrou mais um lugar para eles no céu. Foi expulso o grande Dragão, a antiga serpente, o chamado Diabo ou Satanás, sedutor de toda a terra habitada — foi expulso para a terra, e seus Anjos foram expulsos com ele. Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando: ‘Agora realizou-se a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo: porque foi expulso o acusador dos nossos irmãos, aquele que os acusava dia e noite diante do nosso Deus. Eles, porém, o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho, pois desprezaram a própria vida até à morte. Por isso, alegrai-vos, ó céu, e vós que o habitais! Ai da terra e do mar, porque o Diabo desceu para junto de vós cheio de grande furor, sabendo que lhe resta pouco tempo’” (Ap 12, 7-12)

Jesus Cristo é a imagem humana de Miguel. Jesus Cristo é o anjo como Deus, encarnado, o primeiro anjo, que tem em si a imagem da totalidade da criação em criação, o Arcanjo Miguel. A palavra anjo significa mensageiro, e Jesus Cristo é o mensageiro do Deus Único, fala em nome de Deus, o que é a missão do Profeta.

Como anjos, somos mensageiros, e testemunhas, de Deus ou de Satã, dependendo da mensagem que realizamos e transmitimos, dependendo do contexto a que estamos vinculados intimamente, ontologicamente.

Todos os nossos comportamentos expressam significados, enviam mensagens, que podem ou não ser compreendidos, dependendo do contexto do interlocutor, do paradigma simbólico em que o outro está inserido.

Nossos pensamentos, mesmo os mais íntimos, produzem reações químicas no cérebro, e ondas eletromagnéticas que se expandem por todo o cosmos, com ondas variadas, inclusive materialmente, na velocidade da luz, produzindo também ondas gravitacionais, mesmo que ainda não consigamos medi-las.

E é um fato que as ondas eletromagnéticas interferem no comportamento humano, e no corpo humano, existindo radiação que causa câncer, havendo até mesmo pessoas que são alérgicas a ondas eletromagnéticas, e por isso são obrigadas a viver longe das cidades.

Outrossim, importa o que as pessoas pensam e a forma como pensam. É importante, porque o pensamento modifica o mundo, tanto pela ação com base em ideias, como apenas o próprio pensamento, fisicamente, de forma sutil.

Existe, assim, maniqueísmo no mundo, um maniqueísmo ideológico, existem boas e más ideias, corretas e incorretas, com os correspondentes comportamentos bons e maus, coerentes e incoerentes, racionais e irracionais. E a guerra ideológica foi vencida pelo Logos, pela ideia de Deus, que é boa, correta, racional, integral e coerente.

A sabedoria do estulto é como uma casa devastada e a ciência do insensato é um discurso incoerente” (Eclo 21, 18).

Deus é Espírito, e Ideia racional e movimento, que é Forma racional, é Logos, e quando Esse Espírito é realizado, tornado real, encarnado, é o próprio Deus que encarna, como ocorreu em Jesus Cristo.

Jesus Cristo expressa a mensagem do Logos, do pensamento Santo, do Espírito Santo, da Ideia perfeita, que é sutil e que poucos conseguem captar pelo Espírito, porque poucos estão ligados à Totalidade significativa em que Ele vive, pois essa totalidade implica e exige um desapego da individualidade corporal e sensorial, para que seja possível abarcar a coletividade espiritual, para a qual “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”, na medida em que poucos escolhem verdadeiramente a Verdade.

Portanto, sempre somos mensageiros, somos anjos, testemunhas, estejamos conscientes disso ou não. E você? É mensageiro do que? De quem? Que forma seu comportamento e seus pensamentos dão ao Universo? Qual a sua mensagem?

Infinito

O infinito é um problema para a ciência, e para o conhecimento.

Há pouco tempo deparei-me com uma página na internet, “Cosmos e Contexto”, organizada pelo físico brasileiro Mário Novello, especialmente o artigo “O infinito e as formas físicas” (https://cosmosecontexto.org.br/o-infinito-e-as-formas-fisicas/), em que consta o seguinte:

Para começar nossa caminhada escolhi recorrer a Giordano Bruno. Eu poderia procurar muito lá atrás, em Euclides, nos filósofos gregos que refletiram sobre o uno e o múltiplo e consequentemente tiveram que enfrentar o zero e o infinito. No entanto, minha escolha se deu porque Bruno encara fortemente o destino trágico que permeia o pensador que ousa ser diferente, pensar contra o establishment, se opor ao que a sociedade dos sábios consagrou como verdade. E porque Bruno simboliza esse caminhar inevitável para o fogo que consome”.

Embora o zero e o infinito estejam intimamente relacionados – define-se o inverso do zero como sendo infinito – a atitude dos físicos face a esses dois números extremos é distinta. Enquanto o infinito produz horror aos físicos, o zero não provoca essa reação. Ao contrário, um procedimento bastante generalizado entre os físicos, o zero – que tradicionalmente representa o vazio, ausência de quantidades físicas – é utilizado como ponto de partida para uma descrição completa de tudo-que-existe” (Grifo nosso).

Ou seja, o aparecimento do valor infinito em uma situação física é a prova de que a validade dessa teoria se esgota ali. De modo semelhante à atitude dos físicos em relação ao eletromagnetismo, Einstein no começo dos anos cinquenta sugeria que, para evitar os infinitos que podem aparecer em certas situações descritas por sua teoria da relatividade geral, as equações dinâmicas dessa teoria deveriam ser alteradas quando a intensidade do campo gravitacional ultrapassasse certo valor, com a única justificativa de que o infinito não é uma quantidade aceitável em uma configuração real” (Grifo nosso).

No caso do eletromagnetismo, o infinito aparece ao examinarmos o campo gerado por uma carga elétrica. Mais grave ainda: esse infinito ocorre continuamente ao longo de sua trajetória. Devemos notar que essa característica não é exclusiva da força eletromagnética, mas igualmente ocorre no outro tipo clássico de forças conhecido, a interação gravitacional. Essa dificuldade admitia duas alternativas: ou se mudava a teoria de Maxwell que descrevia a dinâmica do campo eletromagnético permitindo o aparecimento de processos não lineares ou então se procurava uma solução no interior dessa teoria capaz de contornar essa dificuldade”.

O presente artigo também decorre da leitura de God as reason, de Vittorio Hösle, pois o capítulo 11 tem como título Platonism and Anti-Platonism in Nicholas of Cusa’s Philosofpy of Mathematics (Platonismo e Anti-Platonismo na Filosofia da Matemática de Nicolau de Cusa), e em decorrência dessa leitura acabo de adquirir “A Douta Ignorância e A Visão de Deus”, de Nicolau de Cusa, e “Acerca do Infinito, do Universo e dos Mundos”, de Giordano Bruno, uma vez que ambos tratam do infinito e, como eu, contrariam o pensamento dominante. Fossem outros os tempos, provavelmente eu seria queimado na fogueira…

Portanto, como o infinito já estava nos meus pensamentos, antes mesmo de ler os citados livros decidi redigir um artigo sobre o tema.

