No artigo anterior foi abordada a realidade física e energética da moralidade, tendo sido sustentada a existência de uma espécie de curvatura moral positiva no universo, porque “Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom” (Gn 1, 31). Em razão disso, o mundo físico é moralmente bom, havendo harmonia, beleza e bondade no universo criado, na criação, em tudo o que existe, de modo que o universo não é moralmente neutro, reage moralmente aos comportamentos morais, havendo uma ontologia ética.
Contudo, para o cético e para aquele que não seja otimista, pode vir à mente a indagação sobre o motivo de haver tanta maldade no mundo, sobre a aparente vantagem do injusto sobre o justo. Pode-se, ainda, perguntar a causa de, aparentemente, apenas palavras e pensamentos hedonistas terem maior repercussão social, ou a razão pela qual as boas vibrações emitidas se dissiparem pelo cosmos ou, quando isso não ocorre, seu retorno ser fraco ou fugaz, desaparecendo em seguida.
A resposta a essas perguntas exige a devida atenção para correta perspectiva filosófica e teológica decorrente do Cristianismo, que demanda seja o mundo observado segundo a lente da imortalidade, da eternidade, e não por um olhar meramente provisório ou mortal, como já abordado no artigo “O problema do mal” (https://holonomia.com/2017/06/14/o-problema-do-mal/). Esse ponto é essencial, entender que a Providência divina tem como objeto a continuidade existencial de todas as vidas, zelando não apenas por cada um de seus filhos, individualmente, como também de todos, coletivamente, pois Deus “quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2, 4).
Haverá, assim, uma prestação contas de todas as nossas ações, um julgamento, pois em caso contrário haveria crime perfeito, injustiças definitivas, o que afronta o pressuposto segundo o qual “tudo o que foi feito é muito bom”.
“Eu vos digo que de toda palavra inútil, que os homens disserem, darão contas no Dia do Julgamento. Pois por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12, 36-37).
Outrossim, diante da bondade natural do mundo, o que explica a situação atual de descontrole da nossa civilização é o fato de ainda prevalecer o pecado no mundo, notadamente no plano político, como explicado no artigo “Pecado original” (https://holonomia.com/2017/11/09/pecado-original/), na medida em que a ação governamental ainda não se rendeu ao Messias, apesar de o Direito assim o determinar, ainda não se submeteu ao governo inaugurado por Cristo. A transição começada com o reinado de Jesus sobre Israel, que não o aceitou como seu Messias, ainda está em curso, o processo para expurgar o mal que o egoísmo humano propagou no ambiente social está em vias de se acelerar. Seu ensinamento sobre como se deve governar as nações não é exercitado na gestão da coisa pública, da República, mas essa exigência vem tomando a consciência pública cada vez mais.
“Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”(Mc 10, 42-45).
Assim, a injustiça se acumula, e o povo acaba a tolerando por algum tempo, até que irrompa uma revolta, uma revolução, que é uma explosão moral que libera a energia acumulada pelos injustiçados ao longo do tempo, em direção à realização do Reino, o que vale para a Revolução Gloriosa, a Revolução Francesa, a Independência Norte-Americana, a Primavera Árabe, e também explica, até certo ponto, à ascensão de ideias “de direita” no mundo ocidental.
O fato é que estamos na fase final de uma mudança de era, inaugurada por Cristo, que estabeleceu as medidas do Reino de Deus, mas até que Este seja efetivado seus inimigos continuarão a agir com força, enganando a humanidade, e atrapalhando os que querem exercer a bondade. Como consta na Escritura:
“nos últimos dias sobrevirão momentos difíceis. Os homens serão egoístas, gananciosos, jactanciosos, soberbos, blasfemos, rebeldes com os pais, ingratos, iníquos, sem afeto, implacáveis, mentirosos, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres do que de Deus” (2Tm 3, 1-4).
O livro da Revelação explica o domínio político do mal sobre o planeta, dizendo que “a terra inteira seguiu a Besta e adorou o Dragão” (Ap 13, 3-4), e comprovando que a questão narrada é também, e principalmente, política, afirmando a Escritura que lhe foi “dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação” (Ap 13, 7). Desta feita, a Besta tem controle sobre “a terra e seus habitantes” (Ap 13, 12), exercendo ampla influência sobre a economia mundial, “para que ninguém possa comprar ou vender se não tiver a marca” (Ap 13, 17). “Vi então a Besta reunida com os reis da terra e seus exércitos para guerrear contra o Cavaleiro e seu exército” (Ap 19, 19). A ação maldosa irá até seu limite, quando se manifestará a ira de Deus, que significa a reação divina contra a maldade acumulada, que tem represado o desenvolvimento da bondade na humanidade, especialmente pelos maus exemplos dados pelos líderes político-religiosos.
