Na véspera do “dia da consciência negra”, um cidadão brasileiro foi morto por seguranças de uma rede multinacional de supermercados, e tal foi a deixa para a mídia começar a falar de racismo, colorindo os fatos em uma perspectiva distorcida da realidade, focando apenas no fato de a última vítima ser um homem negro. Em razão disso, o “dia da consciência negra” teve como manchetes de todos os jornais a morte brutal do cidadão, associando o fato à cor de sua pele.
O presente artigo teria como nome “inconsciência negra”, pela manipulação ocorrida com o trágico evento, mas a expressão “inconsciência incolor” acaba sendo mais adequada, por ser mais ampla.
Os fatos se deram por inconsciência de todos os envolvidos, valendo dizer que a vítima final e fatal foi, antes, agressora em dois momentos, em relação à funcionária que se sentiu intimidada e chamou a segurança do estabelecimento, equipe que, em um primeiro momento, em tese, pelas informações iniciais, agiu corretamente ao pedir ao consumidor inconveniente que se retirasse do local, não se sabendo ainda o teor da conversa havida no caminho da saída da loja, momento em que a vítima final foi mais uma vez a agressora, que socou o segurança, desencadeando a reação descontrolada e imoderada que levou ao lamentável e injustificável óbito daquele que, é imprescindível seja reconhecido, havia sido, anteriormente, duas vezes agressor.
Por isso, falar de racismo na situação é ignorar a realidade dos eventos, dando destaque a um aspecto que, muitíssimo provavelmente, foi irrelevante para o desenrolar dos acontecimentos.
Importante destacar que é negra a primeira vítima do ocorrido, a funcionária que se afastou porque intimidada pelo comportamento da vítima fatal, também uma pessoa negra, com histórico pessoal e policial de violência e ameaça, de modo que a atribuição de racismo ao conjunto da situação soa absurda.
Discutir o tema racial é, do ponto de vista da doutrina Cristã, uma não questão, porque a cor da pele não é relevante para o julgamento das pessoas e sua salvação, e se tal assunto é debatido como racismo em uma sociedade que se declara Cristã de forma absolutamente majoritária, há algo muito errado com o debate, de um lado, e/ou com a concepção dominante de Cristianismo, de outro.
Vale salientar que no mundo judaico de Jesus, do oriente médio, próximo da África, a questão racial não era minimamente significativa, sendo a Etiópia uma região com grande número de judeus desde antes de Cristo.
O primeiro e maior teólogo Cristão, o apóstolo Paulo já dizia:
“Pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só Espírito” (1 Cor 12, 13).
“Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28).
Portanto, levar a discussão para a cor da pele, ou qualquer outro ponto que não diga respeito à realidade espiritual, à inteligência, significa, na verdade, manipular os fatos com finalidade político-ideológica, afastando a discussão do único plano em que o problema pode ser definitivamente solucionado, o espiritual.
Isso porque a divisão em cores das pessoas é irrelevante, o que importa é a distinção espiritual, o espírito refletido em ações, boas ou más. Focar na cor da pele, por mais que esse ponto tenha recebido alguma relevância histórica, é retomar a discussão de uma perspectiva já equivocada, levando o tema para as questões visíveis e aparentes, quando os reais problemas são invisíveis e ocultos.
Nada disso teria ocorrido, em primeiro lugar, se a funcionária tivesse sido respeitada.
Em segundo lugar, se o cidadão tivesse consciência ele teria reconhecido o incômodo que causou, desculpando-se, e humildemente esperaria sua mulher do lado de fora, e não agredido o funcionário que representava a autoridade local, não sendo possível, por ora, saber se houve alguma ofensa verbal que tenha levado a vítima fatal a atacar fisicamente o segurança da loja, e mesmo que ofensa tivesse havido o soco seria reação desproporcional. Em todo caso, tal agressão, por si só, caso evitada por autocontenção do cidadão, também teria impedido a sequência dos acontecimentos.
Finalmente, e somente após as referidas duas agressões, houve o comportamento bestial dos seguranças, que agiram sem a mínima técnica, que se mostrava necessária para conter as agressões iniciadas por aquele que, ao final, veio a falecer, agindo referidos ficais de modo a demonstrar seu total despreparo técnico e psicológico para enfrentar situações desse jaez.
Portanto, o caso é de inconsciência negra contra a mulher negra e primeira vítima, seguida de inconsciência negra contra o funcionário branco e segunda vítima e, então, inconsciência branca contra o, até então, agressor negro, que se tornou, final e lastimavelmente, a terceira vítima, negra e fatal.
Foi o suficiente para os manipuladores dos fatos fazerem o recorte da parte que lhes interessava e destacar o momento mais grotesco e brutal da situação, que não foi o único, e descontextualizar o evento em sua irracionalidade que começou com uma postura aparentemente desrespeitosa da derradeira vítima e terminou com sua lamentável morte.
Por isso, discutir o ocorrido como racismo é manifestar a inconsciência incolor que domina a sociedade, porque o que realmente importa é o mau espírito que moveu cada um dos agressores, uma vez ser evidente que a cor da pele não fez a menor diferença na sequência dos acontecimentos, dado que a única pessoa que foi exclusivamente vítima em toda a situação foi a mulher negra agredida psicologicamente pelo homem negro que veio a morrer no final da referida sequência de erros, pelo que titular tudo como racismo é uma grande falácia, desviando o problema de seu foco, a questão espiritual e de falta de educação generalizada da população brasileira, cada vez menos instruída em termos qualitativos, e mais dirigida ao materialismo, egoísmo e consumismo.
A vida voltada exclusivamente para o consumo e os prazeres da carne tem obnubilado a consciência, fazendo prevalecer uma inconsciência incolor que tem causado males nefastos à população, no que se inclui a manipulação de uma tragédia com fins ideológicos, ligados à carne, com a falsa roupagem espiritual/intelectual/social, e também politicamente, de um modo geral, para os dois espectros da política, com prejuízo para a coerência com as declaradas crenças Cristãs.
“Portanto, irmãos, somos devedores não à carne para vivermos segundo a carne. Pois se viverdes segundo a carne, morrereis, mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis” (Rm 8, 12-13).
“Portanto, deixemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz. Como de dia, andemos decentemente; não em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes. Mas vesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis satisfazer os desejos da carne” (Rm 13, 13-14).
A vida Cristã é o assunto científico da maior importância, é o principal tema do conhecimento humano, da civilização, da mais avançada Ciência Física e Social, e enquanto os Cristãos e as autoridades Cristãs não assumirem suas responsabilidades espirituais, não apenas nas missas e cultos, mas, principalmente, na vida cotidiana, na atividade profissional e acadêmica, absurdos como esse continuarão a ocorrer, enquanto a população persistirá sendo manipulada pela mídia, mantendo o povo em sua ignorância e inconsciência incolor.
Tivesse prevalecido o ensinamento do apóstolo, que indiretamente é o do próprio Cristo, mais uma vida e tantas outras vidas teriam sido poupadas.
Que a Verdade seja restabelecida, para que João Alberto possa descansar em Paz!