Mario Novello, em um de seus artigos do aludido sítio virtual, ressalte-se, cita expressamente David Bohm, o qual também aborda a questão do infinito na física, como pode ser extraído da entrevista com título O universo que Dobra e Desdobra (http://escoladedialogo.com.br/escoladedialogo/index.php/biblioteca/o-universo-que-dobra-e-desdobra/):

Se você fizesse a soma de todas as ondas em qualquer região do espaço vazio, descobriria que elas possuem uma quantidade infinita de energia porque é possível um número infinito de ondas. Entretanto, você pode ter razão para supor que a energia pode não ser infinita, que talvez você não possa continuar somando ondas que são cada vez mais curtas, cada uma delas contribuindo para a energia. Pode haver alguma onda que seja a menor possível, e então o número total de ondas seria finito e a energia também seria finita. Agora, você perguntará qual seria o mais curto dos comprimentos e parece haver razão para suspeitar que a teoria gravitacional pode nos fornecer algum comprimento que seja o mais curto, porque, de acordo com a relatividade geral, o campo gravitacional também determina aquilo que se entende por ‘comprimento’ e por métrica. Se você diz que o campo gravitacional constitui-se de ondas quantizadas dessa maneira, você descobre que deve haver um certo comprimento abaixo do qual o campo gravitacional torna-se indefinível devido a esse movimento no ponto zero e você não seria capaz de definir comprimento. Portanto, você poderia dizer que a propriedade da medição, o comprimento, se desvanece a uma distância muito curta e você descobriria que o lugar onde ele desaparece mediria aproximadamente 10-33cm(dez elevado a menos trinta e três centímetros). É uma distância muito curta porque as mais curtas distâncias que os físicos já sondaram mediriam 10-16cm (dez elevado a menos dezesseis centímetros) mais ou menos, e o caminho que resta para se percorrer é ainda muito longo. Se você então computar a quantidade de energia que estaria no espaço com aquele comprimento de onda mais curto possível, verificará que a energia num centímetro cúbico é imensamente superior à energia total de toda matéria conhecida no universo” (Grifo nosso). Para que seja possível entender a escala citada, o tamanho do mencionado comprimento mínimo, o seguinte sítio é muito interessante, pelo qual é possível ter uma noção comparativa das menores às maiores coisas do universo – http://htwins.net/scale2/lang.html.

Bohm também considera infinito o holomovimento, que é tido como o fundamento da realidade e prossegue além de quaisquer limites, e por isso a ideia humana nem sempre pode alcançá-lo.

Deus é Infinito, e Eterno. Nesse sentido, os profetas, de várias formas, conseguiram e conseguem atingir esse Infinito, trazendo para nossa vida, em que definimos limites para tudo, para podermos viver, parte do que vislumbraram do infinito, e de Deus. A dificuldade sempre ocorre pelo fato de ser impossível traduzir o infinito em termos finitos, e isso leva a possíveis deturpações das mensagens proféticas. Quando o profeta se comunica com nomes, que limitam os seres, o inominável inevitavelmente se perde, e o joio acaba se misturando com o trigo.

Existem várias ideias de infinito, umas mais amplas e outras mais restritas. O buraco negro é uma ideia de infinito matemático, assim como a singularidade cosmológica. Os corpos físicos, como o buraco negro e a totalidade cósmica, portanto, significam ideias em formas físicas, pois os corpos incorporam ideias, corpos são ideias encarnadas.

E os corpos são tanto mais dignos quanto mais dignas as ideias que incorporam, ou encarnam.

Deus é infinito, e é Logos. O corpo humano pode incorporar essa ideia, pela ação que encarna a eternidade, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, tornando-se a própria humanidade; ou pode incorporar o egoísmo, uma ideia incomunicável, pois infinitamente limitada, como na encarnação do mal, chamado de anticristo, um buraco negro ambulante do qual nada escapa, sendo desumano.

Para entendermos o mundo infinito, desse modo, é preciso definir um contexto, traçando um infinito menor, dentro do infinito maior, definir α (alfa) e (ômega).

Pode-se narrar uma história de várias formas, por exemplo: “João acordou e foi trabalhar”. Definido o contexto, dentre muitos infinitos, as possibilidades são indefinidas, pois entre o acordar e o chegar ao trabalho podem ser incluídos inúmeros eventos: como abrir os olhos, olhar em volta, escovar os dentes, pensar em algum problema pendente etc. O importante é não perder o contexto.

Entre 0 (zero) e 1 (um) há infinitos números, pelo que a unidade também é, de certa forma, infinita.

A vida humana é, portanto, um infinito (dentro de infinitas possibilidades), e depois seguiremos para outro infinito, a vida eterna, que é um outro nível de infinito, o qual pode ser aberto ou fechado, dependendo de como nos comportamos, podendo seguir como 0,1 – 0,01 – 0,001 – 0,0001 – 0,00001 …, em direção ao zero, à inexistência, à insignificância, ou como 1 – 2 – 3 – 4 – 5 …, rumo a um infinito majestoso.

O infinito está presente até mesmo no Direito, notadamente a sua limitação. O Direito limita os comportamentos como aceitáveis ou inaceitáveis, definindo-os como lícitos, dentro da legalidade, ou ilícitos, além dos limites legais. No direito penal, a teoria da imputação objetiva afasta o infinito, limitando o alcance do nexo de causalidade para fins de imputação penal no crime culposo. O direito processal também tem como base a limitação do infinito, restringindo a possibilidade probatória dentro de uma determinada razoabilidade, limitando o rol de testemunhas, pois, em tese, poder-se-ia pedir a oitiva de todos os habitantes do planeta, atuais e futuros, em um determinado processo. Do mesmo modo, os recursos não podem ser infinitos, para que o próprio processo não seja eternizado.

A própria moral significa a restrição racional do comportamento, e quem age dentro dos limites age moralmente. Portanto, é preciso contenção. Segundo o Logos, é preciso contenção para vivenciar o infinito.

“Pois que o seu divino poder nos deu todas as condições necessárias para a vida e para a piedade, mediante o conhecimento daquele que nos chamou pela sua própria glória e virtude. Por elas nos foram dadas as preciosas e grandíssimas promessas, a fim de que assim vos tornásseis participantes da natureza divina, depois de vos libertardes da corrupção que prevalece no mundo como resultado da concupiscência. Por isto mesmo, aplicai toda a diligência em juntar à vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento, ao conhecimento o autodomínio, ao autodomínio a perseverança, à perseverança a piedade, à piedade o amor fraternal e ao amor fraternal a caridade. Com efeito, se possuirdes essas virtudes em abundância, elas não permitirão que sejais inúteis nem infrutíferos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas aquele que não as possui é um cego, um míope: está esquecido da purificação dos seus pecados de outrora” (2Pe 1, 3-9).

Para participar da natureza divina infinita é preciso contenção, autodomínio.