“Sucederá naquele dia, em que Gog vier contra a terra de Israel, — oráculo do Senhor Iahweh — que a minha cólera transbordará. Na minha ira, no meu ciúme, no ardor da minha indignação eu o digo. Com efeito, naquele dia haverá um grande tumulto na terra de Israel” (Ez 38, 18-19).
É de ser ressaltado um ponto importantíssimo, especulado pela tentativa da Física moderna de obter uma teoria unificada de todos os fenômenos, que reside no fato de haver uma interconexão entre todas as realidades, visíveis e invisíveis, que permite a conversão de partículas morais, ou morões, em energia física, que movimenta o mundo material, uma ideia que parece absurda à mente moderna secular, mas que está na raiz do Monoteísmo. Daí porque, em que pese a energia moral ser de baixíssima detecção física, o seu acúmulo pode acarretar uma descarga, uma explosão moral, o que explica o conceito de ira de Deus contido no Antigo Testamento, que a humanidade recente não percebeu no plano coletivo, mas que certamente muitas pessoas já presenciaram em eventos individuais inexplicáveis, quando há uma tensão moral decorrente de algum conflito entre pessoas, ou pela energia especial de algum indivíduo, que acarreta alteração física em equipamentos elétrico e eletrônicos.
Sobre a interferência humana sobre máquinas, questão também não explicada pela atual tecnologia científica:
“Jahn e Dunne pensam que seus achados podem explicar a propensão que alguns indivíduos parecem ter de trazer má sorte à maquinaria e fazer o equipamento funcionar mal. Um desses indivíduos foi o físico Wolfgang Pauli, cujos talentos nesta área são tão lendários que os físicos apelidaram jocosamente de ‘efeito Pauli’. Diz-se que a simples presença de Pauli num laboratório faria um aparelho de vidro explodir, ou um sensível aparelho de medição quebrar ao meio” (Michel Talbot. O universo holográfico. Trad. Maria de Fátima S. M. Marques. São Paulo: Editora Best Seller, p. 158)
Se uma pessoa tem a capacidade de causar tais efeitos físicos, no plano coletivo, envolvendo preservação da própria humanidade, e seu destino, a situação será mais dramática:
“Castigá-lo-ei com a peste e o sangue; farei chover uma chuva torrencial, saraiva, fogo e enxofre sobre ele e as suas tropas e os muitos povos que vierem com ele. Eu me engrandecerei, me santificarei e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações e elas saberão que eu sou Iahweh” (Ez 38, 22-23).
Existem vários fenômenos como esse, narrados da Bíblia, associados ao Dia do Senhor, que representa o momento da virada, quando não haverá alternativa à humanidade senão aceitar a Verdade do Evangelho, e seguir os mandamentos de Deus, conforme o exemplo, método ou Caminho, de Jesus, o Cristo Senhor, o Messias, o Mediador entre Deus e a humanidade.
Tal evento será definitivo para os crentes, devastador para os céticos, e somente os irremediavelmente céticos, e de coração duro, não aceitarão a realidade espiritual por trás desse fenômeno, que será taxado como uma grandíssima coincidência.
A partir de então, a despeito da posição dos poucos que continuarão em sua persistência ateia, a bondade do mundo não mais será contida, os bons florescerão, pelo Espírito, no que é chamado de era messiânica, no Reinado de Cristo, quando será visível que “tudo o que foi feito é muito bom”, e a própria natureza contribuirá para o florescimento da vida humana.
“A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade, o cinto dos seus rins. Então o lobo morará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos e um menino pequeno os guiará. A vaca e o urso pastarão juntos, juntas se deitarão as suas crias. O leão se alimentará de forragem como o boi. A criança de peito poderá brincar junto à cova da áspide, a criança pequena porá a mão na cova da víbora. Ninguém fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte, porque a terra ficará cheia do conhecimento de Iahweh, como as águas enchem o mar” (Is 11, 5-9).
Prezado Holonomia
Bonito texto. Deus te ouça !
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