Outrossim, o sentido da vida está ligado a um contexto, a uma limitação do infinito tendo em vista um infinito maior, a restrição da liberdade para vivenciar a autêntica Liberdade, que é livre das prisões materiais. E por tudo que até agora vi e aprendi, o melhor infinito foi traduzido por Jesus Cristo, “O” Profeta, O Profeta Senhor, o Ápice da hierarquia profética, Ungido pelo Infinito, e dentre todos os infinitos possíveis mostrou-nos o Infinito Absoluto, o próprio Deus, cuja Lei define o conceito de humanidade, sendo Jesus Cristo o limite do infinito humano coletivo, além dos infinitos individuais, pois nós não temos capacidade para, acima ou além Dele, chegar ao conhecimento de Deus, que é Inominável, Insondável, Inconcebível, além de Infinito.

O Insondável (Tao) que se pode sondar

Não é o verdadeiro Insondável.

O Inconcebível que se pode conceber

Não indica o Inconcebível.

No Inominável está a origem do Universo” (Lao Tse. Tao Te Ching: o livro que revela Deus. Tradução Huberto Rohden. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 27).

A dupla natureza de Jesus Cristo

O título do presente artigo seria algo como erros filosóficos da relatividade einsteiniana, pois teria como base a leitura do livro A Teoria da Relatividade Especial e Geral, de Albert Einstein, mas antes de começar a escrever o texto, enquanto assistia a um documentário sobre a História do Cristianismo, a expressão “a dupla natureza de Jesus Cristo” foi mencionada e, então, a inspiração para o artigo surgiu, decorrente da expressão “natureza dupla” da realidade física citada no livro.

A Cristologia, o estudo sobre a natureza de Jesus Cristo, está no centro da Teologia Cristã. Após recentes reflexões, considerando os dois primeiros artigos (Para uma nova ciência e Ciência: a luta do cosmos contra o caos) e o mais recente (Religiões jurídicas), depois de ler Teologia Política, de Carl Schmitt, uma questão ficou ainda mais clara para mim, o fato de que a matéria tratada nos artigos é Teologia.

Nesse sentido, a tese que se mostra cada vez mais clara é a de que, como descrito no artigo Trindade: uma heresia, a teoria trinitária, a concepção de trindade, é um grande erro teológico, ainda que tenha sido necessário para o desenvolvimento histórico do Cristianismo. E partir desse pressuposto, a escatologia Cristã majoritária também foi contaminada, seguindo a tese geral de santo Agostinho da existência de dois reinos diferentes, a cidade dos homens e a cidade de Deus, e da alegorização da era messiânica, rejeitando o milenarismo.

No artigo A natureza da Natureza, citei a tese de Louis de Broglie sobre dualidade onda-partícula da “matéria”, e Einstein afirma que, entre os físicos, “predomina a convicção de que a natureza dupla (estrutura corpuscular e estrutura ondulatória), solidamente provada pela experiência, só pode ser alcançada através desse enfraquecimento do conceito de realidade”, ou seja, eles físicos entendem não ser possível “uma teoria física que descreve a realidade física de maneira exaustiva”, segundo uma teoria de campos (Albert Einstein. A Teoria da Relatividade Especial e Geral. Trad. Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999, p. 130).

A conclusão óbvia a que cheguei, decorrente dessas duplas naturezas, é de que não só Jesus Cristo possui duas naturezas, uma humana e outra divina, mas, de certa forma, toda criação é assim constituída, segundo as conclusões da física moderna. Jesus Cristo possui duas naturezas, uma carnal, humana e visível, enquanto outra é espiritual, divina e invisível. Jesus é o homem visível, imanente à criação, e Cristo é o Espírito invisível e transcendente ao corpo, é a manifestação visível da Totalidade invisível, do Logos.

A natureza criada é, assim, dupla, corpuscular e ondulatória, imanente e transcendente. A visão de mundo segundo a física de campos indica que a realidade de tudo transcende os fenômenos locais, pois os campos se estendem infinitamente, pelo que a imanência pode ser entendida como um estado da transcendência. A matéria por nós conhecida é a interferência de campos, transcendentes. Dentre os atributos de Deus está a onipresença, pelo que Deus, ao mesmo tempo, está presente em tudo e transcendente a tudo, como na proposta que se chama panenteísta. A presença de Deus em tudo, e em nós, é narrada pelos próprios apóstolos.

Tudo isto para que procurassem a divindade e, mesmo se às apalpadelas, se esforçassem por encontrá-la, embora não esteja longe de cada um de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e existimos, como alguns dos vossos, aliás, já disseram: ‘Porque somos também de sua raça’. Ora, se nós somos de raça divina, não podemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, à prata, ou à pedra, a uma escultura da arte e engenho humanos” (At 17, 27-29).

Por elas nos foram dadas as preciosas e grandíssimas promessas, a fim de que assim vos tornásseis participantes da natureza divina, depois de vos libertardes da corrupção que prevalece no mundo como resultado da concupiscência” (2Pe 1, 4).

Deus é Espírito, é Razão, é Inteligência, é Consciência, é o Eterno que transcende o provisório.

O humano, como imagem de Deus, possui, além do corpo individual, Espírito, Razão, Inteligência e Consciência; a diferença entre nós e Jesus está no fato de que Nele essas qualidades atingiram o patamar máximo, o nível máximo, o potencial atingiu seu ápice, Nele toda potência humana se tornou ato, a forma alcançou a plenitude, em Corpo e Espírito.

Em termos quânticos, pode-se dizer que existe um campo quântico que permeia todo universo, com informações na forma de energia e ondas, formando campos mais concentrados que chamamos corpos. Jesus Cristo, em sua perfeição humana, estava repleto do Espírito Santo, e por isso sua Razão era plena, tinha Inteligência máxima e Consciência total, reunindo todas as informações, de todos os níveis de realidade, em um todo coerente, pelo que Ele agia cosmicamente, segundo a ordem total do universo, no campo quântico.

Segundo David Bohm, o campo quântico contém informação, que é ativa.

In effect we have in this way introduced a concept that is new in the context of physics – a concept that we shall call active information. The basic idea of active information is that a form having very little energy enters into and directs a much greater energy. The activity of the latter is in this way given a form similar to that of the smaller energy” (David Bohm and Basil J. Hiley. The undivided universe: An ontological interpretation of quantum theory. New York: Routledge, 2005 p. 35). Em tradução livre: “De fato, nós introduzimos assim um conceito que é novo no contexto da física – um conceito que devemos chamar de informação ativa. A ideia básica da informação ativa é que uma forma que tem pouca energia entra e dirige uma energia muito maior. A atividade da última é assim dada uma forma semelhante à da energia menor”.

A informação ativa pode ser levada para o âmbito humano no sentido simbólico, na medida em a psique é movida por energia simbólica, em que uma pequena informação pode despertar movimentos de grande energia. A luz movimenta a planta, o cheiro do alimento, o animal; e a informação luminosa e olfativa conduzem movimentos de energias maiores, da planta e do animal. E porque o homem é um ser simbólico, é movido por informação, muitas vezes aparentemente sutil, de baixa energia.

Informação é energia, o fóton é energia e informação, a luz é energia, e a informação pode alterar e aumentar a qualidade do pensamento e da hermenêutica da realidade. A informação corretamente processada leva à maior compreensão do mundo, em salto quântico intelectual.

Da mesma forma que os elétrons giram em torno do núcleo, em suas órbitas, o pensamento humano também é curvo, gira em torno de centros significantes de interesse da pessoa, que podem se restringir apenas à própria pessoa ou se expandir para o mundo, como ocorre com o filósofo, ou para Deus, no caso do teólogo. Quando o elétron ganha energia de um fóton ele dá um salto quântico, passando a outra órbita, e a informação adquirida também é energia que pode levar o pensamento a um salto quântico, para um nível mais elevado e mais complexo da realidade, se corretamente processada, para o que é necessária atenção aos fenômenos, inclusive aos mais sutis.

O espaço-tempo material, segundo a relatividade, é curvo, em razão da gravidade, e tudo que existe no cosmo possui energia e também curva o espaço-tempo, produzindo ondas gravitacionais, ainda que de pouquíssima energia.

Nessa mesma linha, o interesse de um indivíduo significa pensamento voltado para alguma finalidade, que produz gravidade, atraindo o pensamento e a razão da pessoa para dentro da própria pessoa, servindo a seus interesses pessoais e egoístas. Nós fomos acostumados a pensar como se fôssemos separados de tudo o mais, por efeito da Queda, e por isso nossos pensamentos se processam automaticamente nesse sentido, de forma egoísta. Daí porque a diligência da pessoa, para que não tenha ideia torta, deve ser para elevar seus pensamentos a Deus, para conduzir sua razão ao Logos, à Razão coletiva e total, seguindo o Caminho de Jesus Cristo.

Se até a luz faz curva quando passa por um campo gravitacional, também os pensamentos fazem curva, e quanto mais próximo da pessoa estiver o pensamento, maior a ação da gravidade, mais o argumento curva o raciocínio na direção do seu interesse individual. Portanto, a informação, mesmo simbólica, tem peso psicológico e gravidade real, ainda que praticamente imperceptível atualmente em termos energéticos quantitativamente mensuráveis, mas claramente compreensível na capacidade de alterar o comportamento da pessoa qualitativamente.

Daí a importância fundamental das corretas análise e síntese da informação e do processamento racional da informação, pois o espírito equivocado, o sentido mal interpretado, pode levar a ações com grande poder destrutivo, nos âmbitos individual e coletivo.

Por isso podemos dizer que a relatividade é filosoficamente equivocada, ao desprezar o sentido subjetivo da realidade, o nível mais sutil dos fenômenos. A linguagem matemática da relatividade exclui o infinito, e também exclui o sentido da vida, impede a criação simbólica, pretendendo uma certeza, uma objetividade impessoal, que não existe na realidade.

Einstein defende uma ciência materialista que não pertence à natureza humana, “de tal maneira que o psíquico como tal seja eliminado do encadeamento causal do ser, de modo que ele, por conseguinte, não se manifeste em parte alguma como um elo independente nas ligações causais” (Albert Einstein. A Teoria da Relatividade Especial e Geral. Trad. Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999, p. 117), pois “conceitos provenientes da esfera psicológica, como dor, meta, finalidade etc” pertencem “ao pensamento pré-científico” (Idem, p. 116).

Como o peixe que não percebe que mora no ambiente aquático, Einstein ignora que a própria ciência está inserida em um mundo humano, que é finalístico, pois a prática científica não possui neutralidade intencional, a atividade humana também na ciência possui objetivos, seja a busca de tecnologia que permite o enriquecimento, a dominação do outro ou da natureza, ou a procura do sentido da vida, do Logos. Portanto, a própria ação científica possui uma meta e produz gravidade, ou antigravidade, dependendo dessa meta.

Também não é possível atingir o objetivo de Einstein para “fazer com que os conceitos fundamentais do pensamento científico desçam do olimpo platônico”, livrando “estes conceitos dos tabus que aderiram a eles, de modo a adquirirmos maior liberdade na formação de conceitos” (Idem, p. 117), na medida em que os conceitos fundamentais de mundo moldam a nossa própria compreensão da realidade, e somente há efetiva liberdade na formação de conceitos novos, decorrentes de novos campos do conhecimento, desde que integrados ao todo do saber científico. A alteração dos conceitos fundamentais levaria ao caos social e comunicacional, diante da impossibilidade de se conseguir comunicação sem uma base comum conceitual. Quando o conceito é formado, ele define a própria coisa conceituada, dentro de um contexto e visão de mundo, e sua alteração somente pode ocorrer se a nova realidade, decorrente da nova concepção, possuir coerência lógica, ou Logos, incluindo todos os conceitos existentes. E nem Einstein, e nem mesmo qualquer outro materialista, conseguiu a coerência de mundo que a visão espiritual e religiosa nos fornece. A hipótese de criar bilhões de outros universos (a teoria do multiverso), para descartar o Desenho Divino, de modo que o nosso universo não seja único e tenha coerência, não é razoável, além de ferir a navalha de Ockham.

Existe, outrossim, um Logos, desde o princípio, com sua coerência linguística e de visão de mundo que possibilita a formação de nossos conceitos. O Logos é a Ordem transcendente, que também é imanente, pois presente em todas as coisas, e por isso permite a relação entre os eventos no espaço-tempo, sob a mesma lógica, como na relatividade. E o próprio Einstein, sabendo ou não, trabalhou dentro do Logos, pois somente assim pôde alcançar seus princípios relativísticos, que são de aplicação limitada.

E em relação à limitação da relatividade, é possível dizer que a simultaneidade do agora, que é contestada pela teoria de Einstein, pode ser transferida para a simultaneidade do Logos, do Espírito, que transcende o materialismo, pois o Logos é pressuposto e condição da própria formação da relatividade. O campo do Logos é premissa de inteligibilidade, do qual não se pode sair sem cair na irracionalidade.

O Espírito infinito, o Logos infinito, é pressuposto para a existência da matéria finita, como estado particular daquele campo. A própria ideia de Big Bang, decorrente da relatividade, aponta para a singularidade, para o infinito.

No campo jurídico, do mesmo modo, o Direito, como Logos jurídico, é pressuposto do Estado, este visto como um momento finito, um estado da consciência jurídica, um momento do movimento simbólico coletivo, um estado da informação coletivamente compartilhada.

E por isso Jesus Cristo, em sua dupla natureza, humana e divina, que também se aplica a nós, manifesta no mundo visível o Reino de Deus, comporta-se em corpo segundo o Logos, com a informação quântica máxima, perfeita, conforme a Unidade do universo físico e espiritual, sendo esse o Caminho, o Método, de se chegar a Deus, para que a nossa experiência seja plenamente humana e plenamente divina, para que a Vida tenha sentido, pois o correto conhecimento de Deus, com o respectivo exercício prático da Teologia, torna real e material o Reino de Deus, a expressão visível da Totalidade cósmica, o Logos, atualmente invisível, mas que em algum momento chega à consciência humana, ainda que para isso, em alguns casos, o corpo físico tenha que ser transcendido…

Direito quântico

Deus está no controle – a natureza é normativa: o novo Direito natural.

A realidade é ordenada, possui ordem, mas parte dos fatos da natureza é aparente, e parte é oculta, ou inconsciente. Nós percebemos a parte aparente com os sentidos externos, e a parte oculta com a razão, com o Espírito, o sentido interno.

Segundo a física quântica, a natureza tem comportamento dual, tem, ao mesmo tempo, características corpuscular e ondulatória, uma conversível na outra segundo a fórmula E=mc². Como o corpúsculo ou matéria está em constante movimento, é energia, sua realidade é dependente do que se chama função de onda, que define a probabilidade de a partícula ou concentração de energia estar em determinado local, pelo que há dependência da matéria em relação à energia de vibração, ou onda.

Nós, e tudo que fazemos, somos integrantes da natureza, e assim não faz sentido falar em ciências da natureza e ciências do espírito, como concluiu a física quântica, havendo correlação ou interação entre mente e matéria, ao contrário do que sustentava o entendimento cartesiano do mundo, pois o Universo é um Todo Orgânico, e Vivo, por isso pode-se falar em orgânica quântica.

Segundo a ciência moderna, portanto, as coisas são, ao mesmo tempo, partículas e ondas. Outra forma de entender é dizer que as partículas são concentrações de ondas, são campos concentrados. A realidade é ondulatória e se manifesta provisoriamente, no tempo de Planck, em partículas que aparecem sem controle material humano.

Após o Big Bang, antes de formação das partículas já havia a energia, já havia o Espírito, pelo que a conclusão mais óbvia do estudo da cosmologia é no sentido de que a consciência antecede a matéria, ou seja, a consciência cria a matéria, e não o contrário. No princípio era o Logos, a energia Inteligente, e depois foi criada a matéria.

Além disso, também segundo a física, observar a partícula implica não ter controle sobre ela, pois a medição leva à perda de informações, seja quanto à velocidade, seja quanto à posição, o que conduz ao chamado princípio da incerteza.

Desse modo, o positivismo científico encerra sua filosofia com o princípio da incerteza, e essa conclusão tem repercussão no Direito, caso este tenha alguma pretensão científica, pelo que não é possível apenas descrever a natureza, pois como o homem está nela presente, a medição altera a própria realidade. A medição é dependente da teoria, da régua ou modelo de mundo que fundamenta a mesma medição, modelo que contém ou pressupõe uma determinada ordem ou organização das coisas, pelo que toda descrição é ordenada, toda descrição contém em si uma prescrição, o que significa que o Ser é o que Deve Ser. Portanto, seja qual for a forma pela qual descrevemos a natureza vemos uma natureza ordenada, uma realidade normativa, segundo o modo pelo qual for realizada a medição.

No âmbito jurídico, o modelo de mundo é moral, sendo a moral a régua usada para a formação normativa, que serve de parâmetro para a criação e para o julgamento jurídico, definindo os comportamentos como corretos ou incorretos, certos ou errados, lícitos ou ilícitos, pecadores ou santos, justos ou injustos. A moral é o Espírito do Direito, e a Lei é apenas a forma oficial da expressão moral, Direito é moral concentrada, é o máximo Ético.

Como nós fazemos parte da natureza, pois nosso corpo externo (ou interno) é formado de partículas, do mesmo modo como ocorre na física quântica, quando estamos aqui, quando fazemos a medição, perdemos parte da informação para onde estamos indo (horizonte: velocidade ou movimento), e quando definimos para onde estamos indo (horizonte ou direção), não sabemos exatamente onde estamos; ou seja, ou olhamos para o chão, ou para o horizonte, e isso fica evidente no atual mundo da velocidade, da instantaneidade. Desse modo, estamos aqui e lá (horizonte), além daqui, ao mesmo tempo, e quando nos percebemos aqui perdemos parte significativa das informações que não estão aqui, o horizonte. Estamos ao mesmo tempo no corpo (aqui) e no Espírito (horizonte), e quando percebemos apenas as sensações do corpo ignoramos informações espirituais relevantes, como a origem e o sentido do movimento, o que significa que o apego ao corpo leva à ignorância, assim como é fruto de ignorância o total desprezo do corpo. Quando olhamos as coisas, estamos aqui, que também é lá, além daqui. E como o aqui sempre desaparece, o fundamento daqui é lá, que se manifesta aqui.

Portanto, fisicamente, cada pessoa medirá a natureza de uma maneira individual e particular, dependendo do seu ponto de vista, da sua perspectiva, mas não poderá ficar presa à sua posição pessoal, aqui, sob pena de alienação da realidade, sob pena de perda do sentido ou horizonte da vida, além daqui.

Desse modo, a correta medição física das coisas é humanamente impossível por meios materiais, em razão do princípio da incerteza, pelo que devemos olhar a matéria a partir da ideia, do Espírito, e o Espírito a partir da matéria, simultaneamente, sendo a ênfase dada ao Espírito, à função de onda que rege a matéria. A matéria nos dá identidade provisória, externa aos sentidos, mas é o Espírito que nos dá Unidade interna, Razão, ou Logos, que é eterna.

Quanto ao Direito, podemos dizer que é moral posta, é sentimento de movimento humano colocado em palavras, em normas. Como o corpo é uma forma, o Direito é uma forma. A Lei é uma partícula moral. E como há forma ideal, de máxima perfeição estética e funcional, também há Direito ideal, com máxima perfeição estética e funcional, para realização da Justiça, que é sempre Social, como já dizia Aristóteles, pois a justiça é a virtude para o outro. Portanto, como na fórmula Radbruch, direito imoral, ou injusto, Direito não é. O Direito atual, fundado na dignidade humana, com o Espírito cristão, a interpretação cristã, permite realizar o Reino de Deus, a Justiça.

Assim como a partícula vista é a onda não vista, o Direito visto é a moral não vista, e a prisão às palavras, à letra da lei, ao formalismo vazio, leva à perda de seu sentido, de sua substância. Do mesmo modo como a partícula deixará de estar, voltando a onda, o mesmo ocorre com o direito, que deixará de estar, voltando a moral, a razão moral. O que está presente no Direito é o que não está presente, isto é, a moral, que é o fundamento do Direito, enquanto Logos, Unidade de sentido da Vida. É o Espírito que julga o corpo, e não o contrário. “Assim a Lei se tornou nosso pedagogo até Cristo” (Gl 3, 24), pois a função da Lei é nos mostrar Cristo, o Logos ou Moral Universal, a Vida, “pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28), como comprovou a orgânica quântica, e “se vos deixais guiar pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl 5, 18).

Mas, como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam”. “O homem psíquico não aceita o que vem do Espírito de Deus. É loucura para ele; não pode compreender, pois isso deve ser julgado espiritualmente. O homem espiritual, ao contrário, julga a respeito de tudo e por ninguém é julgado” (1Co 2, 9; 14-15).

O Espírito é Um Só, uma Razão, um Logos, que permite a compreensão. Portanto, na hermenêutica, a fusão de horizontes antecede a interpretação, ainda que a fusão somente seja percebida a posteriori. Primeiro é definido o horizonte comum, o paradigma da realidade, o potencial quântico, o modelo moral de mundo, o Logos, para, então, ser definida a posição dos interlocutores. Sem a prévia fusão de horizontes não há comunicação, e esse é um dos motivos pelos quais é rara a efetiva comunicação no mundo contemporâneo, na medida em que paradigmas inconciliáveis não permitem que seus horizontes sejam fundidos. Ondas com frequências diversas têm maior dificuldade para interagir.

Sem definição do que é universal, da razão, do Logos, não é possível comunicação, pois haverá apenas modos ou razões particulares independentes de uma ordem comum, alheias a uma razão partilhável.

Portanto, pode-se dizer que estava com razão Protágoras, dizendo que “o homem é a medida de todas as coisas”. Primeiro define-se quem é o homem, e depois ocorre a medição. E existem dois paradigmas inconciliáveis sobre a natureza humana, para o cristianismo, o que foi comprovado pela física quântica, o homem é Deus, filho de Deus, é um campo eterno que tem origem cognoscível na Criação, no chamado Big Bang, e se estende pela eternidade, estando manifestado neste corpo provisório, nesta partícula momentânea; enquanto, de outro lado, para o materialismo, que não mais tem sustentação física ou filosófica, o homem seria apenas a partícula.

E esses argumentos aplicados ao mundo jurídico levam à prioridade da Ética. Primeiro ocorre a decisão moral, depois a fundamentação jurídica. Primeiro a origem e o sentido geral do movimento, depois a trajetória particular dos envolvidos, dentro do quadro traçado.

No processo jurídico ou judicial, o autor define o movimento em sua visão de mundo, com uma função de onda jurídica, enquanto o réu traz a sua função de onda ou narrativa potencial da realidade com a defesa. O julgamento colapsa provisoriamente a função de onda, ou seja, estabelece as posições das partes segundo a narrativa do juiz, segundo o modelo normativo compreendido por este, o paradigma moral oficial do mundo. O julgamento realizado, como a observação na física quântica, produz efeitos retroativos até o momento inicial narrado pelas partes do processo, o julgamento dita o caminho pretérito da partícula até aquele momento. O julgamento somente será definitivo, com o colapso da função de onda, se estiver de acordo com o potencial quântico, a realidade do holomovimento, que transcende a capacidade material de percepção, pois ligado à energia infinita do cosmos, ao Espírito Absoluto, a Deus.

Destarte, como a Natureza é em si ordenada, caso contrário não haveria ciência, existe uma realidade moral, e esta prevalecerá, de um jeito ou de outro, impondo-se como paradigma definitivo, ainda que em tempo que transcende a nossa atual percepção corporal momentânea.

A pedra rejeitada pelo construtor é a pedra fundamental. A ciência rejeitou o espírito, o oculto, que é fundamental. A psicologia rejeitou o inconsciente coletivo. A física rejeitou a onda piloto e a realidade. O positivismo jurídico rejeitou a moral e a religião, que são fundamentais.

Outrossim, o novo paradigma científico é necessariamente religioso.

O juiz julga moralmente, isto é, o que está presente no julgamento é o que está ausente, o que está em jogo não é a forma em si, mas o seu conteúdo, a moral. O argumento jurídico é expressão de um julgamento moral, pois o Direito é moral posta, o Direito é moral concentrada.

Enquanto a humanidade insistir em resistir à Ordem da Natureza, em resistir aos mandamentos divinos, em continuar em seu caminho tortuoso, não entenderá a Realidade em sua Perfeição, sua Totalidade, sua Retidão e sua Justiça, a Majestade de Deus.

Eu vou proclamar o nome de Iahweh; quanto a vós, engrandecei o nosso Deus! Ele é a Rocha, e sua obra é perfeita, pois toda a sua conduta é o Direito. É Deus verdadeiro e sem injustiça, ele é a Justiça, e a Retidão” (Dt 32, 3-4).

Portanto, o importante é controlar a moral do juiz, a moral do Direito, para evitar que fiquemos como os bons alemães durante o nazismo, porque sempre poderá ocorrer a correção da moral do juiz pela da própria Realidade, que sempre se impõe, e quem respeitou a apenas a forma da lei durante o nazismo foi considerado violador da Lei. O Ser é o que Deve Ser.

Na física, a partícula é materialmente incontrolável, sujeitando-se à incerteza. O Direito, porque relativo a fatos em mutação, também é incontrolável. Assim como o foco está na função de onda, o foco jurídico está na moral, transcendente e imanente à norma. Por isso, como não há propriamente segurança jurídica, pode haver apenas confiança no juiz, pelo que o importante é o caráter moral do julgador e suas qualidades pessoais, pois dão segurança ao jurisdicionado, ao saber que o juiz estará de boa-fé, buscando a boa fé, mesmo se errar. Nesse ponto, a qualidade do mensageiro pode alterar a qualidade da mensagem.

O que guia a partícula, como sustenta David Bohm, é a onda piloto, o potencial quântico; o que controla a matéria é o Espírito, a energia; e o que conduz a humanidade, enquanto ser coletivo, é o Espírito Santo. Do mesmo modo, o que guia o Direito é a Moral, a Justiça potencial, o Logos, o Cristo.

A ideia da onda piloto, contrária à interpretação tradicional de Copenhague, pode ser entendida no seguinte vídeo, que dá uma boa mostra sobre o funcionamento da física quântica segundo David Bohm, que adotou a linha inicial adotada por Louis de Broglie https://www.youtube.com/watch?v=WIyTZDHuarQ. E todas as ondas individuais têm a mesma origem, o Logos, ou Deus, que mantém da unidade cósmica, pelo Espírito Santo.

A parte aparente do Direito é a Lei, e a parte oculta seu Espírito, sua Razão, e é esta que guia a interpretação jurídica.

O comportamento humano também possui seu movimento externo que é aparente e uma causa interna, de natureza espiritual, o verdadeiro sentido da ação para a pessoa, que pode ser de uma racionalidade que mantenha o equilíbrio entre a pessoa e os demais, pode ser Ético, de boa-fé; ou egoísta ou diabólica, de má-fé. Nesse ponto, David Bohm sustenta a existência de variáveis ocultas não locais na física, cujo conhecimento permitiria o restabelecimento do determinismo, mas esse conhecimento, por ora, pertence apenas a Deus, que conhece o coração dos homens, e por isso também sabe as variáveis ocultas do Direito, a boa-fé e a má-fé. Assim, sendo possível identificar a má-fé e a boa-fé das partes no processo, o julgamento pode ser correto.

Portanto, toda descrição da natureza é prescritiva, não há descrição neutra, pelo que a posição será parcial, segundo a parte; ou holística, global, conforme o Todo. Toda ação é moral, e tudo que fazemos repercute por todo o cosmos, criando ondas, inclusive gravitacionais, que se propagam ao infinito. Assim, a visão pode ser a partir da pessoa, em que a ordem é limitada, parcial e egoísta, ou a partir da totalidade cósmica, em que a ordem é do Todo, do Logos, incluindo a pessoa.

Como tudo está interligado na natureza, é possível concluir que a natureza possui uma ordem altruísta, que permitiu nossa Vida, ainda que pontualmente possam existir ordens egoístas parciais. Mas pela análise da História do Cosmos e da própria evolução da Vida, deve-se entender que a regra determinante, que prevalece, é a da manutenção da ordem total, em detrimento de ordens individuais.

As ordens individuais vão sendo substituídas por ordens mais amplas, de unidades menores são formadas unidades maiores, com qualidades novas, não presentes nas unidades menores individualmente, em saltos quânticos orgânicos.

Por essas razões, como há ordem na natureza, cabe ao Direito humano estabelecer a ordem social em conformidade com a ordem natural, que possui uma unidade intrínseca, uma Ordem Implicada.

A unidade da natureza leva à unidade do comportamento humano em comunidade, como nos mostrou Jesus Cristo, o Logos, pois o Ser é o que Deve Ser.

O desrespeito à unidade humana acarreta uma compensação inconsciente, pois o oculto, o inconsciente, existe e deve ser integrado à vida. Segundo Carl Jung, o que é recusado por nosso racionalismo unilateral, e material, “essa parcela perdida da natureza se vingará em nós retornando sob forma distorcida ou deformada, por exemplo como a epidemia do tango, como futurismo, dadaísmo e tudo o mais que se pode rotular como insensatez e mau gosto” (In Civilização em transição. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 30). O terrorismo é uma dessas expressões do inconsciente humano, decorrente da unilateralidade ocidental negando espírito e a unidade planetária, pelo que é preciso que a consciência espiritual se reconcilie com o corpo total da humanidade. “Se ainda estivermos imbuídos da antiga concepção de oposição entre espírito e matéria, isto significa um estado de divisão e de intolerável contradição. Mas se, ao contrário, formos capazes de reconciliar-nos com o mistério de que o espírito é a vida do corpo, vista de dentro, e o corpo é a revelação exterior da vida do espírito, se pudermos compreender que formam uma unidade e não uma dualidade, também compreenderemos que a tentativa de ultrapassar o atual grau de consciência, através do inconsciente, leva ao corpo e, inversamente, que o reconhecimento do corpo não tolera uma filosofia que o negue em benefício de um puro espírito” (Idem, p. 93).

Essa citação vale também para corroborar a tese de que o Reino de Deus é deste mundo, e não apenas espiritual, “o Reino de Deus está no meio de vós”, pelo que haverá uma era messiânica.

No plano atual da humanidade, em que as ligações físicas entre os mais distantes pontos do planeta são cada vez mais rápidas, a unidade planetária que está emergindo imporá a necessidade de respeito absoluto à dignidade humana, de todos, com o reconhecimento da racionalidade absoluta de Jesus Cristo, como Espírito Absoluto, como Logos feito carne, mostrando o Caminho, o Método de se chegar a Deus, que sempre esteve no controle de Tudo.

No Direito e na Vida, Alguém sempre decide por último, e esse Alguém é sempre Deus, o Logos, a única Realidade.

O tunelamento quântico (teletransporte) do apóstolo Filipe

A natureza científica do cristianismo autêntico é o tema principal de meus trabalhos, ciência como unidade ordenada do conhecimento. Unidade porque o conhecimento verdadeiro é integralmente coerente em si. A ciência inclui todo e qualquer conhecimento, todo e qualquer evento que possa ocorrer, inclusive os chamados milagres. Há Um só Deus, como nos diz o Monoteísmo, e há uma só ciência, estando esta ligada Àquele. A Ciência inclui o Direito, a ordem humana justa segundo a vontade de Deus, a Ordem Cósmica; a Biologia, a Vida plena; a Física, a natureza e o movimento das coisas.

Milagre é aquilo que a ciência não pode explicar, até que o fenômeno seja entendido, ao menos parcialmente, passando a ser chamado de evento físico descrito pela ciência.

A abordagem deste artigo é sobre um episódio dessa natureza, que é pouco divulgado no meio cristão, mas que está devidamente narrado nos Atos dos Apóstolos, o teletransporte, como um tunelamento quântico, do apóstolo Filipe.

Filipe batiza um eunuco — O Anjo do Senhor disse a Filipe: ‘Levanta-te e vai, por volta do meio-dia, pela estrada que desce de Jerusalém a Gaza. A estrada está deserta’. Ele se levantou e partiu. Ora, um etíope, eunuco e alto funcionário de Candace, rainha da Etiópia, que era superintendente de todo o seu tesouro, viera a Jerusalém para adorar e ia voltando. Sentado na sua carruagem, estava lendo o profeta Isaías. Disse então o Espírito a Filipe: ‘Adianta-te e aproxima-te da carruagem’. Filipe correu e ouviu que o eunuco lia o profeta Isaías. Então perguntou-lhe: ‘Entendes o que lês?’ ‘Como o poderia, disse ele, se ninguém me explicar?’ Convidou então Filipe a subir e sentar-se com ele. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era a seguinte: Como ovelha foi levado ao matadouro; e como cordeiro, mudo ante aquele que o tosquia, assim ele não abre a boca. Na sua humilhação foi-lhe negada a justiça. E a sua geração, quem é que a narrará? Porque a sua vida foi eliminada da terra. Dirigindo-se a Filipe, disse o eunuco: ‘Eu te pergunto, de quem diz isto o profeta? De si mesmo ou de outro?’ Abrindo então a boca, e partindo deste trecho da Escritura, Filipe anunciou-lhe a Boa Nova de Jesus. Prosseguindo pelo caminho, chegaram aonde havia água. Disse então o eunuco: ‘Eis aqui a água. Que impede que eu seja batizado?’ E mandou parar a carruagem. Desceram ambos à água, Filipe e o eunuco. E Filipe o batizou. Quando subiram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe, e o eunuco não mais o viu. Mas prosseguiu na sua jornada com alegria. Quanto a Filipe, encontrou-se em Azoto. E, passando adiante, anunciava a Boa Nova em todas as cidades que atravessava, até que chegou a Cesareia” (At 8, 26-40).

Nessa narrativa, Filipe se deixa levar pelo Espírito Santo, prega ao eunuco, sendo então teletransportado para Azoto. Esse milagre hoje pode ser chamado de tunelamento quântico, ou passagem por uma ponte de Einsten-Rosen, que é o nome técnico de buraco de minhoca, que leva de um ponto a outro do espaço-tempo.

Segundo a Wikipedia “Tunelamento quântico (ou efeito túnel) é um fenômeno da mecânica quântica no qual partículas podem transpor um estado de energia classicamente proibido. Isto é, uma partícula pode escapar de regiões cercadas por barreiras potenciais mesmo se sua energia cinética for menor que a energia potencial da barreira”.

O tunelamento quântico é a possibilidade de atravessar uma barreira inicialmente intransponível, ou atravessar uma parede, desaparecendo de um lado e aparecendo do outro. No tunelamento quântico a partícula pega energia emprestada do futuro para conseguir ultrapassar uma barreira. Seria o caso de se jogar uma bola morro acima com a força necessária para ela chegar apenas no meio da montanha, mas de alguma forma ela ganhar energia e aparecer do outro lado do morro.

No caso, como o espaço entre o local onde Filipe estava e aquele em que ele apareceu era uma barreira para o deslocamento, pode-se dizer que ocorreu uma hipótese de tunelamento. Ou pode-se dizer que ele passou por uma ponte de Einsten-Rosen. Ocorreu um teletransporte. Os apóstolos viviam guiados pelo Espírito Santo de Deus, por uma energia superior à deles, por uma vontade coletiva, e não individual, agiam de acordo com o Campo de Deus, e o Espírito arrebatou Filipe, um energia não local alterou uma situação local, produzindo o teletransporte.

Esse evento decorre da dualidade onda-partícula, que afeta todas as coisas, inclusive as pessoas, pois não há um limite na ciência definindo até onde vale a física quântica, ou orgânica quântica, e a partir de quando vale a física clássica, pois tudo está sujeito ao mundo quântico. O Campo de Deus abrange toda a criação, sendo Ele onipresente, o que parece ocorrer também com o campo de Higgs.

O Logos é o emaranhamento, ou entrelaçamento, quântico de tudo o que existe, conecta tudo no universo, mantendo sua ordem, o Cosmos. O Logos é não local, ou seja, está em todo lugar, como é a natureza quântica da realidade.

No YouTube há um canal que costumo acompanhar, Space Time, pelo qual vejo algumas atualizações da física. Em um episódio o apresentador fala do tunelamento quântico, explicando sua situação (do apresentador) como onda, incluindo a possibilidade infinitesimal, mas não nula, de ele também estar naquele mesmo momento na Lua, pela probabilidade de sua função de onda lá estar – conforme link https://www.youtube.com/watch?v=-IfmgyXs7z8, e apesar de ser em inglês, com possibilidade de legenda em inglês, é interessante o vídeo, com cerca de dez minutos, que vale ser assistido.

O ponto importante dessa questão consiste no fato de que o apresentador, que fala apenas a linguagem científica, indica a possibilidade do teletransporte, sob a forma de medição de sua posição, em razão de sua natureza ondulatória, em um lugar como a Lua, com o colapso da sua função de onda nesse outro ponto do espaço; ou seja, a natureza ondulatória da pessoa, fazendo com que ela seja um campo se expandindo pelo espaço, permite a alteração de sua posição por uma nova medição, decorrente da descontinuidade quântica, uma outra observação de sua posição, e sua efetiva localização naquele satélite, por teletransporte.

Portanto, a ciência comprova a possibilidade do teletransporte do apóstolo Filipe, dizendo que o fato descrito na Bíblia como milagre é uma situação possível de acontecer segundo as leis da física. A improbabilidade do evento não indica a sua impossibilidade.

Deve ser salientado que o teletransporte em questão, do apóstolo Filipe, se deu no contexto da pregação evangélica, a descrição do maior evento já ocorrido no Planeta, a manifestação do Espírito de Deus Perfeito por um Homem, Jesus Cristo, sua morte e ressurreição, com a função de resgatar o espírito humano, a humanidade, para Deus, restabelecendo a unidade da criação, unindo novamente a criatura ao Criador, com os reflexos necessários na ordem política e social, estes ainda em curso.

O nível de energia física da atividade de Jesus era extraordinário, inclusive com emanação de como alguma coisa conhecida hoje por radioatividade, que curava o DNA das pessoas, recuperando a perfeição da saúde daqueles curados por Ele. Se nós hoje conseguimos causar câncer com a energia atômica, Deus pode perfeitamente curar males equivalentes por sua Energia, por seu Espírito Santo, com uma radioatividade totalmente benéfica para a saúde humana. Se  uma bomba atômica pode causar destruição instantânea, pode haver uma “bomba” ao contrário, com criação instantânea de vida, e nós temos átomos em nosso corpo, a máquina mais perfeita do universo, com essa capacidade.

Algumas pessoas são comprovadamente mais sensíveis que outras, têm mais habilidades em alguns assuntos, e Jesus Cristo tinha e tem a habilidade de manipular o campo de Higgs, manipular a matéria-prima de que são feitas todas as coisas. Jesus trabalha no nível quântico, no nível da Unidade do Ser, sendo sua ação local e não local ao mesmo tempo, é o maior cientista da história, sendo que Sua atividade, seu movimento, transcende o espaço-tempo, atingindo a eternidade, o infinito, a singularidade cosmológica.

Por isso Deus soberanamente o elevou e lhe conferiu o Nome que está acima de todo o nome, a fim de que ao nome de Jesus todo joelho se dobre nos céus, sobre a terra e sob a terra, e que toda língua proclame que o Senhor é Jesus Cristo para a glória de Deus Pai” (Fl 2, 9-11).

Assim, também a ciência humana haverá de se curvar a Jesus Cristo, o que deverá ser feito pela Física, Teologia, Filosofia, Direito etc; todo conhecimento humano depende de Jesus Cristo para sua unidade e coerência, pois ele é a encarnação do Logos, o Universal, da superforça que existiu no princípio da criação, unindo todas as forças da natureza, sendo a Vida em expressão completa, a plenitude da criação.

E quando isso acontecer estaremos na Parusia, na vigência do Reino de Deus, em que a humanidade trabalhará integrada pela totalidade dos seres humanos, da espécie humana, e não para alguns poucos privilegiados, como ocorre atualmente.

A ciência, a política e todas as formas de conhecimento devem servir a todos, e não a alguns grupos.

Jesus Cristo atingiu o limite da humanidade, a fronteira do Céu, porque foi plenamente humano, racional e fiel à Ciência, e por isso está sentado à direita de Deus, o que significa que tudo na criação se submete a Jesus Cristo, enquanto Logos, Razão Máxima, porque Jesus Cristo é o único que se submeteu perfeitamente a Deus, atingindo assim a perfeição como imagem visível do Deus Único, invisível, sendo a Razão Coletiva encarnada.

As profecias são verdadeiras, são científicas, como o teletransporte citado, o que significa que o Reino de Deus está próximo.

Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e credes no Evangelho” (Mc 1, 15).